Tem início no próximo sábado, dia 5 de Julho, a edição 2014 do Curtas Vila do Conde, a vigésima segunda do festival já com provas dadas como um dos mais importantes no circuito nacional. Até dia 13 de Julho, dia de encerramento, não faltarão motivos de interesse a justificar uma visita, dado o amplo programa proposto pelas diferentes secções do festival. Desde logo, destaque para o filme de abertura, Night Moves [dia 5, 21h30], o novo filme de Kelly Reichardt, que será exibido como parte de uma retrospectiva dedicada à cineasta norte-americana, que estará presente em Vila do Conde, com encontro marcado para falar sobre os seus filmes com a audiência do Curtas [dia 10, 15h]. Reichardt é um dos nomes mais importantes do actual cinema americano independente, que através de um registo minimalista, histórias sobre marginais da sociedade e retratos íntimos das personagens que estuda, evidencia assim uma maior ressonância emocional em filmes como Old Joy (2006) [dia 7, 21h], Wendy and Lucy (2008) [dia 9, 18h30] e Meek’s Cutoff (O Atalho, 2010) [dia 8, 16h45] – oportunidade única também para descobrir o seu desconhecido primeiro filme, River of Grass [dia 10, 21h45)].
A secção de competição nacional é por norma a de maior interesse e este ano não deverá ser excepção. Nesta edição, o festival apresenta obras novas de nomes consagrados e emergentes do cinema português, como Salomé Lamas com Le Boudin [dia 8 às 21h e dia 9 às 20h], Jacinto Lucas Pires com Levantamento [dia 9 às 21h e dia 10 às 20h], Miguel Clara Vasconcelos com O Triângulo Dourado [dia 9 às 21h e dia 10 às 20h], Rodrigo Areias com Cinema [dia 10 às 21h e dia 11 às 20h], Sandro Aguilar com False Twins [dia 10 às 21h e dia 11 às 20h], Teresa Villaverde com Sara e a sua mãe [dia 10 às 21h e dia 11 às 20h], curta incluída no projecto colectivo Pontes de Sarajevo, e Gabriel Abrantes com Taprobana [dia 11 às 21h e dia 12 às 20h]. Paralelamente à competitição, é possível ainda ver outras obras de autores portugueses na secção Panorama Nacional, onde se destacam os filmes Bicicleta [dia 6, 23h], de Luís Vieira Campos, filmado no bairro do Aleixo no Porto e com argumento do escritor Valter Hugo Mãe, e as duas curtas portuguesas exibidas em Cannes este ano, A Caça-Revoluções [dia 6, 23h] de Margarida Rego e Boa Noite Cinderela de Carlos Conceição [dia 7, 21h45]. A completar a mostra de talento nacional, repete-se o formato de filmes-concerto que foram aposta em edições anteriores, este ano com a presença de peixe:avião, Filho da Mãe com Jibóia, Sensible Soccers com Pedro Maia, e Vítor Rua com Chris Cutler.
A nível internacional, na secção de competição destacam-se os filmes de Clemens von Wedemeyer com The Cast: Procession (O Elenco: procissão) [dia 7 às 22h30 e dia 10 às 23h30], ficção sobre um incidente em 1958 na Cinecittà, durante as rodagens do filme Ben-Hur (1959), quando milhares de figurantes tentaram forçar os portões e entrar nos estúdios a pedir trabalho; de Víctor Cerdán com Radio Atacama [dia 7 às 22h30 e dia 10 às 23h30], documentário sobre a evacuação ordenada pelo governo chileno em 1966 de uma pequena cidade no meio do deserto Atacama, e do único residente que ficou para trás, onde sobreviveu sozinho durante 13 anos; Jutra, de Marie-Josée Saint-Pierre, um retrato cinéfilo de Claude Jutra, o realizador de Mon oncle Antoine (1971) [dia 6 às 21h45, dia 9 às 17h]; destaque ainda para o novo filme de Valérie Massadian, America [dia 7 às 23h30 e dia 11 às 17h] e para o filme de Frieder Schlaich, Three Stones for Jean Genet (Três Pedras para Jean Genet) [dia 9 às 23h30 e dia 11 às 22h30h], com a participação da cantora Patti Smith.
Além das competições referidas, o festival conta com duas outras secções de relevo. Em ano de mundial, o festival apresenta uma série de filmes relacionados de alguma forma com o futebol, onde poderemos assistir a Al doilea joc (O Segundo Jogo) [dia 7 às 17h], a nova longa-metragem do romeno Corneliu Porumboiu, documentário sobre um jogo entre duas equipas de Bucareste, revisitado por Porumboiu e o seu pai, árbitro desse encontro; e Forza Bastia [dia 11, 21h45] de Jacques Tati, filme recuperado pela filha Sophie Tatischeff, também ela realizadora, que editou o material até então desconhecido e descoberto anos mais tarde na cave da família, filmado por Tati durante a primeira mão da final da taça UEFA em 1987. A outra secção especial é dedicada a Michelangelo Antonioni, com a exibição integral das suas curtas metragens em duas sessões [dia 8 às 21h45 e dia 9 às 21h45], completadas com duas longas e uma exposição dedicada ao seu legado na Galeria Solar, intitulada Aventura Antonioni, onde estarão patentes novas obras inspiradas pelo realizador italiano.
Por fim, o festival exibirá ainda na sessão de encerramento [dia 12, 22h30] uma selecção de curtas-metragens do projecto colectivo Pontes de Sarajevo, em que a cidade é a protagonista, composta por filmes assinados por Jean-Luc Godard, Ursula Meier, Sergei Loznitsa, Vincenzo Marra e Cristi Puiu.
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