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À pala de Walsh
Críticas, Recuperados 1

Matinee (1993) de Joe Dante

De João Lameira · Em 28 de Março, 2016

Na semana passada, abriu em Vila Nova de Gaia uma sala de cinema onde o espectador leva com cheiros (bons e maus, presume-se), fumo na cara e é agitado violentamente por cadeiras revoltas, de modo a ficar devidamente estimulado. Visto por fora (através da câmara de reportagem da SIC), a experiência não parece especialmente agradável, apesar do entusiasmo do dono da sala. Ao contrário do que se possa pensar, a ideia não é nova. Tal como o 3D, regressado esta década pelos óculos dos grandes estúdios, o 4DX foi criado noutra época de crise no cinema: a da proliferação dos televisores pelas casas de família. Na altura, tinha nomes mais inventivos como Emergo, Percepto, Illusion-O e outros que tais. Em Matinee (Pânico em Florida Beach, 1993), era o Rumble-Rama e mandava uma sala de cinema literalmente abaixo.

Matinee (Pânico em Florida Beach, 1993) de Joe Dante

Todos os filmes de Joe Dante são cartas de amor a alguma coisa. Ou melhor, a algumas coisas: os desenhos-animados da Warner, os filmes série B (segundo o realizador, enquanto os seus colegas de curso usavam crachás de Godard, ele ostentava orgulhosamente um de Roger Corman), o cinema de terror em geral e o fantástico em particular. Mas, se boa parte da sua obra é uma mescla perfeita de todos estes “géneros”, notando-se o ascendente de um ou outro em determinado filme – o cartoon no genial Gremlins 2: The New Batch (Gremlins 2: A Nova Geração, 1990), a ficção científica em Explorers (Exploradores, 1985) e Innerspace (O Micro-Herói, 1987), o terror em Piranha (1978) e The Howling (Uivo da Fera, 1981), e por aí fora -, Matinee apresenta-se razoavelmente domesticado, menos revisitação pós-moderna do que nostalgia de um paraíso perdido (por Dante e pelo argumentista Charles S. Haas).

Na verdade, se se pensar bem, no cinema de Joe Dante, a maior excentricidade surge da mais normal normalidade.

À superfície, até se assemelha a um daqueles filmes para toda a família, cheios de boas recordações e pouco cinema, resultado sobretudo das suas condições de financiamento. Dante, no início dos anos 90, já não gozava do mesmo estatuto que a protecção de Steven Spielberg e o grande sucesso de Gremlins (Gremlins – O Pequeno Monstro, 1984) lhe haviam granjeado, e era-lhe cada vez mais difícil encontrar arranjar dinheiro [hoje, é-lhe quase impossível, e talvez fosse melhor que não lhe dessem nada: veja-se o decepcionante Burying the Ex (Como Enterrar a Ex, 2014)]. Será essa a razão por que filme sofre de um “aspecto” televisivo. Como exemplo, as letras do genérico. Estas não se diferenciam muito de um qualquer telefilme desses tempos e prometem semelhante chatice. Sei que não se deve tomar o filme pelas letras do genérico. Ainda assim, dão-lhe um ar pobrezinho e podem pôr o espectador de pé atrás, o que seria uma pena. (Os efeitos especiais de baixo custo, por seu lado, servem na perfeição a temática de Matinee.)

Contudo, essa banalidade formal convém à história do filme – a de um miúdo meio perdido numa cidade pequena, sem amigos, sem o pai, ausente na Crise dos Mísseis nos mares do Pacífico, cujo maior desejo é ver o seu “autor” preferido no cinema local – e ajuda a criar o contexto de onde vai sair realçada a extravagância de Lawrence Wolsey, o produtor-realizador-empreendedor criado à imagem de William Castle (interpretado pelo sempre excelente John Goodman), e respectiva trupe, que envolve o inevitável Dick Miller, o amigo John Sayles e a voz rouca de Cathy Moriarty (Robert Picardo, outro habitué, também faz uma perninha como gerente da sala obcecado pela ameaça nuclear). Na verdade, se se pensar bem, no cinema de Joe Dante, a maior excentricidade surge da mais normal normalidade.

O cineminha de província estremece sob os efeitos do atrás mencionado Rumble-Rama – na prática, um mecanismo que faz tremer as fundações do próprio edifício, o que não parece muito aconselhável (atenção, Gaia) -, mas principalmente devido à confusão entre o que se passa no ecrã e na sala. Ora, é o homem-formiga do inolvidável Mant! (1962) – verdadeira obra-prima do schlock que infelizmente nunca existiu, na qual um homem se transforma numa formiga gigantesca depois de ir ao dentista – que salta para os corredores (e desata ao murro aos espectadores), ora é o medo da aniquilação nuclear que explode na tela. Para o fim, o desvario imparável é igual ao dos Gremlins. Dá pena que o final feliz, com o céu azul e o regresso dos mísseis à proveniência, acabe com a brincadeira.

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1990'sCathy MoriartyCharles S. HaasDick MillerJoe DanteJohn GoodmanJohn SaylesRobert PicardoWilliam Castle

João Lameira

"Damn your eyes!"

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1 Comentário

  • 10 Cloverfield Lane (2016) de Dan Trachtenberg | À pala de Walsh diz: 11 de Abril, 2016 em 19:59

    […] este sucedâneo bem amanhado num objecto de interesse é, sem dúvidas, a interpretação do “sempre excelente” John Goodman que tem o dom de corporizar a escrita e realização televisivas num par de […]

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