• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Recuperados 0

Dick Tracy (1990) de Warren Beatty

De João Lameira · Em 30 de Novembro, 2012

No final da década de 80 do século passado, começou a febre das adaptações de banda-desenhadas ao cinema. Na altura, nem era bem uma febre, antes um resfriadozito (as temperaturas só atingiram valores preocupantes em inícios do novo milénio). E a verdade é que algumas das obras mais interessantes a aumentar o tamanho dos quadradrinhos para o grande ecrã apareceram exactamente nesses anos. O exemplo mais gritante é Batman (1989) de Tim Burton [a que se seguiria o ainda melhor Batman Returns (1992)]. Se quiser ser mais abrangente, ainda incluo Who Framed Roger Rabbit (Quem Tramou Roger Rabbit?, 1988), a extraordinária versão animada de Chinatown (1972) [ou o The Two Jakes que Robert Towne nunca conseguiu fazer] por Robert Zemeckis. Dick Tracy (1990) de Warren Beatty, o eterno galã de Hollywood, não estará à altura destes. Aliás, é algo desequilibrado, o que é outra maneira de escrever que tem momentos altos (para compensar os baixos ou os mais sensaborões).

Desde logo, Dick Tracy é um filme com tiques megalómanos. Repare-se na quantidade de estrelas (e grandes actores) no elenco: o próprio Beatty (já entradote de mais para o papel), Madonna (sua namorada à altura), Al Pacino (no seu prodigioso overacting), Dustin Hoffman, James Caan, Seymour Casell (para os mais cassevetianos) [só falta para aí o De Niro]. Ou na extravagância da fotografia de Vittorio Storaro (e Storaro é sempre extravagante, que o diga Coppola), que enche o filme de vermelhos, verdes e azuis e faz o noir mais colorido da história. Ou a da banda-sonora, que conta não só com a partitura de Danny Elfman (a lembrar muito a de Batman) como também com as canções de Stephen Sondheim (que luxo). Ou a da maquilhagem, que pinta a alma e o nome das personagens nos corpos (inesquecível o William Forsythe de cabeça quadrada ou R. G. Armstrong com cara de ameixa). Os nomes, esses, revelam completamente as personagens – Dick (detective) Tracy divide-se entre duas mulheres: a Trueheart (a comezinha Glenne Headly) e a Breathless (a espampanante e maryliniana – ou será marleniana? – Madonna).

A grande qualidade de Dick Tracy é o estridente anti-naturalismo que ostenta: as montagens musicais como nos velhos filmes de gangsters da Warner, o matte painting que parece o que é (cenário de papelão), os fondues, as íris; é cinema que faz lembrar cinema, cinema que se lembra que é cinema, e não uma cópia chatíssima da realidade, o aparente objectivo das últimas adaptações de BD (lá estou eu a dar-lhe com o Nolan). De resto, o filme entrega-se totalmente à estética da nona arte para melhor ser a sétima. É artificioso pelo artifício, o que, se não era à época (Dick Tracy foi bem recebido pelo público e pela Academia, não tanto pela crítica), é bastante resfrescante hoje em dia. A louvar por apenas uma coisa, que seja essa. Tenho ideia (posso estar enganado) que um blockbuster tão arrojado seria impossível agora. Teria de ter, pelo menos, uma caução de qualidade: a actualidade, a “inteligência”, o negrume e outros que tais. Não teria, com certeza, este gozo em ser prazeroso, em ser uma delícia visual e sonora. De certa forma, representa o fim de uma era ou é mesmo o seu último estertor. Porventura mais do que o filme, interessa recuperar essa vertente espectacular do cinema.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
1990'sAl PacinoChristopher NolanDanny ElfmanMadonnaRobert ZemeckisStephen SondheimTim BurtonVittorio StoraroWarren Beatty

João Lameira

"Damn your eyes!"

Artigos relacionados

  • Críticas

    “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

  • Contra-campo

    “Aftersun”: a tensão suave da memória

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

Sem Comentários

  • JBL diz: 4 de Dezembro, 2012 em 12:10

    De repente recordei o prazer que me deu ver o filme. Para mim um elenco de primeira que só por isso, e não é pouco, justificou uma noite bem passada. Gostei do filme e da crítica.

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • Não à blindagem

      6 de Fevereiro, 2023
    • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

      3 de Fevereiro, 2023
    • “Aftersun”: a tensão suave da memória

      1 de Fevereiro, 2023
    • “Time to Love”: amor, um caminho interior

      31 de Janeiro, 2023
    • Apocalypse Now: as portas da percepção

      30 de Janeiro, 2023
    • A medida das coisas

      26 de Janeiro, 2023
    • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

      25 de Janeiro, 2023
    • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

      24 de Janeiro, 2023
    • O sol a sombra a cal

      23 de Janeiro, 2023
    • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

      18 de Janeiro, 2023
    • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

      17 de Janeiro, 2023
    • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

      16 de Janeiro, 2023
    • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

      13 de Janeiro, 2023
    • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

      11 de Janeiro, 2023
    • “Broker”: ‘babylifters’

      10 de Janeiro, 2023
    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • Não à blindagem

      6 de Fevereiro, 2023
    • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

      3 de Fevereiro, 2023
    • “Aftersun”: a tensão suave da memória

      1 de Fevereiro, 2023
    • “Time to Love”: amor, um caminho interior

      31 de Janeiro, 2023
    • Apocalypse Now: as portas da percepção

      30 de Janeiro, 2023

    Etiquetas

    1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.