• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Em Sala 0

Bellamy (2009) de Claude Chabrol

De João Lameira · Em 24 de Outubro, 2012

Com três anos de atraso (e mais de dois anos após a morte do realizador francês), estreia em Portugal o último filme de Claude Chabrol. Já lá diz o ditado que mais vale tarde do que nunca. Ditado, esse, que perante uma obra tão extraordinária como Bellamy (2009) ainda tem mais razão. Quem enjeitar esta oportunidade (para mais quando, a dado ponto, pareceu tão improvável), não sabe o que perde (e, se souber, não tem perdão).

Apesar de ser um último filme de um autor consagrado, Bellamy, até porque Chabrol provavelmente não saberia que iria morrer dentro de pouco tempo, não tem as marcas do que se costuma chamar filme-testamento. Aliás, o espectador terá muita dificuldade em vê-lo assim, tal a vitalidade e o prazer de filmar que todo o filme respira. Bellamy é isso mesmo (passe a expressão): um filme cheio de vida. O que é tanto mais surpreendente quanto os filmes anteriores de Chabrol — por exemplo, La fille coupée en deux (A Rapariga Cortada em Dois, 2007) — denunciavam algum cansaço, um remastigar de temas e situações. Não é que Chabrol negue a mortalidade ou que ela não esteja presente neste filme — há duas mortes, daqueles que (se) perderam no jogo da vida —, mas é apresentada como mais um facto da existência; o melhor motivo para os que têm essa sorte usufruírem em pleno o seu tempo na Terra.

E a sorte (o azar, o hasard, o acaso) é um dos temas-chave de Bellamy: Gérard Depardieu (no melhor papel em muitos anos), o encantador comissário que dá nome ao filme, de férias na província, bem casado, bem amado, suficientemente enfastiado (contente) para se meter num mistério quando deveria estar a viajar (as palavras cruzadas do início: bonheur e voyage), é um tipo sortudo. O mesmo não se pode dizer do irmão Jacques, que o vem visitar: bêbado, jogador, triste, zangado, ressabiado. Tal como a estranha personagem tripartida interpretada por Jacques Gamblin (ou melhor, uma delas, o sem-abrigo), parece amaldiçoado. E, no entanto, teve as mesmas oportunidades que o irmão. Será que a diferença reside somente no facto de Bellamy ter a mulher para o salvar do abismo (bem literalmente)? Mesmo que, antes e depois, duvide dela e da própria felicidade, quando olha e vê o mundo tão feio, recheado de figuras torpes. É notável como Chabrol instila essa dúvida e nunca a resolve plenamente — à personagem e ao espectador é reservado esse espaço, que só pode ser preenchido pela fé (ou deixado vazio).

Sob a capa de um divertissement, com a leveza de um romance policial (magnífica aquela piada das prateleiras que não precisam ser muito fortes para aguentar com os Vampiros lá do sítio), com um sentido lúdico maravilhoso (o advogado de defesa a cantar George Brassens nas alegações finais), Chabrol parece querer escavar o significado da vida, indo a profundidades quase filosóficas. Que consiga misturar (integrar) coisas tão diversas, que tenha produzido este admirável oximoro é revelador de uma mestria de que só os muito sábios são capazes (e já se me acabam os adjectivos, todos merecidíssimos).

Bellamy é um filme tão bonito que nem precisa esconder a fealdade do mundo. É uma despedida em beleza de um grande cineasta — o último plano, sobre o horizonte e aquele mar azulíssimo, é o único sinal de que Chabrol “sabia” que esta seria a última vez. Até sempre, Claude.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2000'sClaude ChabrolGérard Depardieu

João Lameira

"Damn your eyes!"

Artigos relacionados

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

  • Críticas

    “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

  • Críticas

    “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

Sem Comentários

  • JBL diz: 3 de Novembro, 2012 em 12:44

    Claude Chabrol foi um realizador com uma enorme sensibilidade mas que ficou esquecido no tempo. Terá o filme sido a sua carta de despedida?

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • “Time to Love”: amor, um caminho interior

      31 de Janeiro, 2023
    • Apocalypse Now: as portas da percepção

      30 de Janeiro, 2023
    • A medida das coisas

      26 de Janeiro, 2023
    • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

      25 de Janeiro, 2023
    • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

      24 de Janeiro, 2023
    • O sol a sombra a cal

      23 de Janeiro, 2023
    • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

      18 de Janeiro, 2023
    • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

      17 de Janeiro, 2023
    • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

      16 de Janeiro, 2023
    • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

      13 de Janeiro, 2023
    • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

      11 de Janeiro, 2023
    • “Broker”: ‘babylifters’

      10 de Janeiro, 2023
    • Vamos ouvir mais uma vez: está tudo bem (só que não)

      9 de Janeiro, 2023
    • “Vendredi soir”: febre de sexta-feira à noite

      5 de Janeiro, 2023
    • “The Fabelmans”: ‘in the end… you got the girl’ 

      3 de Janeiro, 2023
    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • “Time to Love”: amor, um caminho interior

      31 de Janeiro, 2023
    • Apocalypse Now: as portas da percepção

      30 de Janeiro, 2023
    • A medida das coisas

      26 de Janeiro, 2023
    • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

      25 de Janeiro, 2023
    • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

      24 de Janeiro, 2023

    Etiquetas

    1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.