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À pala de Walsh
Festivais, MOTELx 0

Duplex Argento e o mapa-múndi do horror moderno

De À pala de Walsh · Em 16 de Setembro, 2012

The Territory (O Território, 1981) de Raúl Ruiz

Estanha e desconhecida obra do chileno Raúl Ruiz (que as tem muitas) que os programadores do MOTELx foram desenterrar para mostrar no “Quarto Perdido”, secção que resgata os poucos exemplos de cinema de género feito em Portugal. Não podendo ser considerado um filme português, The Territory (O Território, 1981) foi inteiramente filmado na Serra de Sintra e produzido por Paulo Branco, quando Ruiz não conseguiu financiamento de Roger Corman, a quem primeiro “ofereceu” esta história baseada em “factos reais”: quando um avião com uma equipa de râguebi se despenhou numas montanhas, os sobreviventes começaram a comer, bem literalmente, os mortos. Assim, e pegando em mitos que não chegaram às notícias oficiais, Ruiz parte para o seu cinema habitual, obstinadamente surrealista. As personagens de The Territory iam apenas dar uma volta pela Serra mas um pouco como as de El ángel exterminador (O Anjo Exterminador, 1962) de Luis Buñuel, e apesar de encontrarem pessoas, uma estrada com carros e terem muitas vezes vista para o Palácio da Pena, não conseguem sair de lá. E, claro, passado uns tempos, recorrem ao canibalismo. Se Sintra serve como “coração das trevas” em que se encontra o verdadeiro ser do Homem sem as restrições da sociedade, a verdade é que Ruiz se perde um tanto pelo lado poético do seu surrealismo. Apesar de tudo, valeu a pena ver The Territory, até porque deve ter sido oportunidade quase única. (JL)

Livide (2011) de Alexandre Bustillo e Julien Maury

Cinco anos depois do sucesso do excelente e sanguinolento À l’ntérieur (2007), sendo que pelo meio houve dois projectos abortados nos Estados Unidos [um remake de Hellraiser (Fogo Maldito, 1987) e uma sequela do remake de Halloween (Halloween, 2007) de Rob Zombie], a dupla Alexandre Bustillo e Julien Maury regressa com este Livide, um filme que à surrealidade violenta do primeiro filme (ainda assim, “realista”) responde com uma ghost story e uma casa assombrada. Escrevo responde, pois é isso que se sente, Livide terá sido, por todas as razões já apontadas e mais algumas, um difícil segundo filme. Na sessão do MOTELx, em vez da versão final passou uma cópia de trabalho sem os efeitos especiais de computador finalizados, o que, por muito desagradável que seja para os realizadores, espectadores e responsáveis do festival, nunca seria o maior problema do filme dividido em duas partes, uma perfeitamente realista, a outra incompreensivelmente (de não se perceber muito bem a história) sobrenatural, Livide não é bem sucedido em nenhuma. Se a primeira é particularmente pobrezinha e sonsa, a segunda socorre-se dos clichés do género sem acrescentar muito. Muito muito longe da montanha russa de emoção e violência de À l’ntérieur sem ganhos visíveis. (JL)

Inferno (1980) de Dario Argento

O sucesso de Suspiria (1977) nos Estados Unidos teve o condão de levar Dario Argento a filmar com a Twentieth Century Fox e sobretudo a tornar mundial (agora que se passava de Friburgo a Nova Iorque) a procura, tão arquitectural quão esotérica, dessas três bruxas que são o centro da trilogia das mães. Ao contrário do filme de 1977, Argento trabalha aqui com uma premissa mais solta: dois jovens americanos, irmão e irmã, ele a estudar em Roma, ela em Nova Iorque que vão investigando (ou melhor vão seguindo com um misto de medo e curiosidade) os assassinatos que acontecem junto ao apartamento dela. Se havia uma curiosidade pelos temas da alquimia que o cineasta italiano procura explorar neste Inferno (1980),o périplo meio errante das próprias personagens é o rastilho para esta espécie de valsa negra por labirintos de caves, pântanos, lagos interiores. E é essa ideia de percurso, com paragem nas famosas death set pieces e ambientada com o bestiário de Argento (gatos, ratazanas, formigas, iguanas), aquilo que torna este volume do meio da trilogia no mais puramente operático, naquele que melhor consegue efectuar uma separação entre o seu estilo tour de force e os seus esquemas narrativos. Seja como for, Inferno foi sempre um pouco subestimado quer pelo público, quer pela crítica. (CN)

Kaidan: ikiteiru Koheiji (1982) de Nobuo Nakagawa

Adaptação de uma peça de teatro de Senzaburô Suzuki ao cinema, Kaidan: ikiteiru Koheiji (The Living Koheiji, 1982) é um filme “de palco”, que invoca/evoca a tradição ancestral do teatro nipónico Noh, desenrolando lentamente (como um novelo) a história de um triângulo amoroso ou da disputa de um actor e do seu dramaturgo pela musa “da companhia”, disputa essa que termina numa perseguição além-vida pela conquista do seu coração vacilante. O histórico realizador japonês, Nobuo Nakagawa, mais conhecido no Ocidente pelo seu “infernal” Jigoku (Hell, 1960), põe aqui de parte as convenções, muitas vez auto-celebratórias, do cinema de horror, para se lançar a uma obra delicada e minimal assente numa elegantíssima mise en scène que apenas encontramos em grandes clássicos como Kenji Mizoguchi. A forma como o dispositivo teatral é posto em diálogo com as imagens da vida – e, enfim, do cinema – revela “mão de mestre” por parte parte deste prolífico cineasta que haveria de falecer dois anos após a ressurreição de Koheiji, o actor desta história, o mesmo é dizer dois anos após a obstinada assombração amorosa que se encenara para lá dos limites do palco. (LM)

Emergo (2011) de Carles Torrens

Emergo, também intitulado Apartment 143, tinha tudo para ser um filme que surgia “ultrapassado” antes mesmo de chegar às salas. Rodrigo Cortés, cineasta sob as “luzes da ribalta” desde Buried (Enterrado, 2010), havia escrito no ano de 2009 um guião para um filme de fantasmas, seres do além e/ou poltergeists, tendo já em mente um modelo formal próximo daquele que tinha tornado Paranormal Activity (Paranormal Activity – Actividade Paranormal) num gigantesco fenómeno de popularidade. Desde este sucesso do ano de 2007 realizado por Oren Peli, o género do found footage mereceu as mais loucas e variadas (re)interpretações. Todavia, Cortés e o estreante Carles Torrens decidiram ir para a frente, trazendo-nos hoje às salas este filme que acrescenta pouco ou nada a tudo o que já foi testado dentro do género, mas que é mais eficiente do que se esperaria em todos os sectores que tornam possível uma boa “fábrica de sustos”. É que esta historieta de casas assombradas, uma espécie de Paranormal Activity meets Insidious (Insidious – Insidioso, 2010) meets The Exorcist (O Exorcista, 1973), dá o melhor uso possível, isto é, dentro das suas flagrantes limitações, ao seu formato multimediático, fazendo de toda a panóplia de ecrãs disponíveis uma electrizante corrente de transmissão do horror. Sem esconder a sua natureza primária, de “filme de sustos e ponto final”, Emergo tem o mérito de devolver ao cinema, repito de modo muito eficaz, o seu originário “efeito de feira” edisoniano. Um chiller muito razoável. (LM)

Suspiria (1977) de Dario Argento

Sobre esse “escândalo plástico” chamado Suspiria, já quase tudo foi dito, escrito e celebrado. Contudo, para quem ainda não o tinha visto no grande ecrã, a experiência pode ganhar novos contornos, na medida em que o olho é embriagado como nunca antes pelo sensualismo das imagens levadas ao paroxismo pelo trabalho de iluminação e cenografia: os vermelhos e rosas intensos das paredes, do sangue, do vinho, dos trovões (!) e os azuis e verdes que contrabalançam esta orgiástica palete pictórica fazem de Suspiria um dos mais impressionantes pedaços de arte cinematográfica no domínio do terror. Há nele uma dimensão quase conceptualizante (no sentido de “arte conceptual”) dos princípios clássicos de mise en scène – e Argento na apresentação falou, como se precisasse…, em Poe, no expressionismo alemão e em Hitchcock – que são a prova de que este filme foi pensado única e exclusivamente do ponto de vista da imagem – e também do som e música, que a acompanham neste “exercício de excessos”. A pobreza narrativa é indisfarçável e a câmara está sempre desconcentrada na razão de ser de tudo, porque ela quer apenas projectar nos cenários, com jogos de luzes assombrosos, o estado interior das suas personagens – mas quais personagens? De todo o seu cinema! Verdadeiramente, aqui está um filme que antes de realizar desrealiza tudo o que se coloca à frente da câmara. Argento e a sua A Queda da Casa Usher, Argento e o seu Caligari, Argento e o seu Vertigo? Olhe, não responda, apenas veja – e ouça, se tiver ouvidos para tanto – este festim de cor e luz chamado Suspiria. (LM)

Inbred (2011) de Alex Chandon

Truffaut costumava divertir-se à grande a malhar no cinema britânico. Godard também alinhava, de quando em vez, no jogo sádico – e chauvinista. Entretanto, o “mau gosto” e todas as formas de sadismo viraram matéria no cinema do país do fish and chips, de Elton John e do Príncipe Harry (que parece, contudo, ser pouco hairy, como atestam os seus “nus” recentes). Há muita coisa horrível na Grã-Bretanha, mas não concordo que se deva começar pelo cinema (comece-se antes, por exemplo, pelo mau tempo), por isso, proponho deixar cair a introdução a esta minha cápsula sobre Inbred (2011), ressalvando apenas que estes ingleses ainda não me convenceram na arte dos dois émes: do medo e da merda. Enquanto o sobrevalorizado The Descent (A Descida, 2005) faz o cânone do cinema sério de terror por terras de sua majestade,  Inbred lança-se de cabeça para o “mau gosto”, revendo muito em alta a caricatura implacável ao interior “very rustic” de, por exemplo, um Straw Dogs (Cães de Palha, 1971). O humor negro, a arma secreta de alguma excelente televisão britânica, lá vai alimentando o nosso interesse em torno de um mo(n)struário pavoroso de “local people” que aproveita a vinda de gente de fora (gente “estranha”) para pôr em cena um espectáculo 100% orgânico, 100%… “local” e de puro bad taste, usando aqui o título de outra escola da escatologia fílmica. A plateia aplaudiu e riu sonoramente quando certa javardice batia o recorde da imoralidade que a javardice anterior acabara de fixar, o que talvez prove que Inbred pertence àquele lote de filmes que só funcionam – se funcionam – em contexto de festival. Se não foi a tempo e faz muita questão, procure vê-lo na companhia de amigos saudavelmente desmiolados. (LM)

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Sem Comentários

  • Olho por olho, olhar por olhar « À pala de Walsh diz: 9 de Novembro, 2012 em 19:12

    […] de tasco, Luís Mendonça, escreveu depois de ver em sala Suspiria (1977) no último MOTELx, este filme foi pensado única e exclusivamente do ponto de vista da imagem (…) porque ela q…. Não é de boa índole contrariar os colegas de tasco (e não podia, porque o que diz o Luís é […]

    Inicie a sessão para responder
  • Os que estão no incoerente MOTELx 2014 | À pala de Walsh diz: 9 de Setembro, 2014 em 15:53

    […] homenageados pelo MOTELx, o “clássico japonês” Nobuo Nakagawa (sobre a qual escrevi aqui). Miike não é um cineasta da minha preferência, mas é inegável a sua importância no actual […]

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