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Heart of a Dog (2015) de Laurie Anderson

De Luís Mendonça · Em 23 de Dezembro, 2015

Laurie Anderson, artista plástica, performer e filósofa. Ou: Laurie Anderson, a dona de Lolabelle. A partir do laço sentimental que liga a mulher à sua cadela, a narradora de Heart of a Dog (Coração de Cão, 2015) acede a uma série de grandes questões na (sua) vida, entre elas: a relação com a perda, com o amor e com as transformações do mundo. O empreendimento é ambicioso, mas o registo procura não sair do mais sussurrante “eu”. Um “eu” que navega num mar de ideias – ideias que carregam emoções, algumas ainda à flor da pele – que fazem alternar este filme textural, de colagem, com um ensaio metafísico sobre todas as nossas grandes dúvidas existenciais.

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Como num ensaio escrito, Laurie Anderson cita os seus mestres. O mais mencionado será o seu mentor budista, qual “personal trainer da alma”. A partir dessa convocação a artista “encena” algumas passagens do Livro dos Mortos, especulando sobre os caminhos que Lolabelle percorre no além-vida. Ao mesmo tempo que Anderson procura aceder aos mistérios da vida vis-à-vis aos mistérios da morte, cita Wittgenstein para falar de como o nosso mundo é feito – e limitado – pela nossa linguagem. Aqui o filósofo racionalista, da lógica, é conduzido a essa mesma ambição de tocar o cosmos. “Todas as histórias de amor são histórias de fantasmas”. Aqui – leia-se, por aqui, no encalço destas palavras de David Foster Wallace – Anderson volta a convidar o espectador a mergulhar na reflexão de que não só somos quem amamos como inexoravelmente somos, e seremos sempre, com quem amamos.

Heart of a Dog parece-se demasiado com um produto simples (um “produto ponto”), que “vende” uma Laurie Anderson que muito gostava que nós amássemos o mundo com(o) ela

Na sua dança de coração e logos, Laurie envolve vários fantasmas: o da cadela, claro, mas também o da sua mãe – que confessa não ter sabido amar quando a viu pela última vez, no leito da morte – e, mais secreta e invisivelmente, o de Lou Reed, seu companheiro desde o início dos anos 90 até ao seu falecimento em 2013, que merece dedicatória no final do filme. Heart of a Dog é Laurie Anderson lendo e dando a ler uma cadeia de “imagens de pensamento” despertada pelo confronto do íntimo com as recordações do passado e os anseios ou inseguranças que o futuro projecta (a morte, acima de todos). Tudo é um pretexto para falar do “eu”. Tudo é um pretexto para falar do “nós”. O mundo está contido, em sinopse, no coração de cão de Laurie Anderson.

Falei em ambição. Mas como pode um filme tão secreto, sussurrado, ser “ambicioso”? Talvez esteja nesta palavra o principal defeito de Heart of a Dog. Anderson acaba por fazer agarrar ao seu exercício auto-revelatório – a um acto corajoso de desnudamento interior – uma espécie de pequena missa New Age sobre “como encarar os desígnios que o destino nos reserva”. Isto é mais evidente na forma como Anderson produz sempre um twist luminoso e light-hearted nas suas memórias pessoais, anexando a estas a sua filosofia de vida, qual mais-elaborado-que-a-norma “manual de auto-ajuda”. Ou: versão gentrificada dos cine-diários de Brakhage ou Mekas, sem a riqueza de linguagem que caracteriza o cinema destas duas figuras de proa do New American Cinema.

O material de base é pobre (imagens caseiras, algo indistintas, de Laurie Anderson com planos fugidios feitos de propósito para o filme, todos eles trabalhados plasticamente), mas o texto tem momentos luminosos, sobretudo quando se deixa penetrar por todos os fantasmas que já referi. Ainda assim, no fim, fico com a sensação de que este é um produto… o leitor espera por um adjectivo: um produto? Que tipo de produto? Bem, o problema é esse:  Heart of a Dog parece-se demasiado com um produto simples (um “produto ponto”), que “vende” uma Laurie Anderson que muito gostava que nós amássemos o mundo com(o) ela. E o “eu” torna-se, assim, num espaço publicitário para uma, comprovadamente bem sucedida, filosofia de vida. Resta-nos o vislumbre dos seus fantasmas. Sobretudo aquele que vemos pouco, mas ouvimos tanto quando, justamente, o devemos ouvir: no fim.

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Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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