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Críticas, Em Sala 0

Bonsái (2011) de Cristián Jiménez

De Carlos Natálio · Em 30 de Agosto, 2012

Se não há temas sagrados no cinema, há coisas que nos dizem quando podemos estar a entrar em territórios movediços. Um bom exemplo é usar À la recherche du temps perdu, a obra que esgotou toda a vida de Proust, como bússola criativa de uma segunda longa-metragem e isto quando se tem apenas 35 anos. Esse parece ser o pecadilho mais visível de Bonsái (Bonsai, 2011) do chileno Cristián Jiménez. Contudo, nem sequer há a intenção de adaptar Proust (nesta história ninguém leu Proust, toda a gente finge que o leu).

Proust é apenas um entre vários autores que fazem parte de um movimento de charme da literatura que perpassa todo o ambiente do filme que é sim uma adaptação de um romance curto de Alejandro Zambra. Nesse mundo de muitos livros e algum sexo (quase todos filmados com a mesma dose de horizontalidade) há um jovem aspirante a escritor, Julio (com a incredulidade Antoine Doinel a subir-lhe pelos poros), que, por pudor ou adolescência tardia, esconde à vizinha da frente com quem partilha o leito que afinal não conseguiu um trabalho de transcrição de um romance de um escritor famoso. O que resolve fazer é tudo menos óbvio, começa a escrever um romance à mão para depois o transcrever e assim fingir que conseguiu o trabalho. É assim, nos momentos de transcrição do romance, que vamos tendo acesso ao passado retrouvé e ao amor que viveu uns anos antes quando ainda adormecia na praia ao sol e ficava com a marca dos livros no peito (uma gracinha kaurismakiana do filme), ou quando ia para a cama com miúdas com a t-shirt dos Ramones.

Os livros, o sexo, os concertos, a poesia com base em manuais de mecânica, o bonsai como metáfora da escrita (e do amor) são tudo sinais de uma certa soberba. Mas há uma tentativa airosa de contornar o problema: o que fazer quando as personagens são snobs e afectadas e só fazem coisas interessantes e profundas? “Ler na cama? É tão snob”, comenta a companheira de Julio. E o jovem escritor responde a isso, como quem está a comentar o seu passado: “mas… trata-se de uma busca juvenil”. Há portanto uma certa consciência adulta sobre o momento em que se está a ser jovem, como se o filme quisesse produzir dois discursos: o oficial e o naïf. A questão é que ninguém deixa de ser jovem apenas por ter consciência de que é. E, por isso, nem a assunção final do auto-biográfico (“Eu sou o tema desta obra”), nem as escusas airosas desculpam o bla bla bla e os planos das plantinhas.

Assim, o lado esquemático, da busca de uma identidade, denuncia-se naturalmente ao longo de Bonsái através dos pequenos detalhes. É que no vai-vém do “8 anos antes, 8 anos depois” não há grande diferença entre o escritor adulto e o jovem estudante, entre o passado reencontrado e o presente prostrado. Falta ânimo a estas personagens além da sugestão dos seus movimentos e atitudes. Como se sabe, desde Karina e Belmondo que ler pedaços de romances na cama é coisa séria. Seja sinal de libertação ou ritual pré-coito, não é algo que se faça hoje politicamente em vão. E por isso mesmo, ainda que se trate de uma marca de juventude, tudo parece algo requentando.

Neste percurso, que toma o charme juvenil como coisa que não serve para nada, fica-nos a ideia veiculada durante o filme de uma campanha que quer reivindicar o fracasso. Mas essa ideia que ajuda a colocar Bonsái em constante perspectiva, num compartimento cinzento que seria sempre sério e sempre ridículo a todo o tempo (como uma espécie de cubo de Rubik), esgota-se rapidamente.

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2010'sAki KaurismäkiAnna KarinaCristián JiménezJean-Paul BelmondoMarcel Proust

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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Sem Comentários

  • J. Barreto diz: 30 de Agosto, 2012 em 15:38

    Não vou falar da crítica, não me atrevo. Mas o texto é excelente e as analogias fazem sentido.

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