O nosso destaque é relativamente óbvio: Rak ti Khon Kaen (O Cemitério do Esplendor, 2015) de Apichatpong Weerasethakul assombra ainda os espíritos que cometeram o luxo de entrar no seu reino dos sonhos. Por falar em sonhos, outro filme que provoca múltiplos aplausos é a animação nipónica Omoide no Mânî (As Memórias de Marnie, 2014), de Hirosama Yonebayashi. Nota ainda para o entusiasmo em torno da curta-metragem de Leonor Teles, que arrebatou o Urso de Ouro do Festival de Berlim para melhor curta-metragem, Balada de um Batráquio (2016), e do filme que valeu a Vincent Lindon a distinção de melhor actor do Festival de Cannes de 2015, La loi du marché (A Lei do Mercado, 2015). Mais divididos ficaram os nosso walshianos em relação ao thriller 10 Cloverfield Lane (2016) e, de modo muito polarizado, em relação a Kishibe no tabi (Rumo à Outra Margem, 2015), a mais recente obra de Kiyoshi Kurosawa.
Divisão significativa acontece em relação à Palma de Ouro do Festival de Cannes do ano passado. Dheepan (2015) não deixa os nossos críticos completamente rendidos. Time Out of Mind (Viver à Margem, 2014) e Hardcore Henry (Hardcore, 2015) recebem apenas uma nota, mas cada um deles uma nota muito alta, neste Palatorium. Obras a descobrir? O cinema catástrofe redescoberto num vídeo amador que capta o instante do embate do segundo avião contra as Twin Towers e que tem conhecido, por estes dias, o efeito de uma inusitada “viralidade tardia”. Premonitório de alguns filmes-apocalipse paradigmáticos de uma certa angústia pós-11 de Setembro, tal como o (nem de propósito!) found footage Cloverfield (Nome de Código: Cloverfield, 2008), o vídeo de Caroline Dries e uma amiga chega aos nossos olhos com a força de uma ficção impossível gerada no coração da cidade que nunca dorme.