Quando Quentin Tarantino decidiu fazer explodir um cinema com Hitler e companhia lá dentro em Inglourious Basterds (Sacanas sem Lei, 2009) pelo menos três coisas se tornaram evidentes. Um: o seu gosto romântico pelo pós-modernismo e pela citação reclamava linhas de fuga. Dois: este seu acto simbólico parecia ser a ponta do iceberg no que diz respeito à construção de uma verdadeira máquina de redenção histórica para o seu cinema. Três: essa cavalgada pela história nunca poderia dispensar o cinema (como palco, mas sobretudo como estrutura de coincidência para essa dita redenção).
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.
9 Comentários
[…] (o sonho molhado de qualquer activista de direitos civis), a contrapor com o sorriso do escravo de Django Unchained (Django Libertado, 2012) de Quentin Tarantino, de orgulho pelo sangue branco derramado por aquele […]
Tarantino tem o dom de não fazer um mau filme, e de reinterpretá-lo sempre à sua maneira, e de permitir à interpretação ainda assim. Este Django é, no mínimo, um bom filme, e uma lufada de ar fresco no género (apesar de o desconstruir).
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
“o dom de não fazer um mau filme”? que significa isso?
Até agora não tem um mau filme na sua carreira de realizador, na minha opinião claro, e daí que diga que ao que parece deve ter um dom – o de não concretizar um filme abaixo da média ou pobre no que à filmagem diz respeito. Opiniões, obviamente, mas acho Tarantino um dos melhores cineastas da actualidade, sem dúvida alguma.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
so acho a expressão “dom de não fazer um mau filme”, bastante estranha e vaga. O dom de não fazer é, no mínimo, uma piada à la melville mas penso que aqui não se aplica. Segundo, bons e maus filmes, só no Continente. Isso de separar os filmes assim não me parece um caminho muito proveitoso. Ainda assim, linguajar à parte, concordo que o tarantino é surpreendente, assim como o seu ultimo filme Django. E viva a optima critica de Carlos Natalio
Cumprimentos
rita
Sim, o ser bom ou mau será sempre redutor, de acordo, mas num comentário deste género nunca se vai propriamente explanar aqui uma ideia em vários parágrafos, daí que, inevitavelmente, saiam uns adjectivos assim para o mais limitado, mas que tão pouco são falsos. Acho que, por outro lado, e apesar de não se retirar grande coisa desse tipo de discurso, as obras, sobretudo as de arte, devem ser distinguidas, o bom do mau, separar o trigo do joio, digamos, senão às tantas descobre-se qualidade onde na verdade não existe, ou pelo menos, numa espécie de saldo, não deveria ser destacado. Há que saber, na minha opinião e resumindo, distinguir o que tem valor, e com isso privilegiar certas obras/abordagens/autores em detrimento de outras.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
[…] publicado originalmente em À Pala de Walsh […]
[…] sob uma forma meio tresloucada de redenção, ou fabricação de um lado B da história (vide Django Unchained, o outro filme recente sobre o tema, infinitamente superior, diga-se e com várias cenas e […]
[…] (Sacanas sem Lei, 2009) e de colocar os negros a rectificar a história da escravatura americana em Django Unchained (Django Libertado, 2012), Tarantino resolve avançar uns anos até à ressaca da guerra civil norte-americana e jogar um […]