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Críticas, Em Sala 0

Escobar: Paradise Lost (2014) de Andrea Di Stefano

De Carlos Natálio · Em 27 de Fevereiro, 2015

Façamos um esforço macaquinho de imaginação: lembrem-se das cenas iniciais dessa grande obra chamada Meet the Parents, com esse título em português ainda mais vultuoso, Um Sogro do Pior. Nelas, a personagem de Ben Stiller conhecia o desconfiadíssimo sogro, um De Niro em modo cartoon dos sogros típicos na mente de meia população norte-americana masculina abaixo dos trinta. Agora imaginem que em vez de um pai reformado da CIA de hard shell mas soft inside, temos um tio colombiano que por acaso acontece ser o gordinho Benicio del Toro que por acaso acontece estar a fazer de Pablo Escobar, só o traficante de droga mais poderoso de todos os tempos. Mas não, isto não é uma comédia.

Escobar- Paradise Lost (Escobar, Paraíso Perdido, 2014) de Andrea Di Stefano

Bom talvez nem seja assim tão verdade pois há um lado ligeiro nisto tudo. Há fragmentos da dita comédia romântica se tivermos em conta que o “herói” é um surfista canadiano (!), que resolve ir para o tal país da América Latina com o seu irmão para abrir um bar junto à praia e dar aulas de surf, e que quando não está a ser atacado por cães raivosos pertencentes aos gangs locais que querem diñero para eles lá montarem o estaminé, se apaixona pela miúda mais gira e latina do pedaço, Maria. A prova, está bom de ver, é que ele para entrar na família tem de cair nas boas graças do tio magnata da cocaína, poderoso político local e distribuidor de maços de notas nas horas mortas.

Ainda há mais comédia, infelizmente, involuntária. Del Toro, que parece nunca ter recuperado verdadeiramente da barriga de Fear and Loathing and Las Vegas (Delírio em Las Vegas, 1998) e que até já foi herói revolucionário lá para aquelas bandas [Che (Che- O Argentino, 2008)], constrói aqui um Escobar de personalidade dupla. Quer dizer, o seu corpo e rosto, nos sítios certos, mostram o alternância entre a ligeireza e paixão do hombre de familia e a fibra cruel que o carneirismo morto do seu olhar nos dá. Mas a “comédia” de Escobar vem do argumento de Di Stefano, que aqui se estreia também na realização, pois exacerba até à náusea aquele tique interessante de ter uma personagem má rodeada de elementos de inocência para mostrar a sua ambivalência e, neste caso, para provar que ele não matava, apenas mandava fazê-lo. O resultado é que Del Toro passa o filme todo a nadar na piscina rodeado dos seus filhos que o atingem com bisnagas de água ou encafuado numa casa de bonecas enquanto lê histórias às crianças da família. Quando põe o modo sério fala por metáforas extraídas de contos infantis, cuja interpretação, seja o bambi, seja o mowgli, levada a cabo pelos seus jagunços exegetas, é sempre a mesma: balázio.

Claro que o dilema do jovem casado Nick – um Josh Hutcherson que aqui, como na saga Hunger Games, também usa a sua carinha inocente para mostrar o que lhe acontece ao trejeito quando confrontado com a possibilidade de evacuar um inocente da terra por via dos tais balázios – transporta Escobar: Paradise Lost (Escobar, Paraíso Perdido, 2014) para o campo do thriller. Podíamos pensar que quando o riso se calasse e a seriedade se instalava o filme melhorasse mas nem por isso. É que escolher como subtítulo uma obra de John Milton dá-nos a porta para que o olhar estrangeiro deste world pudim (co-produção francesa, espanhola, belga, panamiana) veja a Colômbia como tártaro. Não o bife, o outro. Di Stefano tenta sacudir a água do capote sob esse já tradicional olhar xenófobo ocidental exportando a “culpa” para os canadianos. Mas como as personagens sabem mais do que os seus autores, Maria quando Nick lhe diz que não é yankee mas sim do país acima, ela responde-lhe: But is there any difference? Pois, nem por isso.

E ficamos assim, com um filme que retrata Pablo Escobar como Satanás e Nick e Maria como Adão e Eva, para recuperar a mitologia bíblica de “Paradise Lost”. Volta e meia há musiqueta para meter medo ou perigo, um ou outro bluring, uma ou outra posta de pescada apenas para tornar mais evidente o dilema moral do protagonista. Por exemplo, o irmão diz-lhe que ele lhe está a “partir o coração” ao enveredar por esses ínvios caminhos de corrupção. Há uma cena interessante fixada no olho de Hutcherson com a polícia aos magotes a procurar o menino, fazendo lembrar a batalha final da guerra do céu, retratada no poema de Milton, em que o filho de Deus derrota sozinho toda uma horda de anjos rebeldes e os expulsa do céu.

Tirando isso, e o gozo de ver El Patrón Del Toro a recriar-se de cena para cena, borrifando-se para os timings de cada uma, convém que se diga que fica apenas a triste mensagem: se forem canadianos não vão fazer surf para a Colômbia. Como até está calor, pode ser que estejam a entrar no inferno. Mais vale ficar em casinha, seguro.

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2010'sAndrea Di StefanoBenicio Del ToroJohn MiltonJosh HutchersonPablo EscobarRobert De Niro

Carlos Natálio

«Keep reminding yourself of the way things are connected, of their relatedness. All things are implicated in one another and in sympathy with each other. This event is the consequence of some other one. Things push and pull on each other, and breathe together, and are one.» Marcus Aurelius

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