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Is the Man Who Is Tall Happy?: An Animated Conversation with Noam Chomsky (2013) de Michel Gondry

De Carlos Natálio · Em 10 de Dezembro, 2014

Numa altura em que ainda recuperamos do charme da prisão de um ex-primeiro-ministro e sobretudo de toda esta conversa de trincheiras numa guerra de opiniões mais ou menos vazias entre o que está contra e o que está a favor, pergunto-me se é possível ver esta “entrevista animada” de Michel Gondry a Noam Chomsky sem se ser tentado a deixar-se influenciar pelo sentimento que possamos nutrir por um ou outro homem. A pergunta parece ter resposta clara, não não é possível. Mas talvez nem seja desejável pois o encontro entre estas duas pessoas tão diferentes talvez ajude a explicar o que gostamos ou não numa e noutra.

Is the Man Who Is Tall Happy?- An Animated Conversation with Noam Chomsky (2013) de Michel Gondry

Há pelos menos dois tópicos que fazem os ódios ou delícias daquele que já foi chamado o “Ayatollah do ódio anti-americano” ou o mais notável dos pensadores contemporâneos. Por um lado, o seu trabalho sobre as estruturas inatas da linguagem no humano, fagulha da psicologia cognitiva em todo o seu esplendor, com tudo aquilo que se possam opor a uma visão behaviourista, desconstrucionista e pós-moderna da cognição e da experiência. Por outro, a dimensão política em Chomsky, que aqui Gondry decide evitar e que está bastante próxima das ideias do anarco-sindicalismo e é muito crítica do regime imperialista norte-americano caracterizado pela sua “manufactura de consensos” e agitação do “cacetete da propaganda” na democracia.

Por sua vez, toda a carreira de Gondry, com a seu foque apontado à pequena-grande emoção e ao lirismo do quotidiano e do sonho, parece ter sido feita para provar que Chomsky pudesse talvez estar equivocado com a sua concepção demasiado cerebralista, neo-cartesiana da ciência e do mundo. Começou com videoclips para a sua banda Oui Oui, e depois trabalhou com a Bjork, os Chemical Brothers, etc. Ganhou um Oscar de melhor argumento juntamente com Charlie Kauffman em The Eternal Sunshine of the Spotless Mind (O Despertar da Mente, 2004) e mais tarde entreteve-se com a questão dos sonhos [La science des rêves (A Ciência dos Sonhos, 2006)] e da magnetização dos cérebros na comédia Be Kind Rewind (Por Favor Rebobine, 2008) com Jack Black.

Só por estes traços largos e temas de interesse percebemos o fascínio que Gondry nutre pela figura de Chomsky. Esse fascínio timorato é aliás parte do filme com momentos em que o francês, com o seu inglês macarrónico, nos vai contando como ou ele ou Chomsky não se percebem um ou outro. Esse “lost in translation” que é aqui muito um “lost in structures of thinking” é mais importante do que possa parecer. Por dois motivos. O primeiro porque Gondry conta ao seu entrevistado que usa muitas vezes o facto de não perceber bem o inglês ou não entenderem por vezes o que quer dizer como fonte de inspiração. No filme acontece este bloqueio de comunicação, preciosidade do acaso, precisamente com a palavra “endowment”, literalizando na conversa dos dois muito do que poderá estar em causa com a teoria de Chomsky. Ao incluir este momento no filme, ao fazer da falha inspiração criativa, Gondry está a “provar” a Chomsky que esse exterior (ao qual segundo ele imporíamos a nossa percepção e interpretação) é dinâmico e co-actuante com a própria estrutura cognitiva. O segundo motivo porque esse desencontro, que simplisticamente podia ser definido como o “desajuste” entre a arte e a ciência, ajuda a perceber o que falta a um e a outro.

Alan Scherstuhl, editor da Village Voice, fala um pouco dessa complementaridade entre a seriedade e o arabesco a propósito do filme, designamente evocando o episódio em que Gondry faz uma pergunta Daniel Oliveira (o do “Alta Definição) a Noam Chomsky: o que é que o faz feliz? A resposta é simples: as crianças os netos, os amigos… Mas não passa muito tempo a pensar nisso. Esse “nisso” é a especialidade de Gondry e são desse “nisso” de que são feitas todas as animações com que este ilustra os conceitos, as imagens, a vida do norte americano. Os óculos azuis no cabelo comprido, as bicicletas dos passeios com a mulher, as árvores ou os barcos dos dilemas da percepção e da identidade. Gondry insufla “felicidade” na percepção de Chomsky, assim como este refreia o automatismo lírico de Gondry. É aliás essa dimensão mais pessoal, que ajuda o francês a unir-se com o filme aquilo que mais me desune a ele enquanto objecto de encontros e desencontros de automatismos, enquanto princípio do pensamento como fluxo e relação algo que opõe Chomsky a parte da “french theory”.

Prova do inato para Chomsky é a frase do título “Is the man who is tall happy?”, que quando convertida em pergunta por crianças inglesas, a partir da afirmação “the man who is tall is happy”, nunca degenera  no erro: “Is the man who tall is happy”.

Se para Chomsky isso é a prova provada dessa capacidade inata para a aprendizagem de estruturas linguísticas no ser humano, pode também traduzir-se, digo eu, assim:

O homem que é feliz é alto. É feliz o homem alto? O filme de Michel Gondry é um bom filme. É o filme de Michel Gondry um bom filme?

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Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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