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Irrational Man (2015) de Woody Allen

De João Lameira · Em 16 de Setembro, 2015

Não se pode escrever com propriedade que Woody Allen faz sempre o mesmo filme. Mas pode escrever-se que em toda a carreira fez três ou quatro, com um desvio ou outro [Zelig (1983) será o corpo mais estranho]. Assim, Irrational Man (Homem Irracional, 2015) é uma espécie de remake de Match Point (2005) que já era uma espécie de remake de Crimes and Misdemeanors (Crimes e Escapadelas, 1989) e por sua vez já tinha dado origem a Cassandra’s Dream (O Sonho de Cassandra, 2007). As histórias não são exactamente iguais, nem o tom é o mesmo, mas os temas do “crime e castigo” (clarificado pela presença assídua de livros de Dostoiévski) e da sorte e do acaso (metaforizado em bolas de ténis e pequenas lanternas vermelhas) constam em todos. No entanto, numa obra tão obcecada com a repetição, as diferenças, por mais pequenas que sejam, acabam por ter enorme importância, nomeadamente para se gostar mais ou menos de cada um dos exemplares.

Irrational Man (Homem Irracional, 2015) de Woody Allen

Os parecidíssimos Match Point e Cassandra’s Dream, de uma sisudez irritante e niilismo exasperante, são os mais desagradáveis desta “tetralogia” (que um seja considerado um clássico e o outro um objecto menor será eternamente um mistério para mim). Essa desagradibilidade, embora normalmente encoberta por piadas e situações absurdas, sempre existiu no cinema de Woody Allen, é verdade, mas resulta muito mais bem quando temperada com humor. Explico-me: Allen nunca foi um cineasta subtil (presumo que tal nem lhe passe pela cabeça), por isso, ao afastar-se da comédia, a sua necessidade de explicitar o tema do filme de todas as maneiras e feitios fica demasiado exposta. Em Irrational Man, essa ânsia de Woody Allen é tão evidente como nos outros casos. Para piorar as coisas, o realizador enfia filosofia de pacotilha a torto e a direito para tornar ainda mais óbvio ao que vai. [Especulação minha: esta é a mais pura manifestação do sentimento de inferioridade que Allen, um miúdo judeu do Bronx, conserva em relação às esferas sociais “superiores”, a uma “Manhattan” permanentemente inalcançável, e em particular aos intelectuais; nesse sentido, mais do que em qualquer outro, é muito pouco americano.] Contudo, esses defeitos, contextualizados no formato da comédia ligeira, não são apenas suportáveis como até quase ternurentos.

Neste filme, Woody Allen consegue a proeza de juntar aquilo que dividira em Crimes and Misdemeanors: a comédia romântica agridoce por que é mais conhecido e o filme-tese.

Em Irrational Man, até os crimes são filmados como momentos de humor físico, quase slapstick. Essa leveza perpassa por todo o filme, nos diálogos, nas situações, nas representações. Principalmente quando comparado com Match Point ou Cassandra’s Dream, cuja gravidade cedo começava a pesar no espectador, que terminava exausto. Quanto à prosápia do professor de Filosofia de Joaquin Phoenix e restantes personagens, pode ser explicada pela desconfiança de Woody Allen em relação ao ser humano. Ao jeito de Ingmar Bergman, o nova-iorquino põe na boca de gente inteligente e culta racionalizações várias para os actos mais vis e cruéis; os instintos mais básicos desculpados em nome de um suposto altruísmo. O homem irracional é, claro está, qualquer homem, mesmo o mais racionalista, o intelectual.

Neste filme, Woody Allen consegue a proeza de juntar aquilo que dividira em Crimes and Misdemeanors: a comédia romântica agridoce por que é mais conhecido e o filme-tese. Para tal, apoia-se em dois actores excepcionais (e, provavelmente, não o conseguiria sem eles): Joaquin Phoenix, a pança proeminente e a representação à flor da pele, nervosa, desregrada, sempre a ameaçar descambar para a loucura real – reza a lenda que o método de Phoenix é ser irremediavelmente ele próprio, biografia (como que arrasta a morte do irmão para todo o lado) e cicatrizes incluídas -, rivaliza com, se não suplanta, o impressionante “aristocrata” de Martin Landau em Crimes (para quem não apanhou, é um elogio, bastante grande); e Emma Stone. Ao contrário do que se poderia antecipar [ou do que o anterior Magic in the Moonlight (Magia ao Luar, 2014) supunha], Stone é muito mais Mia Farrow do que Diane Keaton. Mais fria e desagradável (lá vem esta palavra) do que estouvada e divertida. Em certo sentido, é uma mulher fatal para a personagem de Joaquin Phoenix, inocentemente tão “culpada” quanto este. Parecendo que não, é uma sensação muito difícil de representar (ter Parker Posey como contraponto ajuda, mas não explica tudo). Scarlett Johansson, mais preocupada em ser uma femme fatale a sério, jamais o conseguiria. [Outra especulação minha (porventura partilhada por outros): face às acusações de abuso sexual à sua filha Dylan, que perduram há mais de vinte anos, esta leva de filmes sobre “crime e castigo” não parece inocente; como não parece inocente que as mulheres mais desprezíveis do seu cinema se assemelhem tanto a Mia Farrow.]

Se Irrational Man não é tão bom quanto Crimes and Misdemeanors, andará lá perto. Este condicional é, por si só, um elogio, enorme.

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João Lameira

"Damn your eyes!"

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