Vamos lá ver: o que é que se pede de um filme? Diriam muitos cinéfilos: que conte uma boa história, que tenha boas interpretações, que saiba coser – e cozer – os vários momentos da narrativa. Dizem esses muitos cinéfilos e dizem muito bem. Mas não, isso não é tudo. É preciso algo mais? Sim, mas um “algo mais” que está a montante de tudo isso, portanto, um “mais” que aponta para um “menos” essencial. Porque o que verdadeiramente deve relevar num filme é o seu cinema. Parece ser esta uma frase presunçosa, mistificadora ou redundante. Não é. Não abundam – e se calhar nunca abundaram – filmes que se regem fundamentalmente por um conjunto de “ideias de cinema”, isto é, obras que giram em torno de soluções de realização, iluminação ou montagem, que não se deixam tornar cativas da tendência novelizadora do cinema contemporâneo (ele, por sua vez, cativo das fórmulas televisivas e noticiosas que desbobinam historietas e enxertam “dimensão dramática” à velocidade da luz). O que é que se pede de um filme? Eu quero responder a isso aqui e agora, sob o efeito desta lição de cinema chamada The Conjuring 2 (The Conjuring 2 – A Evocação, 2016).
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.
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[…] M. Night Shyamalan, vale a pena recuperar o delicioso texto do walshiano Luís Mendonça sobre The Conjuring 2 (The Conjuring 2 – A Evocação, 2016). Escreveu o Luís: “Vamos lá ver: o que é que se […]
[…] E em 2018, libertado da sombra virtuosa de Wan [criatura mais que louvada nesta casa – I, II, III, IV], trouxe aos ecrãs Upgrade, filme de acção com tonalidade cómicas naquilo que o meu colega […]
[…] um exemplo que acho que te vai fazer sorrir. Há um filme recente que eu sei que admiras muito, The Conjuring 2 (The Conjuring 2 – A Evocação, 2016). Também gosto muito, mas não consigo deixar de […]