• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Raridades 0

Getsuyobi no Yuka (1964) de Ko Nakahira

De Helena Ferreira · Em 25 de Junho, 2013

Escondida entre os títulos mais aclamados da Nuberu bagu japonesa dos anos 60 há uma pequena raridade que poucas vezes é mencionada. Getsuyobi no Yuka (Monday Girl ou Always on Mondays, 1964) de Ko Nakahira, com a encantadora Mariko Kaga, é uma pérola com laivos godardianos à espera de ser redescoberta. Une femme est une femme… em Yokohama.

Os anos 60 foram um tempo único de experimentação e transgressão para a juventude japonesa que crescera num pós-guerra marcado pela ocupação americana e por uma extraordinária recuperação económica. Foi um tempo de jazz, de protesto e de vanguarda e os jovens foram inspiração para vários cineastas. O mais antigo estúdio de cinema japonês então em funcionamento, Nikkatsu, produziu vários filmes representativos dessa “nova vaga”. Entre eles está o hoje largamente esquecido Getsuyobi no Yuka de Ko Nakahira.

Na Yokohama dos anos 60, cujo cosmopolitismo é indicado desde a abertura multilingue, cruzam-se todo o género de seres com todo o género de interesses. Japoneses, americanos, jamaicanos, comerciantes, adúlteros, prostitutas, apaixonados, homens e mulheres em busca de negócios, de sexo, de dinheiro… e de amor. Por entre ruas cheias de gente, um porto de grande movimento e clubes da moda encontramos Yuka (Mariko Kaga), a jovem mulher que busca uma afeição diferente no seu patrono (Takeshi Kato), que é um homem de negócios casado e com uma filha, e no jovem faroleiro que está fascinado por ela, Osamu (Akira Nakao).

Filmado num preto-e-branco com momentos lindíssimos (como os de Yuka e Osamu pelas ruas ou o final) e com uma fantástica banda sonora, Getsuyobi no Yuka centra-se num grupo de figuras que se movem em terrenos onde as fronteiras sociais entre o respeitável e o ilícito estão esbatidas, todos com os seus podres e fraquezas, filmados com um sentido crítico mas também com humor. Yuka emerge do lodaçal da vida contemporânea como um ser de honestidade particular, talvez a única que não finge o que é (até quando finge!) e cujas tentativas de conservar uma réstia de si intocada (o não beijar) e de querer reproduzir a figura da filha do seu amante são tão pueris como encantadoras. Afinal Yuka está ali para ser adorada pelas personagens que gravitam à sua volta e, via as imagens que vemos, está ali para ser adorada por nós todos também.

A câmara está enamorada de Mariko Kaga como a câmara de Godard em Une Femme est une Femme (Uma Mulher é uma Mulher, 1961) – filme com o qual Getsuyobi no Yuka tem alguns pontos de contacto – estava enamorada de Anna Karina. O seu rosto e o seu corpo povoam quase todos os planos do filme, a sua beleza, a sua peculiar inocência, os seus desejos e a força dos seus sentimentos arrastam planos e personagens, porque todo o filme só existe porque ela é ela e ela está ali.

Getsuyobi no Yuka, com tudo o que explora da sensualidade de Mariko Maga, não deixa de ser também um filme sobre a solidão de uma mulher. Yuka percebe que não terá o Sunday kind of love que almeja, que está condenada a ser a Monday girl de um dos títulos em inglês. O seu acto final é um sereno gesto de auto-preservação, tão terrível como poderoso pela afirmação tão subtil. Yuka sobrevive a todos os homens e a todas as injustiças porque é um ser à parte. Um ser feito dessa matéria eterna chamada cinema, e nascido desse novo olhar nouvelle-vaguiano sobre a vida.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
1960'sAkira NakaoAnna KarinaJean-Luc GodardKo NakahiraMariko KagaTakeshi Kato

Helena Ferreira

“Maybe, too, the screen was really a screen. It screened us... from the world” (The Dreamers)

Artigos relacionados

  • Críticas

    “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

  • Contra-campo

    “Aftersun”: a tensão suave da memória

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • Não à blindagem

    6 de Fevereiro, 2023
  • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

    3 de Fevereiro, 2023
  • “Aftersun”: a tensão suave da memória

    1 de Fevereiro, 2023
  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023
  • O sol a sombra a cal

    23 de Janeiro, 2023
  • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

    18 de Janeiro, 2023
  • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

    17 de Janeiro, 2023
  • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

    16 de Janeiro, 2023
  • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

    13 de Janeiro, 2023
  • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

    11 de Janeiro, 2023
  • “Broker”: ‘babylifters’

    10 de Janeiro, 2023
  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • Não à blindagem

    6 de Fevereiro, 2023
  • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

    3 de Fevereiro, 2023
  • “Aftersun”: a tensão suave da memória

    1 de Fevereiro, 2023
  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023

Etiquetas

1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.