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À pala de Walsh
Críticas, Recuperados 3

The Great Flamarion (1945) de Anthony Mann

De Luís Mendonça · Em 13 de Agosto, 2012

Antes de se ter especializado no western, numa altura em que este entrava em decadência – mas não foram alguns dos melhores filmes de Hollywood aqueles que celebraram a sua decadência? -, Anthony Mann era sobretudo um realizador devotado, quase por inteiro, ao (sub)mundo do film noir. Nele terá cabido este estranho e subvalorizado filme protagonizado por aquela que, em tempos, foi a grande “besta negra” dos estúdios norte-americanos.

De 1939 até 1950, ano do magnífico Winchester ’73, Mann fez perto de duas mãos cheias de títulos que, de uma maneira ou de outra, integravam elementos desse estilo de “género indefinido” (aliás, aqui não se fiem em fórmulas arquétipais, tais como “o sexo fraco contra o sexo forte”…), tão camaleónico quanto noctívago, tão “viúva negra” quanto “morcego”. The Great Flamarion (1945) não será um noir “de caras”, mas alguns dos elementos estão lá, a começar pela personagem insidiosa interpretada por Mary Beth Hughes, de nome Connie. Ela é a mulher-pivot que controla todos os momentos do jogo, um jogo de sedução com muito bluff maquiavélico, que acaba (“noirescamente”) em tragédia. Dir-se-ia uma típica femme fatale, apesar de – pormenor importante – a sua beleza não nos deixar de queixo caído – quer dizer, não estamos a falar aqui de um mulherão espampanante como Ava Gardner (The Killers) ou, muito menos, dessa doce serpente chamada Hedy Lamarr (The Strange Woman).

A qualidade terrena da beleza de Connie e a ausência de glamour na sua vida – afinal, o meio é o do “teatro de variedades” norte-americano – são dois elementos que “descaracterizam” a aura noir de The Great Flamarion. Descaracterizam, mas pouco, se comparativamente atendermos ao facto do protagonista deste filme, aquele que é grande e “flamante”, ser nada mais nada menos do que a lenda do mudo, o homem que muitos homens amaram odiar e muitas mulheres odiaram amar, o megalómano inconsciente e despesista (cuidado com ele, Troika!) que fixou a barra do 1 milhão de dólares de produção com Foolish Wives (Esposas Levianas, 1922), que arrasou a MGM com o seu épico originalmente de 10 horas Greed (Aves de Rapina, 1924) e se afundou de vez com Queen Kelly (A Rainha Kelly, 1929)… bem, chega de suspense: ele, The Great Erich von Stroheim ou, como chegou a ser “anunciado”, Erich von $troheim.

Em 1945, como a maior parte das estrelas do mudo, Stroheim caíra no esquecimento e, como a sua personagem neste filme de Mann, remetera-se a “espectáculos menores”. Na realidade, Stroheim em parte reedita aqui o papel de outro pequeno “grande performer“, um ventriloquo que acabou “tomado pelo boneco” e que deu título ao filme, hoje praticamente esquecido, The Great Gabbo (1929) de James Cruze. Apesar de tudo, por muito empoeirada que estivesse, a sua presença pesa sobre cada segundo do filme de Mann, como se tudo nele fosse um pretexto para Stroheim reocupar, de novo, o espaço que só ele sabia verdadeiramente ocupar: o grande ecrã. (“Grande”, palavra que o actor-realizador austríaco não teria dificuldade em adoptar como definitivo “primeiro nome”.)

O que resta então de Mann num filme tomado pelo monstro sagrado Stroheim? Resta pouco, mas um “pouco” gerido com a economia que reconhecemos no seu cinema: narrativa sem gorduras, reduzida ao essencial, centrada nas personagens, nas suas obsessões e, enfim, nos seus conflitos. Podia estar aqui a iniciar um texto sobre “Mann, o realizador de westerns”, mas não: continuamos a 5 anos da sua obra-prima, Winchester ’73, ela que “abriu a porta” a tantas outras, como The Naked Spur (Esporas de Aço, 1953), The Man From Laramie (O Homem Que Veio de Longe, 1955) e, claro, Man of the West (1958).

Mas voltemos, pois, à estranheza da componente noir “stroheimiana”, um oximoro que nos rebenta nas mãos (ou nos olhos) assim que nos damos conta dele. É que o noir caracteriza-se tradicionalmente pelo culto ao low budget, a par de uma certa ambiance glamorosa e sedutora, típica das noites quentes… nas quais “a mulher domina”, aproveitando-se de “blind husbands” e “foolish wives” – o senhor “barba azul”, incorrigível womanzier de outros tempos, que se cuide, pois ele aqui é a vítima! Com efeito, e repetindo-me, The Great Flamarion é de uma enorme secura narrativa (dura apenas 78 minutos e não precisa de nem mais um minuto), o seu lead actor é, como a certa altura a venenosa Connie lhe atira para a cara, “careca e repugnante” (pobre Stroheim…), mas nem por isso é menos “terreno” que os outros actores do elenco… e, apesar disso, este título pertence à fase noir de Mann, a meio caminho ainda do género que o haveria de celebrizar para sempre.

Ora, “a meio caminho” é uma boa fórmula para resumir um filme que, começando in media res e construído numa sucessão de analepses narradas parcialmente em off pelo protagonista no “tempo presente”, tem como dispositivo dramático polarizador da acção um palco onde “the great Flamarion” executa todas as noites o seu número: de pistola(s) em punho, aponta e dispara ora para a mulher traidora (“interpretada” por Connie, a máscara confundindo-se aqui com a mascarada), ora para o seu amante desajeitado (marido de Connie na vida “fora do palco”, se houver aqui, de facto, um “fora de palco”…). Um palco que, umas vezes caídas as cortinas, se revelará estar  “a meio caminho” entre o teatro e o cinema, entre a (vida da) ficção e a (ficção da) vida…

A personagem de Stroheim, um loner que não está com uma mulher há 15 anos, vive do deleite que a precisão dos tiros lhe proporciona. Esta fetichização da arma seria reeditada em Winchester ’73, tal como tematicamente Mann voltaria, de modo talvez mais encapotadamente misógino, a dissertar sobre a impotência masculina em The Furies (Almas em Fúria, 1950). Com uma mais vincada dimensão realista, curiosamente bem cara ao Stroheim de Greed, mas sem o cifrão cintilante no seu nome, The Great Flamarion antecipa um ou outro aspecto do que viria a ser “um filme à Mann” e preserva, ainda hoje, uma certa aura de fascínio e decadência em torno da idiossincrática figura do mega actor austríaco, como se aqui estivesse escondido o seu pequenito e algo perverso Limelight (Luzes da Ribalta, 1952).

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Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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3 Comentários

  • J. Barreto diz: 15 de Agosto, 2012 em 14:27

    Belo texto transfigurado. Anthony Mann´foi um realizador sem grandes rasgos. Como muitos do seu tempo fazia o seu trabalho sem lhe acrecentar o toque de génio, que, na minha opinião, não teria.
    Mas falar de Erich von Stroheim é outra coisa. Ele foi um dos grandes actores. Parabéns

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    • Luís Mendonça diz: 19 de Agosto, 2012 em 0:11

      Muito obrigado pela sua apreciação. Na realidade, tenho-me como fã do Anthony Mann, mas, sobretudo, na sua vertente “realizador de westerns” – foi por ela que um dia Godard o apelidou de “Super Mann”. A tendência geral é para olhar apenas para o que acabou por definir o seu lugar na história, pondo de lado as fases menos radiantes da sua carreira. Ironicamente, o menos radiante aqui é o “noir” (isto é, o negro, o escuro!). Sugiro, portanto, que se redescubra ou recupere esta sua vertente, para que da escuridão possamos, pelo menos, trazer algumas “novas luzes” à leitura dos seus magníficos westerns.

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  • António diz: 7 de Maio, 2018 em 0:45

    Esperava mais deste filme, tem boa ação mas não foge aos clichés habituais da grande maioria dos filmes “western”. Certamente que se fosse Fritz Lang a realizar o filme, este teria outra complexidade e os personagens não seriam meros estereótipos.

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