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O Rei da Comédia

De Tiago Ribeiro · Em 6 de Julho, 2015

O artigo que se segue enquadra-se num contexto temporal e local bem preciso, a saber: o facto de decorrer neste site um dossier sobre comédia e suas grandes figuras e cambiantes, e o facto de no próximo mês estrear o quinto filme da Missão: Impossível, que serenamente aguardamos. Assim, ao se escrever qualquer coisa sobre o Mission: Impossible II (Missão Impossível II, 2000), está-se a fazer não só uma breve preview desse filme por vir, como se está a prestar um meritório ato de justiça a um dos grandes cineastas de comédia dos últimos quase trinta anos, vertente quase por completo ignorada quando se fala e escreve sobre John Woo, preferindo antes se enveredar pelas estafadas e costumeiras “inspirações musicais “ e o “bailado” das suas sequências de ação. Nada disso: Woo é sim um dos últimos mestres na arte de fazer rir.

Mission: Impossible II (Missão Impossível II, 2000) de John Woo

Mission: Impossible II (Missão Impossível II, 2000) de John Woo

Quando chegou a hora de realizar a sequela de Mission: Impossible (Missão Impossível, 1996), John já estava completamente estabelecido como realizador de referência no departamento “comédias grandiosas”. Amadureceu o seu ofício primeiro em Hong Kong, com os seu grandes comparsas (e igualmente geniais comediantes) Tsui Hark e Chow Yun-Fat como parceiros primordiais, em obras de referência como Ying hung boon sik (Crime em Hong Kong, 1986), Dip huet seung hung (The Killer, 1989) ou Lat sau san taam (Hardboiled, 1992). A grande qualidade de Woo, Hark e companhia foi a de terem revestido estas comédias com algum verniz de “filme de crime”, “filme homossexual”, “filme musical” “e filme melodrama”, o que provocou grande alarido em França em meados dos anos oitenta, salvo erro com o Assayas como grande promotor desta nova vaga de artistas de circo; estavas melhor como crítico, Olivier, filho. Este sucesso abriria, inevitavelmente, as portas do cinema de Hollywood.

Mas essas portas começaram a abrir-se de maneira muito pouco entusiasmante, com um Hard Target (Perseguição Sem Tréguas, 1993)  a servir de veículo pouco feliz para um Van Damme então nos píncaros da fama. Este filme está para o John Woo como o Juha (1999) está para o Kaurismäki: são obras profundamente redundantes, pois explicitam o que antes tinha ficado subentendido nos seus anteriores filmes. Tal como os filmes de Kaurismaki são, na sua essência, “mudos”, e por isso não precisamos de um filme mudo per si para sabermos  que fazes filmes mudos, Aki, também o Hard Target deixava à vista de todos o mecanismo da comédia sem nada que lhe disfarçasse a engrenagem. Sim, John, sabemos que gostas de nos fazer rir, mas não precisavas de nos enfiar isso pela goela. Gostamos mais de ti quando colocas os tais vernizes e pinturas para fingires que és “artista”; melhor ainda só quando dizes “uma das minhas grandes referências é o Melville”.

John condensou em Face/Off todas as suas obsessões de quase vinte anos (slow motions, pombas em igrejas, diversa parafernália religiosa, dualidades “Bem” e “Mal”)  numa centrifugadora histérica e pseudo-melodramática de fazer rir as pedras da calçada.

Depois veio um já melhorzinho Broken Arrow (Operação Flecha Quebrada, 1996), e finalmente esse inigualável Face/Off (A Outra Face, 1997), que é a par do Dumb and Dumber (Doidos à Solta, 1995) a obra-prima do cinema de comédia na Hollywood dos anos noventa. John condensou aqui todas as suas obsessões de quase vinte anos (slow motions, pombas em igrejas, diversa parafernália religiosa, dualidades “Bem” e “Mal”) numa centrifugadora histérica e pseudo-melodramática de fazer rir as pedras da calçada. É claro que para isso também muito contribui o esplendoroso trabalho de dois clowns como o Travolta e o Cage, também eles uns autênticos Dumb and Dumber. Era o auge, Woo tinha feito uma comédia para a eternidade, até os Cahiers se renderam, e pensámos que a partir dali seria sempre a descer. Foi o que aconteceu, mas essa  descida iniciou-se de forma muito ligeira.

Mission Impossible II é tanto uma obra de John Woo como o anterior e primeiro filme da série era e é de de Palma: se o deste é um filme de planos a regra e esquadro, pormenorizados ao milímetro, num registo “sério” e cheio de referências à já célebre “falsidade das imagens” cara ao realizador, já o filme de John é o seu habitual caos, desafio às mais puras lógicas da física, slow motions a cada vinte segundos, sequências de acção não muito inspiradas (sempre o ponto fraco em Woo) e também uma gigantesca promoção do ego do Tom Cruise, mas isso é o pão nosso de cada dia. E a comédia? Pois bem, embora longe da mestria dos melhores filmes em território asiático ou do espantoso Face/Off, este capítulo da saga tem os seus momentos inesquecíveis, como esse momento em que Cruise bate com um pé na areia e faz saltar o revólver desta para a sua mão ou esta sequência de que nos vamos ocupar, onde diversos elementos cinematográficos se combinam harmoniosamente para criar lágrimas nos olhos.

Dougray Scott com um sotaque de alguém que acaba de sair de uma taberna em Aberdeen, embriagado de brilhantes tiradas misóginas que serão severamente punidas pelo cavaleiro Cruise. Thandie Newton (bela), a responder ao descaramento do bandalho Scott com um gesto de pujante e comovente auto-sacrifício, com a “grandiosa” e febril música do Hans Zimmer e a voz da Lisa Gerrard a darem ênfase melodramática a todo o episódio; os tais “bailados de corpos” (quase sempre em slow motion) tanto no disparo de balas como a tentar escapar delas, com o saboroso acompanhamento das habituais faíscas tão caras ao realizador chinês. E a cereja: a troca de olhares e diálogos entre Thandie e Cruise, uma demonstração inequívoca de que o cavalheirismo medieval  e suas donzelas são matéria eterna, narrativas de todos os tempos, seja nas florestas castelhanas do século XII ou numa qualquer fábrica de químicos nos EUA em finais do século XX. É excesso por todo o lado. Em resumo: Chaplin, Keaton, Lloyd, W. C. Fields, Tati, sim, mas, nem que seja como nota de rodapé, Woo também.

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Tiago Ribeiro

Em Dezembro de 1963, Jean-Luc Godard, sentado numa esplanada em Saint-Germain-des-Prés, proferiu o seguinte: "estou sentado numa cadeira numa esplanada e o cinema faz este mês sessenta e oito anos". Um "jeu de mot" polémico (como sempre, no mestre) mas que em retrospectiva nos parece de uma clarividência singular.

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