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Conte de Primetimes

De Ricardo Vieira Lisboa · Em 31 de Maio, 2013

Parece que nem as flores querem brotar dos galhos com o tempo que faz por cá. Nem as flores brotam nem as palavras fluem como nos filmes de Rohmer, como podiam com um frio destes? Parece que o clima não nos quer fora de casa – o vento quer a paisagem só para si – e por isso nós, como servos obedientes da atmosfera, ficamos por entre mantinhas e cobertores à espera que o tempo convide a sair. Como a vida entre paredes pode ser muito aborrecida – não que isso se aplique necessariamente à vida entre cobertores – há que ocupar-nos com algo. Nem de propósito, desde o último número desta crónica até ao presente momento estrearam nas salas nacionais 10 filmes portugueses (entre curtas e longas, de ficção ou documentais). Talvez o borriço seja um sinal divino para que não nos esqueçamos dos filmes que se fazem por cá, ou então nem por isso.

Este pico na estreias de filmes nacionais não é inesperado, ao contrário da ventania e do ar gélido em pleno Maio, é algo que vem ocorrendo em anos recentes e que revela uma previsibilidade das distribuidoras e da forma como estas tratam os filmes que vão estreando ao longo do ano – tratamento que corresponde à réplica possível daquilo que se faz pelo mundo fora.

Nos meses de Março, Abril e Maio há sempre um pico de estreias de filmes nacionais (pelo menos desde 2008) que corresponde quase sempre a perto de metade das estreias de filmes portugueses nos anos correspondentes (com excepção do ano de 2010, em que nesses três meses estrearam 10 de um total de 36 filmes lusos; por outro lado, no ano passado, nestes três meses, estrearam mais filmes do que nos meses remanescentes – 14  versus 12). Mas se juntarmos a estes três os três meses de Setembro, Outubro e Novembro, então abarcamos a quase totalidade das estreias desse ano. É portanto evidente que nos restantes 6 meses do ano os filmes portugueses que se podem ver são raros ou, contrariamente, são os mais populares dos filmes nacionais estreados nas épocas nobres. Tentam competir com as estreias dos grandes filmes estrangeiros (os blockbusters de Verão – penso em Morangos com Açúcar – O Filme ou o terceiro episódio da saga Balas e Bolinhos, ambos estreados no Verão do ano passado – ou os ‘filmes de prestígio’ do final do ano – penso em Amália, estreado no final de 2008). De qualquer forma, tanto Agosto/Julho como Janeiro/Fevereiro são meses tendencialmente desérticos quanto à estreia de filmes portugueses.

O motivo para tal irregularidade é óbvio: nos primeiros meses do ano as nossas salas estão ocupadas pelos filmes que terminam as suas carreiras pelos festivais e/ou se apresentam como concorrentes aos Oscars, enchendo as semanas que antecedem a cerimónia; quanto ao marasmo veraneante, é causado pela omnipresença do “filme-pipoca” que tem início no mês de Maio (este ano começou com o mais recente episódio da saga de Iron Man)  e se prolonga até ao início do mês de Setembro. A precedência destes filmes – invariavelmente êxitos de bilheteira – sobre qualquer outro tipo de produção garante que restam poucos locais onde despejar (entre outros) os filmes portugueses – já que o Outono se guarda para os trunfos da santa trindade dos festivais: Cannes/Veneza/Berlim.

Os dez filmes em causa são: É o Amor (2013) de João Canijo (Midas); O Frágil Som do Meu Motor (2013) de Leonardo António, República di Mininus (2012) de Flora Gomes (Zon); Sinais de Serenidade por Coisas sem Sentido (2012) de Sandro Aguilar, As Ondas (2012) de Miguel Fonseca, Solo (2012) de Mariana Gaivão (O Som e a Fúria); Além de Ti (2012) de João Marco  (Costa do Castelo); Beat Girl (2012) de Mairtín de Barra  (BeActive); Photo (2012) de Carlos Saboga  (Leopardo); Fragmentos de Uma Observação Participativa (2013) de Filipa Reis e João Miller Guerra (Vende-se Filmes). Note-se que, em 10 filmes, tratamos de 7 distribuidoras diferentes, e parece-me que é aqui que se encontra a chave do problema. As várias distribuidoras competem entre si por um espectador que não está disponível para receber tantos filmes em tão curto intervalo de tempo. Isto garante que os filmes não são vistos pelo maior número de pessoas que podiam – já que estas se dispersam e o tempo de exibição de cada títulos é muito curto dada a alta rotatividade dos títulos em sala. Como solucionar isto? Estou em crer que só há duas alternativas: ou se cria um conglomerado entre as várias pequenas distribuidoras para fazer frente à posição dominante da Zon, concertando esforços e garantindo que os filmes não se comem uns aos outros – algo que soa altamente improvável, já que as querelas entre estas várias empresas são públicas e sanguíneas- ou pugna-se pela criação (através da Secretaria de Estado da Cultura ou das vereações camarárias) de um circuito de salas, fora do meio comercial dos multiplexes, direccionadas para a exibição de filmes nacionais (ou de origens e produções raramente distribuídas) levando-o à população de forma organizada e acessível – algo que o projecto da rede de cinema digital em parceria com os cineclubes e os cine-teatros poderia concretizar (mas, claramente, isto não é uma prioridade).

Se de facto é estapafúrdia a estreia de tantos filmes nacionais (para um público cuja capacidade de absorção para tais filmes é muito reduzida) em tão pouco tempo, ela revela um problema mais profundo no negócio da distribuição de filmes em Portugal: o excesso de estreias e a forma desconexa como estas acontecem. Mas isso deve-se ao peso desmesurado das majors estrangeiras que impõem mais de metade das estreias, sem grande intervenção dos parceiros nacionais.

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Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

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