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Críticas, Em Sala 0

To Rome with Love (2012) de Woody Allen

De Ricardo Vieira Lisboa · Em 19 de Setembro, 2012

Primeiro era para se chamar Bop Decameron em referência à obra do escritor do século XIV, Giovanni Boccaccio. Como as pessoas não percebiam a referência mudou-se o título para Nero Fiddles. As pessoas continuaram a não alcançar e por isso ficou como está, To Rome with Love (Para Roma com Amor, 2012). Ao que parece as pessoas percebem, mas Woody Allen já afirmou que odeia o título. Então?

Woddy Allen está a ficar cansado de ter que andar a negociar com os estúdios americanos por dinheiro. Disse-o recentemente ao jornal El País quando interrogado sobre como consegue financiamento em Hollywood: Puedo encontrar dinero, pero siempre quieren intervenir, leer el guion, saber quién actúa, todo ese tipo de información que no me gusta dar. En Europa no les importa, me dicen “te conocemos, nos fiamos de ti, toma el dinero y haz la película”. Lo prefiero de lejos. A Europa dá-lhe dinheiro e não faz perguntas. No entanto há uma certa obrigação moral de garantir um retorno ao investimento. To Rome with Love é, de toda a incursão europeia, aquele em que essa cedência parece mais evidente. Uma personagem diz a certa altura que prefere andar pelas ruas secundárias e conhecer as pessoas e os pulsar da cidade, mas o que Allen nos mostra são os monumentos de sempre e metade do elenco é americano, tudo ao contrário portanto.

Claro que ele admite esse ponto de vista estrangeiro (No tengo conocimiento real de esas ciudades diz na mesma entrevista) e não lhe podíamos pedir muito mais do que já faz, isto é, não lhe podíamos pedir que nos desse a Roma genuína, desconhecida e fantástica (como Fellini nos deu). Não, isso não podíamos pedir, no entanto, por entre todos os clichés (as mulheres italianas ou são todas boazonas ou então são donas de casa irascíveis sempre com um cutelo em riste; a qualquer rua que se passe há uma procissão; todo o italiano é um barítono por descobrir) Woody Allen podia filmar as coisas com graça (entenda-se aqui os dois sentidos, humor e leveza) e não como o faz, incaracterísticamente (ainda remoo uns plano fixos de monumentos – postais – comentados pelos actores em off – postais falantes; ou um plano de 360º incompreensível devido ao arrasto do digital).

Mas com tudo isto até parece que este é um filme anónimo, não o é. Allen está lá (literalmente, desde Scoop (2006) que não entrava nos seus próprios filmes) e está também a sua escrita, as piadas quase cuspidas, sem dar tempo para que nos ríamos delas (eu nunca fui comunista, não consigo partilhar uma casa de banho), as situações caricatas e inverosímeis  (uma encenação de Pagliacci no chuveiro) e o anti-herói que Allen sempre foi. Mas é aqui que a porca torce o rabo, desde muito cedo que, na ausencia de Allen, alguns dos actores alleanisava-se (alianava-se?), isto é, tomavam a persona que Allen construiu. Aqui, com Allen em cena, torna-se constrangedor vermos Jesse Eisenberg, Alessandro Tiberi e o próprio Roberto Benigni a comportarem-se todos de forma identicamente insegura e hipocondríaca; todos com a camisa por dentro das calças e a voz gaguejante. Com o original ao lado, para quê perdermos tempo com a cópia? Só um escapa ao vórtice do realizador, Alec Baldwin, e talvez seja o melhor de todo o filme.

John (Baldwin) é um arquiteto americano que está de férias em Roma numa tentativa de reacender a sua nostalgia (pois foi a cidade onde viveu enquanto jovem estudante). Encontra Jack (Eisenberg), um jovem estudante de arquitetura que vive em Roma, exactamente na rua onde o outro vivera. A partir daqui John desfaz-se, isto é, a personagem perde a corporalidade, passa a estar presente em todos os momentos da vida de Jack, comentado, aconselhando (e interagindo com os que o rodeiam), mas sem lá estar de corpo. Funciona como uma voz da consciência (ou melhor, é uma espécie de viagem ao passado em que Baldwin tenta avisar-se dos erros amorosos que está prestes a cometer, Eisenberg é ele mesmo, mas mais novo), um coro grego. A estratégia é a mesma de Mighty Aphrodite (Poderosa Afrodite, 1995), aliás, as cenas de abertura e fecho do filme são feitas por romanos (um polícia sinaleiro e um inquilino de umas águas furtadas) que pela sua posição cimeira (tanto física como narrativamente) apresentam e comentam os amores e desamores que vemos ao longo do filme.

Mas se Mighty Aphrodite era uma ode à vida (Life is unbelievable, miraculous, sad and wonderfull) filmada em belíssimos (e longuíssimos) planos sequência este é uma ode a uma cidade (Roma está cheia de mistérios e histórias de amor, venha conhece-la… com a Alitalia) filmada como um guia turístico. Não desmerecendo Roma, eu prefiro a vida.

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2010'sAlec BaldwinAlessandro TiberifelJesse EisenbergRoberto BenigniWoody Allen

Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

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Sem Comentários

  • JBL diz: 19 de Setembro, 2012 em 17:21

    Eu gosto muito de Roma mas também prefiro a vida. Para compreender o realizador, é fundamental reler um livro famoso. O Drama de Jean Barois, de Roger Martin du Gard.
    Está lá tudo. Allen e mais uns poucos, acreditem.

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