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IndieLisboa 2016: We Live by Night

De Francisco Noronha · Em 27 de Abril, 2016

Depois ter impressionado Berlim com Balada de um Batráquio (2016), que tem passado amiúde nesta edição do IndieLisboa, Leonor Teles impressionou-me a mim na cabine de DJ da Casa Independente, revelando uma bagagem discográfica muito interessante. A acompanhá-la, esteve, na pista, o inconfundível João Botelho, sempre em altas rotações e a mostrar à juventude como se faz. Mas e os filmes? Bom, isso foi um pouco antes: de dia, sim, mas também no escuro…


La Californie (2015) de Charles Redon

La Californie (2015), de Charles Redon

Para quem estava no Cinema Ideal (Boca do Inferno) e assistiu ao Q&A com Charles Redon (incrivelmente aparentado com Zlatan Ibrahimović) depois do filme, não pôde deixar de sentir um certo embaraço (essa coisa da “vergonha alheia”) em ter à sua frente o titânico (e tirânico) voyeur que acabáramos de ver filmando todos os passos e mais alguns da namorada (dançando, chorando, exasperando-se, tomando banho nua, fazendo amor, traindo-o até) e inclusivamente filmando-se a si próprio, ora em momentos puramente egocêntricos (de camera stick apontada a si), ora dando azo a fantasias sadomasoquistas (Redon chega a filmar uma sessão de chicote em que participa). Ironicamente, nunca vemos, porém, um terceiro a filmar o realizador, o que diz muito da sua personalidade emocional e artística. Iconoclasta, megalómano, stalker, fetichista – assim é Charles Redon (há algo de Orson Welles em si, até na sua fisicalidade…), que constrói um docudrama apaixonante e apaixonado (embora dos créditos do filme conste a menção de que tudo é verídico e que apenas a sequência temporal das imagens foi trabalhada), obsessivo e obcecado, sobre Mathilde Froustey, sua namorada e bailarina então em ascensão, seguindo-a e espiando-a doentiamente, sem freios ou falsas consciências, até ao momento em que Mathilde se começa a sentir verdadeiramente incomodada com a presença da câmara e com a atitude indolente do realizador (“Go get a job!”, ouve-se várias vezes).

O resultado deste big brother a dois é um filme que, na sua sickness, não deixa de ser um interessantíssimo – e, mesmo, comovente (como quando Mathilde lhe diz que ele já não conseguirá filmar mais imagens à altura do que era a sua relação no início…) – documentário sobre os altos e baixos de uma relação de amor (não tão peculiar assim, a diferença está mesmo apenas na presença da câmara), mas, também, sobre os tempos em que vivemos, onde a noção de privacidade é trespassada por iphones, clouds, “redes sociais” e afins – aliás, ainda fará sentido falar em “privacidade” sem darmos uma gargalhada a seguir? Não sei, mas isso não parece preocupar muito Mathilde Froustey, com quem Charles Redon se casa no final do filme.

Un monstruo de mil cabezas (2015) de Rodrigo Plá

Un monstruo de mil cabezas (2015), de Rodrigo Plá

A certa altura, num gag brilhante, o filho de Sonia diz a alguém que a música que aprecia é punk, dos Clash aos Pistols, ao que o seu interlocutor acrescenta os Ramones. Este trabalho de Rodrigo Plá é isso mesmo, um “filme punk”, no sentido de desobediência às normas instituídas, no caso, o perverso funcionamento da maquinaria das empresas seguradoras de saúde (Obamacare, anyone?). O filho também dirá a um polícia (a “Autoridade”, justamente), já no final, que se recusa a sair, numa frase que ecoa as linhas da guitarra de Johnny Ramone: “Só se me tirar daqui à força”. Ora, é o recurso à força, a realização da “justiça pelas próprias mãos”, que leva Sonia, esposa de um doente com cancro, num acto de desespero, a entrar pela noite a dentro numa série de casas da elite económica mexicana de arma em riste e com o único intento de conseguir as assinaturas necessárias à cobertura dos tratamentos que a empresa seguradora se recusa, ardilosamente, a cobrir.

As “mil cabeças” são, aqui, esses muitos representantes (accionistas, administradores, advogados, etc.) do “monstro” (a empresa seguradora, se bem que Plá, não deixando de abordar a questão classista num país tão desigual como o México, não imprima, e bem, um tom maniqueísta ao filme) por que Sonia vai passando na sua demanda de conseguir reunir a papelada necessária. O dispositivo montado assenta na conjugação da acção no presente com o julgamento em voice over de Sonia em flash-forward (só som, sem imagens), culminando num declarado open ending, a saber, o início da leitura de sentença de Sonia. E isso, obviamente, não é por acaso: é sinal, em mais uma atitude “punk”, de que o mais importante já foi contado (o desespero que leva alguém a assumir condutas que não se coadunam com a sua personalidade mas que são o último recurso perante a ganância e a usura) e de que, de ali em diante, o “resto”, aquilo que a sociedade instituirá como boa norma aos olhos de todos, não passará de um processo judicial com o seus trâmites e formalidades e onde a sentença não será surpresa para ninguém. A Justiça é um lugar estranho.

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Francisco Noronha

francisconoronha10@hotmail.com

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