• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Noutras Salas 0

His Girl Friday (1940) de Howard Hawks

De João Palhares · Em 7 de Abril, 2013

Isto se calhar é já muito sabido e discutido, mas Howard Hawks explicou – quando entrevistado por Joseph McBride no livro Hawks on Hawks – que a concepção de His Girl Friday (O Grande Escândalo, 1940) estava assente em duas coisas: repensar a velocidade de The Front Page (Primeira Página, 1931) de Lewis Milestone dobrando ou triplicando o ritmo dos diálogos e transformar a personagem de Hildy Johnson numa mulher, complicando assim a relação das duas personagens principais do filme.

Eu vou aqui tentar ocupar-me principalmente da primeira coisa e portanto deixo só umas palavras sobre a segunda: acho agora impossível, graças à brilhante ideia de Hawks de trocar o sexo de Hildy Johnson (que lhe veio depois de uma leitura da peça em que o próprio Hawks leu os diálogos de Walter Burns e uma rapariga bem bonita leu o de Hildy), ver Johnson como outra coisa que não mulher e entre as quatro adaptações da famosa peça de Ben Hecht e Charles MacArthur fico com este filme e com Switching Channels (Linhas Trocadas, 1988) de Ted Kotcheff.

Refaçam-se filmes, repensem-se narrativas e transformem-se personagens. A “maldição” dos remakes, que é muito apregoada por aí com o remate final de que “Hollywood está sem ideias” é um falso problema. Hollywood sempre foi assim, o “original” não é forçosamente um emblema que se deva seguir às cegas e encarar como a última palavra sobre um enredo ou um grupo de personagens ou um assunto. Ainda bem que se refez The Front Page, Red Dust (Terra Abrasadora, 1937), The Thing from Another World (A Ameaça, 1951), The Desperate Hours (Horas de Desespero, 1955) e Village of the Damned (A Aldeia dos Malditos, 1960), para citar só alguns. E ainda bem que se andam a subsidiar as cervejas e os video-jogos de John Carpenter, que o F.E.A.R. e o Silent Hill não se jogam sozinhos.

Se calhar, Howard Hawks fez remakes a vida inteira. De filmes dele ou de filmes doutros por razões estéticas e políticas [o Front Page que dá no His Girl Friday e o High Noon (O Comboio Apitou Três Vezes, 1952) que dá no Rio Bravo (Rio Bravo, 1959) são os casos e as lutas mais conhecidas]. Se calhar a batalha de um realizador é a de fazer o remake supremo. Se esta não é a lição de todo o grande cineasta, é pelo menos a de Hawks e a do discípulo Carpenter, que sabem que é sempre possível desbravar por território conhecido (e que nunca é tão conhecido assim) nem tanto para atar pontas soltas mas para fazer duma obra um todo e passar tempo muito preciso a olhar para uma só coisa até o olhar se tornar cristalino. Lá para o fim de His Girl Friday percebe-se muito bem que o comboio de Hildy é a carruagem de Feathers no Rio Bravo e é o barco de Bonnie no Only Angels Have Wings (Paraíso Infernal, 1939) e de ‘Slim’ no To Have and Have Not (Ter ou Não Ter, 1944). A questão está em descobrir o processo do que atrasa e adia essas viagens.

No caso de Friday, essa questão leva-nos se calhar ao saber se o final é tão feliz assim. Mas que mal tem uma vida calma em Albany, Nova Iorque? Porque é que leva um redondo “não”? O Bruce Baldwin que parece Ralph Bellamy está sempre a ser atirado borda fora e é feito gato-sapato pelos tubarões que não separam o trabalho da vida nem a vida do trabalho.

Para Hildy Johnson, pode-se perceber perfeitamente o que significa este mundo, no momento em que ouve um som que não pode ser o toque de intervalo de uma escola porque “there’s no school this time of day” e lhe dá tusa de jornalista porque pode ser um “good fire”, uma boa história. E nas cenas finais (na imagem acima) lá está ela a martelar na máquina de escrever ao mesmo ritmo ou mais rápido do que os diálogos do filme. É a forma concretizada no conteúdo e a realização de que havia mais nestes redobrares de velocidade do que refazer só o Page de Milestone. Era uma questão orgânica, também. É tudo tão rápido neste filme. Fala tudo por cima de toda a gente. E é capaz de ser difícil dizer que não quando o mundo nos arrasta assim de forma tão insistente, teimosa e sedutora para ele. Hildy vê nesses sons e nessa engrenagem um portal não para documentar mas para fazer e controlar os acontecimentos. Ameaçar governadores, presidentes e chefes de polícia com um regalo enorme nos olhos. O fazer-se o bem é uma coisa secundária, aqui. E como já alguém disse, Hawks não nos ilude e faz esquecer que há um condenado à morte preso e dependente de todos aqueles jogos de poder. Nunca.

Lembro-me agora doutra cena que ganha outros contornos por causa das velocidades redobradas. Depois de durante minutos a fio se terem martelado palavras e palavras por “dá-cá-aquela-palha”, Mollie Malloy sai da sala-de-imprensa a insultar os jornalistas por a terem usado para ganharem uns trocos. E há um silêncio. Mas um silêncio de morte. A máquina não pode parar, porque se pára começa a ver as coisas doutra maneira. E cai o alçapão. Estão a ver se funciona… Pá, se calhar o melhor era irmos todos passar uma temporada valente a Albany.

His Girl Friday passa no próximo dia 9 de Abril, terça-feira, às 15h30 na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
1940'sBen HechtCharles MacArthurHoward HawksJohn CarpenterJoseph McBrideLewis MilestoneTed Kotcheff

João Palhares

"You are truly a pile of dog shit, Cardinal."

Artigos relacionados

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

  • Críticas

    “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

  • Críticas

    “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023
  • O sol a sombra a cal

    23 de Janeiro, 2023
  • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

    18 de Janeiro, 2023
  • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

    17 de Janeiro, 2023
  • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

    16 de Janeiro, 2023
  • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

    13 de Janeiro, 2023
  • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

    11 de Janeiro, 2023
  • “Broker”: ‘babylifters’

    10 de Janeiro, 2023
  • Vamos ouvir mais uma vez: está tudo bem (só que não)

    9 de Janeiro, 2023
  • “Vendredi soir”: febre de sexta-feira à noite

    5 de Janeiro, 2023
  • “The Fabelmans”: ‘in the end… you got the girl’ 

    3 de Janeiro, 2023
  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023

Etiquetas

1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.