Rita Azevedo Gomes parece ter querido fazer um filme sobre a recusa da montagem como recurso de progressão narrativa. A Vingança de Uma Mulher (2012) é um filme que vive de dois pilares fortíssimos: esta intenção aglutinadora da realizadora e o trabalho (sobre-humano?) de Rita Durão – coisa tão extraordinariamente explosiva que mais do que elevar o filme a esferas cada vez mais longínquas – carregam toda a obra, qual espinha dorsal. O filme é, fundamentalemte, o monólogo de Rita Durão, tem partes antes e partes depois, mas é esse momento que importa (e todos o sabem), é aquele cataclismo emocional contado entre os veludos vermelhos de um quarto que interessa. É o horror que aquela mulher conta que conta.
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.