F.: Où tu vas bordel ?
(…)
F. : Où allez vous ?
H. : Là où il faut.
Onde vais Godard? Ninguém sabe. Aliás, nunca ninguém soube, desde os primeiros momentos em que, deixando-se ir pela nouvelle vague, ao mesmo tempo que a modelava, surfava a vaga. Entretanto politizou-se, decretou a morte do cinema, fechou-se num bunker-estúdio-villa-labirinto-biblioteca na Suíça artilhada de Canons 5 D, go pros, smart phones, etc. e, de x em x tempo, le grand provocateur agita o mundo, fá-lo mexer, quer seja dizendo que Hitler devia vir nas notas francesas, quer propondo, como no último Filme Socialisme (Filme Socialismo, 2010) que o cinemascope é o formato do dólar. Sound bites cuja obscuridade parece inversamente proporcional à sua eficácia de actuação no “temps de cerveaux disponible” mercantilizável e, por isso mesmo, modelável.
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.