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À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 7

The Dark Knight Rises (2012) de Christopher Nolan

De João Lameira · Em 5 de Agosto, 2012

The Dark Knight Rises (O Cavaleiro das Trevas Renasce, 2012), aliás, como os outros blockbusters deste “autor”, é como aqueles bolos vistosos, cheios de creme e chantilly, que dão mais olhos do que barriga e, provados, se revelam enjoativos e um tanto indigestos. Não é por acaso que os filmes de Christopher Nolan parecem sempre piores em retrospectiva: a ambição é imensa [e, à primeira, (en)leva o espectador], mas a execução (a vários níveis, quase todos) deixa muito a desejar.

O que dizer de um filme que custou mais de 250 milhões de dólares e tem um argumento paupérrimo (a parte do processo fílmico que implica cabeça, trabalho e algo em que escrever)? O que dizer do “grande realizador do momento” quando este falha algumas regras básicas (essenciais) da feitura de um filme?  Nolan e o seu irmão Jonathan confundem complicação e a demanda pelo efeito com complexidade e inteligência (o cinema dos Nolan é que é pseudo-intelectual, epíteto lançado tantas vezes aos seus críticos). Há demasiados enredos, ideias (que nunca são devidamente desenvolvidas) e personagens (mas há pouco nas personagens: é penoso ver Michael Caine, Matthew Modine, Morgan Freeman, Gary Oldman et al. literalmente aos papéis; só Anne Hathaway é que se safa, verdadeira lufada de ar fresco), que os argumentistas têm enorme dificuldade em ligar, problema que é “resolvido” nas montagens paralelas cada vez mais confusas: as personagens estão aqui e ali e acolá (não se percebe bem nem quando nem porquê) e o dia e a noite relacionam-se de uma forma muito peculiar (para não dizer absolutamente desconexa).

Aliás, toda a gestão dos tempos do filme é trapalhona: meses passam num instante, onze minutos demoram uma eternidade. Claro que no cinema a dilatação e compressão do tempo são ferramentas preciosas, mas tem de se saber usá-las com critério e não com o facilitismo apresentado. Tudo dá impressão de desleixo, que é compensado pela montagem frenética — não existem os tão necessários momentos mortos [não há tempo para respirar, não há tempo para ver — Jim Emerson já o escrevia a propósito de The Dark Knight (O Cavaleiro das Trevas, 2008)]; The Dark Knight Rises tem quase três horas mas fica a ideia de que, para se contar esta(s) história(s) como deve de ser, precisava de mais duas — e pela música constante e ditadora de Hans Zimmer (este filme é tanto de Nolan como de Zimmer, o que não é um elogio). No fim, parece que se viu um trailer gigantesco (e boa parte das imagens é como se tivessem sido filmadas a pensar nele) para um filme que não existe.

Incomoda também que em nenhuma altura de The Dark Knight Rises se sinta ponta de perigo, que todas as oportunidades de criar tensão sejam esbanjadas: só quando alguém se levantava da cadeira no cinema, supõe-se que para ir à casa-de-banho (sempre são três horas), é que este espectador sentia algum frémito, culpa do psicopata assassino do Colorado. Como incomoda que num filme que quer retratar a anarquia, principalmente, depois de se criar aquela Gotham City (Nova Iorque) carpenteriana, os prédios e as ruas continuem imaculados e devidamente enquadrados naquelas vistas aéreas de que Nolan tanto gosta. De resto, não há pinga de sangue (as mortes são quase todas em off, de algumas nem conta delas se dá), nada que possa sujar a “obra-prima”. Não sei se é falta de coragem se uma obsessão compulsiva pela limpeza, mas não há sequer sujidade no espírito do filme, que se pretende negríssimo (por muitas tiradas filosóficas que se atirem) — se em The Dark Knight, havia aquela cena dos ferries (cujo desfecho era demasiadamente frouxo, mais, revelava alguma cobardia de Christopher Nolan), este filme nem chega a ter uma equivalente (e podia, e devia),

No todo, não se pode apontar o dedo a um filme de super-heróis (mesmo um sobre o mais interessante deles todos) por partir de uma lógica de banda-desenhada (embora não case bem com toda a propaganda de que esta é a versão realista de Batman), por ter uma história rocambolesca, descabelada, rebuscada e, finalmente, incompreensível. Mas o que distingue esta salganhada das versões de Joel Schumacher? Só a sisudez e a completa ausência de sentido de humor (one-liners gastos à parte). E a ambição, principalmente.

Porque há, de facto, qualquer coisa em Christopher Nolan, qualquer coisa que arrasta o espectador consigo — ainda que seja muito do seu tempo (temática e esteticamente), a obra de Nolan não é o que se costuma chamar rotineira (o realizador não é apenas mais um) e os filmes, apesar de tudo, não são propriamente enfadonhos (quando mais não seja, são desastres espectaculares). Será a ambição? A megalomania? O gosto pelo excesso? Por muito estimáveis que sejam ou possam ser essas qualidades, não são suficientes para fazer um grande filme, nem sequer um bom filme. Nem para sustentar um “grande realizador”. O benefício da dúvida (que se foi dando ao realizador) dura até certo ponto. Sobretudo, fica a ideia de que os filmes de Christopher Nolan vão envelhecer mal. Já está a acontecer: nem a portentosa interpretação de Heath Ledger consegue escamotear os muitos defeitos (parecidos aos deste filme) de The Dark Knight.

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2010'sChristopher NolanHans ZimmerHeath LedgerJoel SchumacherJonathan Nolan

João Lameira

"Damn your eyes!"

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7 Comentários

  • J. Barreto diz: 6 de Agosto, 2012 em 15:08

    Ao fim e ao cabo e do que percebi o filme é um tremendo flop. Mas vai ser um razoável sucesso de bilheteira. Aposto.

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    • João Lameira diz: 7 de Agosto, 2012 em 17:20

      Será (Já é?) um enorme sucesso de bilheteira, e é um flop em termos artísticos, pelas falhas que aponto no texto. Também se pode dizer, em defesa de Nolan, que falha porque arrisca muito. No entanto, não sei se arrisca no que deve.

      Inicie a sessão para responder
  • margarida diz: 8 de Agosto, 2012 em 12:20

    talvez saia um directors cut e a parte do “No fim, parece que se viu um trailer gigantesco (e boa parte das imagens é como se tivessem sido filmadas a pensar nele) para um filme que não existe.” seja resolvida. porque também fiquei com essa sensação, mas especialmente no início do filme (os primeiros 45 min?)

    Inicie a sessão para responder
    • João Lameira diz: 9 de Agosto, 2012 em 16:19

      É possível que um director’s cut resolva alguns dos problemas mas não todos. Parece-me que eles vêm principalmente do argumento, que não está bem burilado, que não sabe jogar com todos os elementos que tem. O Christopher Nolan acredita de mais no poder de enlevo da montagem e da imagem em si (no efeito da imagem), pelo que descuida os princípios dramáticos de um filme (entre outros).

      Inicie a sessão para responder
  • Samuel Andrade (@sozekeyser) diz: 30 de Agosto, 2012 em 15:22

    Esta crítica mereceu destaque na rubrica «A “Polémica” do Mês» do Keyzer Soze’s Place, disponível aqui: http://sozekeyser.blogspot.pt/2012/08/a-polemica-do-mes-15.html

    Cumps cinéfilos!

    Inicie a sessão para responder
  • Tinker Tailor Soldier Spy (2011) de Tomas Alfredson « À pala de Walsh diz: 2 de Setembro, 2012 em 18:53

    […] Christopher Nolan e outros cineastas, especialmente para iluminar os defeitos do realizador de The Dark Knight Rises (O Cavaleiro das Trevas Renasce, 2012). Se o fiz na minha crítica a Am zin (Running Out of Time, […]

    Inicie a sessão para responder
  • Palatorium e comprimidos cinéfilos: Outubro | À pala de Walsh diz: 24 de Outubro, 2021 em 16:30

    […] como espessura humana, tudo isto a levar a um desfecho que é [spoiler alert!] derivativo do de The Dark Knight Rises (O Cavaleiro das Trevas Renasce, 2012) no modo como o herói aceita ser sacrificialmente rebentado […]

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