Tenho um bom amigo chamado Guilherme, embora ele não dê tantas notícias como eu gostaria. Crescemos juntos a dar pontapés na bola no mítico “campo da ervilha” e, quando nos voltámos a cruzar, anos mais tarde, no Cineclube da Faculdade de Direito, passei também a conhecê-lo por “Aquiles” (é assim que, inexplicavelmente, permanece na minha lista telefónica; não faço ideia do porquê, já o questionei nesse sentido e nem ele sabe ao certo). Talvez também o conheçam, pelo menos de vista, já que, há tempos, participou no programa The Big Picture da RTP (mais um clamoroso exemplo da falta de imaginação com que a televisão lida com as imagens “no mundo saturado de imagens de hoje em dia”, mesmo num programa que faz delas o seu leitmotiv). Há dias, o Guilherme passou numa ruazinha peculiar do Porto, ali junto à Trindade. É uma rua com a sua história, e a mais recente diz-nos que a pós-modernidade a tomou de assalto, juntando porta com porta uma histórica casa de meninas com um restaurante de sushi de luxo.
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.