• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Noutras Salas 0

Da Shanghai (2012) de Wong Jing

De Helena Ferreira · Em 21 de Janeiro, 2014

Começa amanhã a 5.ª edição da Mostra de Cinema de Hong Kong, uma das raras oportunidades que existem anualmente para ver filmes asiáticos no cinema em Portugal. Um dos títulos mais sonantes da edição deste ano é Da Shanghai (The Last Tycoon, 2012), do conhecido realizador, produtor e argumentista Wong Jing. O seu mais recente trabalho é uma súmula de ingredientes que celebrizaram o cinema de Hong Kong nos anos 1980s e 1990s e que o mantêm de saúde na sua nova fase de co-produções com a China continental.

LastTycoon

Da Shanghai – cujo título original quer dizer “Grande Shanghai” e é também o nome do clube nocturno do protagonista (provavelmente inspirado no Da Shijie / Great World, construído em 1917) – é como um medley: tem um pouco de tudo o que se julga melhor de êxitos passados conhecidos pelo grande público. É simultaneamente um filme de gangsters, um drama romântico e um filme de guerra. Tem sequências de acção a piscar o olho a John Woo (por exemplo, a da igreja), cenas de tensão romântica que evocam abertamente Wong Kar-Wai e tem até laivos de filme de espionagem e guerra que não destoam da nova moda de filmes chineses ambientados na Segunda Guerra Sino-Japonesa [como Se, jie (Sedução, Conspiração, 2007) de Ang Lee]. Mas Da Shanghai tem algo ainda mais importante, tem Chow Yun-Fat, uma das maiores estrelas do cinema de Hong Kong que tem brilhado também na China continental e até nos EUA, e o filme trabalha a sua figura icónica melhor que um outro filme recente ambientado no mesmo período, Shanghai (2010) de Mikael Håfström.

Chow é Cheng Daqi, um poderoso e influente “chefão” que ascendeu do nada nos anos 1910s. Boa parte do filme é constituído por flashbacks para o passado de Cheng, qual crónica da sua ascensão pautada por violência mas também por lealdade ao seu chefe, Huang Shouting (Sammo Hung numa personagem inspirada em Huang Jinrong). Curiosamente, a personagem de Cheng enquanto jovem é interpretada por um outro actor, Huang Xiaoming, que se destacara numa série chamada Xin Shanghai tan (Shanghai Bund), onde Chow participara numa versão anterior, e que se passa precisamente entre gangsters de Xangai nos anos 1930s.

Embora o filme tenha um ambiente amplamente masculino, há ainda espaço para não uma, mas duas histórias de amor: a de Cheng por Ye Ziqiu, uma estrela de ópera de Pequim, e dele por Bao, uma chanteuse de Xangai. A primeira, com ecos de Casablanca (1942) – a que não falta uma cedência de lugar num avião para fora da cidade, uma citação mais que evidente -, a segunda bem mais na linha das sacrificiais “mulheres perdidas” que povoam filmes de gangsters. Ambas são figuras femininas decorativas, apesar de uma cena com ópera de Pequim ser das mais bem conseguidas do filme.

Embora fazendo referência aos anos 10, a acção principal do filme desenrola-se em 1937 e 1940, no início da ocupação japonesa e numa fase um pouco mais avançada desta. As cenas da batalha de Xangai têm alguns momentos de interessante reconstituição histórica mas o cerne da questão é, em linha com outras tantas produções recentes, a recusa de Cheng em colaborar com os japoneses, contrastando com Mao Zai (outro célebre nome do cinema de Hong Kong, Francis Ng), que funciona como a figura maléfica que ensina Cheng a matar e trairá o seu país.

A Segunda Guerra Sino-Japonesa tem sido tema de várias grandes produções chinesas dos últimos anos [como Jinling Shisan Chai (As Flores da Guerra, 2011) de Zhang Yimou, Yi jiu si er (Back to 1942, 2012) de Feng Xiaogang ou Yi dai zong shi (O Grande Mestre, 2012) de Wong Kar-Wai], com resultados variáveis mas com uma curiosa ressonância política. Da Shanghai entra numa categoria de maior entretimento e menor procura de reflexão histórica, estando bem longe do subtil jogo de ambiguidades e desejos de Se, jie. Aliás, é notório o retrato maniqueísta de Cheng, um bom “padrinho” que até proíbe drogas e prostituição! Dadas as referências a Du Yuesheng como fonte de inspiração para a personagem, um pouco mais de complexidade seria de esperar.

Apesar do argumento pouco trabalhado, Da Shanghai tem outros pontos a seu favor como filme de entretenimento de grande orçamento que é (e quer ser, pois isto é cinema de massas made in Hong Kong, não é realismo observacional ou documentário de guerra): os cenários (incluindo papel de parede!) e guarda-roupa (nomeadamente os luxuosos qipao) reflectem com habilidade a atenção dada ao potencial da nostalgia pela old Shanghai, as sequências de acção e romance usam os truques do ofício como a câmara lenta com resultados assegurados de espectacularidade (veja-se a cena dos guarda-chuvas), e aos videoclipescos segmentos românticos não falta um tema de um cantor conhecido.

Da Shanghai é como uma compilação de momentos típicos do cinema de entretenimento de Hong Kong em duas horas (excepto a comédia), recomendável para apreciadores do género ou para quem quer saber o que é um blockbuster não feito em Hollywood.

Da Shanghai será exibido dia 25 às 21:45 no Cinema City Classic Alvalade, em Lisboa

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sAng LeeChow Yun-FatFeng XiaogangFrancis NgHuang XiaomingJohn WooSammo HungWong JingWong Kar-waiZhang Yimou

Helena Ferreira

“Maybe, too, the screen was really a screen. It screened us... from the world” (The Dreamers)

Artigos relacionados

  • Críticas

    “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

  • Contra-campo

    “Aftersun”: a tensão suave da memória

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

Sem Comentários

  • Vítor Barreira diz: 23 de Janeiro, 2014 em 19:49

    A KINO 2014

    Como é do conhecimento geral, a Alemanha, ou o espaço geográfico europeu de língua alemã, é, sempre foi, um dos principais focos criativos de produção e distribuição de cinema na europa, a par, ou melhor, muito para além, da França ou do espaço francófono da Europa e também da Rússia ou, se quisermos, do espaço eslavo oriental (Rússia, Bielorússia e Ucrânia); coloquemos fora deste patamar o cinema relativamente insignificante produzido na Grã-Bretanha, cuja cultura pragmática e materialista, salvaguardando algumas excepções, não é vocacionada para produzir cinema de qualidade, assim como o cinema oriundo da Itália, que desde o fim do período auréo do neo-realismo entrou em decadência e nesse estado se mantém até aos nossos dias.

    No caso do cinema de expressão alemã em geral, e do cinema alemão em particular, a afirmação anterior comprova-se com os dados da história do cinema: o cinema do período da República de Weimar (1919 – 1933), nos seus três principais movimentos estéticos: o expressionismo, o realismo e o abstracionismo, que tiveram como principais representantes, respectivamente, F. W. Murnau, Georg W. Pabst e Walter Ruttmann, foi o mais vigoroso, pujante e criativo cinema produzido na Europa daquela época; o cinema do período da reconstrução da Alemanha (1962 – 1982), que se inicia com o Manifesto de Oberhausen e termina com a morte de R. W. Fassbinder, e que teve como nomes mais proeminentes o próprio Fassbinder, Hans-Jurgens Syberberg e Edgar Reitz (Wim Wenders realizou principalmente filmes influenciados pelo cinema norte-americano e Werner Herzog, apesar dos comentários da historiadora de cinema Lotte Eisner, realizou principalmente filmes atípicos, embora muito marcados pela veneração da natureza, que se pode filiar no movimento romântico alemão do Século XIX), foi um dos períodos mais florescentes do cinema europeu e mundial, não havendo outra cinematografia que lhe estivesse à altura.

    Actualmente, a vitalidade do cinema alemão, ou mais amplamente do cinema de expressão alemã, é assegurada pelo denominado «Cinema da Escola de Berlim», isto é, pelo cinema criado principalmente pelos directores formados na Escola de Cinema e Televisão de Berlim, e que estão esteticamente envolvidos no projecto da revista de cinema alemã «Revolver»; este tipo de cinema, que teve início na década de 1990, tem como autores mais destacados Christian Petzold, Thomas Arslan, e Angela Schanelec (esta autora é de longe a minha preferida, o seu cinema é simplesmente sublime), na primeira geração, e Maren Ade, Nicolas Wackerbarth, e Ramon Zurcher, na segunda geração; as marcas típicas deste tipo cinema, quer nas suas opções estéticas (forma) quer nos seus compromissos socio-economicos (conteúdo), são facilmente identificáveis, mas por implicar um certo desenvolvimento de texto e de espaço, não procederei aqui a essa identificação, remetendo antes para o autorizadíssimo estudo sobre este tipo de cinema e os seus autores realizado pelo professor de cinema norte-americano Marco Abel, «The Counter-Cinema of the Berlin School, Camden House, 2013», ou para os textos do catálogo que acompanhou a mostra de filmes de directores da escola de cinema Berlim, entre 20Nov a 06Dec2013, no Museu de Arte Moderna de Nova York, «The Berlin School: Films from the Berliner Schule», The Museum of Modern Art, New York, 2013.

    Sendo o cinema alemão, ou de expressão alemã (que inclui também a Áustria, Luxemburgo e a Suíça), quer no passado quer no presente, um cinema de grande vitalidade e energia criativa, deveria, em princípio, haver interesse na sua distribuição e exibição comercial em Portugal, em alternativa ou complemento do cinema norte-americano, e assim permitir o acesso e fruição de um cinema de qualidade aos cinéfilos e aos apreciadores de cinema portugueses; como se sabe não é essa a realidade. Também a Cinemateca Portuguesa poderia exibir cinema de expressão alemã com mais frequência e manter os seus utentes actualizados relativamente ao que de mais recente e inovador se realiza em matéria de cinema naquele espaço cultural, funcionando em regime de supletividade relativamente às insuficiências do mercado cinematográfico português, mas para isso seria necessário que a Cinemateca estivesse a cumprir a sua missão e houvesse também alguma sanidade mental na cabecinha dos responsáveis daquela instituição; como sabemos não é essa a realidade. Em Portugal a divulgação do cinema de expressão alemã tem sido assumida, quase exclusivamente, pelo Goethe Institut, em colaboração com as embaixadas dos outros três países de língua alemã, numa mostra de filmes que se realiza, todos os anos, na última semana do mês de Janeiro (o mês mais frio do ano), a KINO – Mostra de Cinema de expressão Alemã; a KINO, que este ano celebra a sua 11.º edição e é apresentada também nas cidades do Porto e Coimbra, felizmente, cumpre mais uma vez a sua missão de divulgar em Portugal o melhor que o cinema de expressão alemã produziu no último ano, assim superando as insuficiências e as lacunas do mercado português e permitindo ao público cinéfilo português, sobretudo os apreciadores do cinema germânico, o gosto, a fruição, o prazer de ver filmes alemães e falados na bonita língua alemã. A KINO 2014, não sendo tão generosa, quantitativa e qualitativamente, como foram algumas das suas edições anteriores, mantém, no entanto, uma programação de elevado nível de qualidade, havendo a destacar, pelo menos, cinco filmes: OH BOY (2012), de Jan-Ole Gerster, GNADE/ Compaixão (2012), de Matthias Glasner, DAS MERKWURDIGE KATZEN/ O Gatinho Estranho (2013), de Ramon Zurcher, e ZWEI LEBEN/ Duas Vidas (2012), de Georg Maas, – estes quatro filmes têm a assinatura dos quatro directores mais talentosos e promissores da nova geração do cinema da escola de Berlim, e FINSTERWORLD (2013), de Frauke Finsterwalder.

    Lamento, lamento sincera e profundamente, que o blog À pala de Walsh e os seus colaboradores não se tenham associado à divulgação da KINO 2014, e dos filmes incluídos na sua programação, através de uma parceria institucional, ou simplesmente por uma via informal, preferindo o silêncio, a omissão, ou o desinteresse, menosprezando, desse modo, um dos mais relevantes eventos cinematográficos e culturais no nosso país.

    Inicie a sessão para responder
  • Luís Mendonça diz: 24 de Janeiro, 2014 em 0:56

    Caro Vítor,

    Obrigado pela mensagem.

    Nós divulgámos o Kino na nossa página do Facebook. A cobertura de eventos depende, neste site, da vontade, interesse e/ou disponibilidade (geográfica e até horária) de cada um dos nossos colaboradores. Apesar da não cobertura dada ao Kino, só lhe queria dar a garantia de que de modo algum quisemos menosprezar este evento e que, no futuro, teremos em linha de conta as impressões e reflexões que aqui nos transmite.

    Cumprimentos,

    Inicie a sessão para responder
  • Ye meigui zhi lian (1960) de Wang Tian-lin | À pala de Walsh diz: 30 de Março, 2014 em 18:09

    […] pela romanização a partir do cantonense Wong Tin-lam [pai do realizador Wong Jing, que assinou Da Shanghai (The Last Tycoon, 2012)], que, como Grace, nasceu em Xangai e construiu a carreira em Hong Kong nos […]

    Inicie a sessão para responder
  • Deixe uma resposta

    Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

    Últimas

    • Não à blindagem

      6 de Fevereiro, 2023
    • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

      3 de Fevereiro, 2023
    • “Aftersun”: a tensão suave da memória

      1 de Fevereiro, 2023
    • “Time to Love”: amor, um caminho interior

      31 de Janeiro, 2023
    • Apocalypse Now: as portas da percepção

      30 de Janeiro, 2023
    • A medida das coisas

      26 de Janeiro, 2023
    • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

      25 de Janeiro, 2023
    • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

      24 de Janeiro, 2023
    • O sol a sombra a cal

      23 de Janeiro, 2023
    • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

      18 de Janeiro, 2023
    • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

      17 de Janeiro, 2023
    • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

      16 de Janeiro, 2023
    • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

      13 de Janeiro, 2023
    • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

      11 de Janeiro, 2023
    • “Broker”: ‘babylifters’

      10 de Janeiro, 2023
    • Quem Somos
    • Colaboradores
    • Newsletter

    À Pala de Walsh

    No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

    Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

    apaladewalsh@gmail.com

    Últimas

    • Não à blindagem

      6 de Fevereiro, 2023
    • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

      3 de Fevereiro, 2023
    • “Aftersun”: a tensão suave da memória

      1 de Fevereiro, 2023
    • “Time to Love”: amor, um caminho interior

      31 de Janeiro, 2023
    • Apocalypse Now: as portas da percepção

      30 de Janeiro, 2023

    Etiquetas

    1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

    Categorias

    Arquivo

    Pesquisar

    © 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.