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À pala de Walsh
Festivais, Festival de Cinema Argentino 0

AR 2015: antevisão do 1.º Festival de Cinema Argentino

De Luís Mendonça · Em 14 de Maio, 2015

Através de nomes como Lucrecia Martel e Lisandro Alonso, o cinema argentino tem estado nas bocas – ou melhor, nos olhos – do mundo. Mas há mais vida para lá desses dois nomes. Será isso que o cinéfilo português poderá confirmar de hoje a  17 de Maio no Cinema S. Jorge, no âmbito do 1.º Festival do Cinema Argentino ou simplesmente AR. Serão mostradas seis longas-metragens de ficção, dois documentários e oito curtas-metragens seleccionadas do projecto Sucesos Intervenidos, uma iniciativa do Museo del Cine Pablo C. Ducrós Hicken de Buenos Aires que propôs a um grupo constituído por 25 cineastas um aproveitamento criativo do acervo de newsreels argentinas descobertas em 1938.

O espectador nacional não parte para esta mostra na total escuridão. Desde logo,  Matías Piñeiro e Martín Rejtman ganharam alguma visibilidade em Portugal após a passagem de filmes seus no Harvard na Gulbenkian e no LEFFest. Rejtman passou Entrenamiento elemental para actores (2009) na Gulbenkian e, depois, Dos disparos (2014) na competição internacional do LEFFest. Para quem recebeu algum do bom feedback, Dos disparos poderá ser um dos atractivos do AR. Rejtman está longe de ser um novato nestas andanças do cinema. Faz o seu filme de estreia em 1986, mas desde aí assina a realização de apenas mais 7 títulos. Este seu mais recente filme é uma construção apocalíptica da adolescência, que começa com uma tentativa de suicídio inexplicável e que, a partir daí, se vai transformando num relato parabressoniano de sobrevivência aos pequenos nadas do dia-a-dia ou num documento sobre o vazio e a apatia da sociedade contemporânea. De fotografia com cores frias, personagens autómato e acções mais ou menos elusivas, Dos disparos é um produto acabado do nosso tempo, que explora as neuroses de uma classe média exangue, que não sorri: “no meu dia de anos, pintámos o quarto de preto”. A argentina Lucrecia Martel e o grego Yorgos Lanthimos rondam o projecto estético e político (a sua gravosa sisudez, sem apelo nem agravo, no conteúdo como no continente) que aqui se esboça sem brilho e sem personalidade. Esperava-se, portanto, muito mais.

Matías Piñeiro foi um dos convidados do último programa Harvard na Gulbenkian, que a Sabrina D. Marques cobriu para o À pala de Walsh. As observações da Sabrina sobre Todos Mienten (2009), o filme de Piñeiro que aí passou, valem perfeitamente para esta sua mais recente média-metragem programada pelo AR, La Princesa de Francia (2014). Este é o último tomo de uma trilogia shakespeariana composta por Rosalinda (2011) e Viola (2012) que propõe uma actualização desconstrutivista dos papéis femininos no teatro do dramaturgo inglês. Temos aqui, de novo, um exercício formal sobre os tempos do teatro e os tempos da vida, onde sobressai a importância do texto e o jogo de palavras que se desenrola, num ping pong constante, entre as personagens e os seus amores desencontrados. O espectador-leitor é aqui, como diz a Sabrina na dita cobertura, como um “agente/detective” que vai procurando acompanhar a sucessão de incidentes e acidentes da narrativa. A câmara de Piñeiro erra no caminho inverso. Ao arrepio desta rígida conceptualização formal, Piñeiro move a câmara de um lado para o outro, em sucessivas panorâmicas que emprestam horizontalidade a essa fixação à “montagem de textos”. La Princesa de Francia está algures entre Laurence Olivier – na reverência ao texto shakespeariano -, Éric Rohmer – no jogo dos amores desencontrados entre jovens adultos – e Alain Resnais – no deleite pela multiperspectiva e a repetição de cenas. De facto, como diz o crítico Quíntin, não precisamos de mais de dez segundos para reconhecermos a mão de Piñeiro, mas também não precisamos de 70 minutos para concluirmos que há menos mão do que gestos de namoro ligeiro entre o jovem cineasta e o grande cinema que faz o teatro deslizar sobre a vida.

Edgardo Cozarinsky é o grande veterano do lote de realizadores representados neste primeiro Festival de Cinema Argentino e, destas três apostas mais “seguras” do AR, o que se sai melhor. Cozarinsky mostra-se, aqui, em dose dupla: primeiro com a sua curta do já referido projecto Sucesos Intervenidos e, depois, com a estreia em Portugal do documentário, com cerca de 60 minutos, Carta a un padre (2014). Este escritor e crítico argentino notabilizou-se, entre os cinéfilos, pelos seus documentários sobre cinema que realizou durante os 30 anos vividos em Paris e pelo livro que editou com textos de Jorge Luís Borges sobre cinema, lançado em Portugal pela Livros Horizonte. Neste filme realiza uma viagem ao passado sob a forma de um cinema do íntimo, que abre com a colecção de postais dos países longínquos que o seu pai visitou. Brincar com as imagens dos outros, neste caso o “grande outro”, o pai, parece ser uma boa definição para o trabalho do crítico, do investigador, do escritor Cozarinsky. Mas aqui o pai é o seu cinema, o seu ecrã e o seu espelho baço. É nele, na sua história de vida, que Carta a un padre imerge e nos imerge. Fragmento a fragmento, sempre “só voz” em over, o cineasta faz o retrato desse homem cheio de mistérios por desvendar, que morreu quando Edgardo tinha apenas 20 anos. Muitas questões ficaram por colocar. Cozarinsky visita a terra de origem do pai, a província de Entre Ríos, e a partir daí começa a escavar, em fotos, documentos, objectos e testemunhos, à procura, quiçá, de respostas a essas questões profundas que se resumem assim: “Quem era o meu pai? De onde venho eu?”. Apesar de toda uma digressão interior que começa com as mesmas dúvidas com que acaba, Cozarinsky materializa uma reflexão simples, serena e bonita (como a sua voz), sobre o vestígio e a memória ou, enfim, sobre a memória como (re)colecção de vestígios, leia-se, a memória como coisa frágil. “E, uma vez mais, a única certeza: só a terra permanece”, ouve-se a certa altura.

Fora os nomes mais estabelecidos, promete-se a descoberta de novíssimos valores do cinema argentino, com especial destaque – e sugiro aqui o que me foi sugerido a mim – para as primeiras obras La salada (2014) e Mauro (2014). Recomendo que o leitor se deixe aventurar mais na novidade e até no desconhecido. As apostas, à partida, mais certas nem sempre cumprem expectativas. Uma provocação: se calhar, a tão propalada vitalidade do cinema argentino ainda não começou.

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Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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