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À pala de Walsh
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It Happened One Night (1934) de Frank Capra

De Ricardo Vieira Lisboa · Em 21 de Setembro, 2012

Ao longo dos anos só houve 3 filmes que tenham ganho o royal flush dos oscars, entenda-se: filme, realizador, actriz, actor e argumento. It Happened One Night (Uma Noite Aconteceu, 1934) foi o primeiro [depois tivemos o One Flew Over the Cuckoo’s Nest (Voando Sobre um Ninho de Cucos ,1975) e mais recentemente The Silence of the Lambs (O Silêncio dos Inocentes, 1991)]. Numa altura em que o código Hays ainda não vigorava e os filmes podiam ter nudismos e outras escandaleiras este é um filme particularmente púdico, mas já lá vamos.

Antes disso andemos um pedaço para trás, uns 3200 anos. Estavam os escravos fugidos das terras opressoras do Egipto, vagueado o deserto durante muitos anos e chegados finalmente à terra prometida – do leite e do mel – e descobrem que está tudo ocupado por uns moços chamados cananeus. Como as coisas não podiam ficar assim, o deus deu uma ajuda e disse-lhes: durante sete dias dêem uma volta à muralha de Jericó tocando trombetas e e passeando a arca da aliança (aquela do Indiana Jones). No sétimo dia (sempre o número sete) eles deram a dita volta e a muralha caiu. E começou a a ocupação da terra prometida – também havia por lá figos. São sete voltas para a muralha cair. Então mas para quê este aparte histórico-religioso? já lá vamos.

It Happened One Night conta a história de uma menina, muito pespineta, que se casou com um moço só para arreliar o pai (magnata que a apaparica com tudo o que o dinheiro pode comprar). O pai não aprecia a graça e no calor de uma discussão esbofeteia a filha (coisa leve, verdade seja dita e ela bem merecia, ai não se pode dizer estas coisas). Ela salta borda fora e foge em direcção ao marido que vive em Nova Iorque, o problema é que ela está sem dinheiro e vive na outra ponta dos states. Escândalo! As parangonas avisam (quase 80 anos depois parece que se passa tudo da mesma forma) que a menina anda a monte e há recompensa para o caçador. Encontra um Clark Gable de irresistível bigodinho (no topo da sua carreira; lá para o final dos anos quarenta a coisa começou a descambar e foi o nosso amigo Walsh que o ajudou a subir à tona de água); jornalista que acabara de ser despedido por causa da bebedeira e da incompetência (provocada pelo item anterior).

Os nosso protagonistas são portanto dois renegados, um do seu berço dourado onde, por não lhe satisfazem a derradeira vontade, se dá a excomunhão, outro por embriaguez se dá o despedimento. Capra sempre adorou os outcasts da vida, um casal que vagabundeia pela estrada sem dinheiro, sem roupas, sem comida. Andando à boleia (que bela perna), comendo cenouras à lá Bugs Bunny. A comida é um elemento recorrente neste filme (ou talvez a falta dela), desde o pequeno almoço de donuts encharcados em café, as ditas cenouras, ou logo a cena de abertura em que a menina se recusa a comer e o pai lhe oferece: um pedaço de fumegante bife tenrinho. Ou seja, se a menina rica começa o filme por não querer comer, no final até as cenouras com terra ela engole (ai filha, acomoda-te à vida).

Mas regressemos a Jericó. O casal tem que dormir junto. Para fugirem aos detectives e a praga de jornalistas têm que fazer o Check in como casal e partilham o quarto. Claro que o decoro não permitia que uma moça tão respeitável se mostrasse sem os menores andrajos em frente de um (quase) desconhecido. Assim constroem uma muralha entre as duas camas, um corda esticada e um cobertor separando os olhares. Na primeira noite ela tem receio dele (medo que lhe salte para cima) e ele tem medo de se deixar levar pela tentação. Ele está no lado direito, ela no esquerdo. Noutra noite a cena repete-se, mas desta vez a sua posição ficou trocada. Claro que é Capra a dar-nos as pistas para o que virá a acontecer; desta vez ela está louca de paixão (salta-lhe para cima), mas ele nem aquece nem arrefece. Tudo trocado portanto. Capra constrói com um p(l)ano a separação natural entre os sexos, de um lado o homem, do outro a mulher. Numa relação há sempre o meu lado e o teu lado. Mas e no amor? no amor só há um lado. Pois bem, quando os detectives aparecem os lados viram-se de novo, de um lado o casal fingindo ser quem não é e do outro os detectives desconfiados. É a adversidade que os une – moral recorrente do cinema de Capra.

A história vai e vem, há casamentos e trapaças, há enganos e perseguições, nada disso importa. No fim o casal junta-se de novo num motel, ouvimos uma cornetada e vemos – o plano final do filme – um cobertor caindo. A muralha caiu e eles conquistaram o reino do amorrrr.

O filme é exibido quarta-feira, dia 26, às 18:30 no Teatro Académico Gil Vicente – Coimbra, entrada gratuita.

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1930'sClark GableCódigo HaysFrank Capra

Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

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Sem Comentários

  • antonio nahud júnior diz: 22 de Setembro, 2012 em 23:32

    Muito bom o seu blog. Parabéns.
    Cumprimentos cinéfilos!

    O Falcão Maltês

    Inicie a sessão para responder
  • Jorge Teixeira diz: 24 de Setembro, 2012 em 0:02

    Um filme tremendamente belo. Das primeiras comédias românticas (quando essa catalogação ainda nem sequer existia) que Hollywood nos presenteou, e dada a frescura e a leveza do filme, arrisco dizer, de modo absolutamente perfeito. Capra, por outro lado, é exímio nessas problemáticas familiares, nessa consciência global e intemporal, daí que os seus filmes resultem tão bem nas mensagens que passam, na verdade que nos chega e que nos delicia.

    O site, de facto, tem revelado mais de si nas últimas semanas, com novos colaboradores e novas rubricas a aparecerem. Só revela qualidade, interesse e pluralidade, que muito me agradam. Não exagero muito se disser que o À Pala de Walsh é, actualmente, o melhor site de cinema nacional, seja pela regularidade e motivação que é evidente, seja pela substância e conhecimento patentes nos já vários textos publicados. Um regalo para qualquer amante da sétima arte.

    Cumprimentos,
    Jorge Teixeira
    Caminho Largo

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