Barry Levinson sacou bem a oportunidade, mas falhou o timing e uma enorme mais qualquer coisa. Pegar no livro relativamente menor de Philip Roth para filmar uma sátira sobre o trabalho do actor, glorificando-o – a redenção e a morte em palco – ao mesmo tempo que se expõe o seu ego ao ridículo. Só que Birdman (2014) de Alejandro González Iñárritu chegou primeiro, com a ambição e os prémios que se lhe conhecem…
É justo chamar a este The Humbling (A Humilhação, 2014) de “Birdman dos pobrezinhos”? Não tenho a mais pequena dúvida que sim. Quem se oferece ao ridículo assume o risco de poder vir a ser ridicularizado.
É justo chamar a este The Humbling de “Birdman dos pobrezinhos”? Não tenho a mais pequena dúvida que sim.
O filme de Levinson é patético: não no sentido de ser tocante mas pelo dó de ver que dá. Nada ali é trágico, em surdina, como no livro adaptado, é simplesmente nulo. Al Pacino passeia-se no seu cabotinismo serôdio e as palavras do Macbeth e do King Lear de pouco valem. Shakespeare ou o pó em que o bardo há muito se tornou volteia de indignação a sete palmos de terra.
O que explica um desastre de tão miseráveis proporções? Se soubesse apanhava o primeiro voo para Los Angeles (ou Nova Iorque) de modo a evitar que outros realizadores estimáveis – Levinson tem no currículo o Bugsy (1991) com Warren Beatty – e actores mais estimáveis ainda – do tempo em que Pacino foi o “uau!” Pacino – fizessem coisas destas: a involuntária humilhação.