Já usei nestas crónicas a definição que André Bazin invocava em 1956 para definir o que era, ou podia ser, o cinema que passa na televisão: uma “cinemateca involuntária”. É curioso tanto se falar em “programação” em televisão, já que nela raramente o espectador procura activamente ver determinado filme. Ele normalmente é “apanhado” por um filme que passa. Depois disso, deste jogo da apanhada, outras aventuras poderão acontecer, mas aí, por norma, a televisão não se oferece como espaço privilegiado. Não tivesse Jackie Chan as virtudes dos maiores génios do burlesco, provavelmente não teria tido eu a curiosidade de ir além dos filmes protagonizados pelo actor, e cineasta, de Hong Kong que apanhei – ou que me apanharam – tantas vezes não programadamente na grelha televisiva nacional.
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.