O filme de Verão, das férias grandes, das tardes intermináveis, do tépido tédio entorpecedor, é um dos “géneros” mais marcantes do cinema português. Como se o sol e o calor, a luz brilhante e a languidez dos movimentos, aquecessem, rejuvenescessem esta cinematografia algo morna, um tanto cansada. Se o “género” não é recorrente – e, nesse ponto, João Nicolau tem razão: o nosso cinema é tão raro que nada é propriamente recorrente -, traz consigo gratas recordações, que talvez o façam parecer mais importante do que realmente é. As do azulíssimo mar algarvio de À Flor de Mar (1986), no qual César Monteiro deixou afogar a verrina habitual, as da branquíssima localidade costeira de Uma Pedra no Bolso (1988), onde Joaquim Pinto punha o protagonista no mais luminoso “castigo” de que há memória, entre tantos (vá, alguns) outros exemplos.
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.