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The Revenant (2015) de Alejandro González Iñárritu

De Luís Mendonça · Em 24 de Janeiro, 2016

Muito se tem falado da cena do urso e da longa epopeia que foi rodar The Revenant (The Revenant: O Renascido, 2015). O filme oferece-se assim como um package com tudo incluído: em troca de um bilhete, viva a experiência bruta, e em bruto, de um filme filmado au naturel que faz gala disso mesmo. Isto apesar de, naturalmente, o urso ser 100% CGI e de tudo aqui ser, de um ponto de vista moral e estético, tão ou mais falso que essa sequência de luta selvagem entre homem e animal. O filme é falso e é urso. Tudo parece ser feito “por encomenda”, mesmo a sua tão propalada “autenticidade”.

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Há um deleite leviano em evidenciar as condições de rodagem e em “passar a mensagem” que lhe dá a conveniente profundidade. Como quem faz um bolo com ingredientes gourmet, Iñárritu volta a elevar a fasquia do seu cinismo oco e pedante. Desta vez, “encheu o peru” com uma grandiloquente leitura da história dos primeiros exploradores norte–americanos. Chora lágrimas de crocodilo face à barbárie do extermínio índio. Mas aqui a causa dos índios não passa de mais um pretexto, mais uma fachada para o que verdadeiramente move o realizador mexicano: servir de veículo para a mais primária exaltação do herói DiCaprio, figura crística pura (“lava mais branco”) que é Pai, Guerreiro, Santo, um foco de luz num mundo sujo e selvagem. Sujo e selvagem? Mesmo? Os próprios índios estão ali para sublinhar essa pureza plana, esse regime moral primário onde DiCaprio aparece como a mais vazia das personificações do herói – é tão plano que nem dá vontade de torcer por ele, tal é tudo tão “tocado pelo divino” e “pré-determinado”.

Iñárritu produz aqui um filme politicamente cobarde e esteticamente balofo, para “Academia ver”, ao serviço de uma super-estrela que quer vender uma performance ao invés de uma personagem. 

Nos antípodas de outro filme baseado na mesma história do explorador Hugh Glass, uma obra-prima pouco vista chamada Man in the Wilderness (1971) – aproveito para relembrar o magnífico texto da Sabrina D. Marques sobre o filme de Richard C. Sarafian –, The Revenant transforma tudo em metafísica de pacotilha. A Natureza não é tida nem achada aqui. Pode ser filmada au naturel, mas também ela não passa do estatuto de ignóbil figurante no one-man show de DiCaprio na sua caminhada à procura do Santo Graal: a estátua dourada chamada Óscar. É tudo tão pio e linear que mete nojo. Não há rugosidades, nuances, dimensão corpórea, pontos de impasse… Este filme de sobrevivência e vingança que se quer visão mística, “malickiana” – como é mais horrível Malick como adjectivo do que como substantivo… -, sobre o homem, o animal, a História e a Natureza, é uma obra retórica cheia de pompa e circunstância, mas moralmente demagógica e esteticamente repulsiva. Como sobreviver aos seus planos “metafísicos” encomendados por catálogo, a uma câmara all over the place que está sempre a chamar a atenção para o que pode fazer, num regime totalitário onde tudo é espectáculo sem alma, à sua fotografia fria, à sua sujidade asséptica (falsa) cheia de “bom gosto”…? The Revenant faz-me ter saudades de Mel Gibson. Pelo menos aí há dor, corpo, brutalidade sem embelezamento, Paixão que não se distrai no seu gosto natalício pelo adorno. Mel Gibson? Nem preciso de ir tão longe. Há mais cinema em Bear Grylls do que em toda esta elefantina – ursa! – demonstração oca e pretensiosa de “virtuosismo fílmico”.

Iñárritu produz aqui um filme politicamente cobarde e esteticamente balofo, para “Academia ver”, ao serviço de uma super-estrela que quer vender uma performance ao invés de uma personagem. Não me interpretem mal: DiCaprio é um dos bons actores da sua geração. Mas tem, de facto, um defeito que aqui ofusca quase por completo o seu talento. Citando o amigo João Lameira, ele “esforça-se sempre de mais”. Há qualquer coisa nas interpretações de DiCaprio que parece ter sido “arrancada a ferros”. Ele quer muito – e por vezes demasiado – impressionar e “encher o olho”. Mas, de facto, nunca antes se vira este actor sucumbir ao show-off mais primário, mais besta. Para isso faltava-lhe trabalhar com um dos mais chico-espertos cineastas do seu tempo: Alejandro González Iñárritu. Dificilmente haverá filme e cineasta mais ursos em 2016.

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2010'sAlejandro González IñárrituLeonardo DiCaprioMel GibsonTerrence Malick

Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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