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À pala de Walsh
Contra-campo, Sopa de Planos 0

Uma sopa de se lhe tirar o chapéu

De À pala de Walsh · Em 20 de Setembro, 2016

Seus palermas, chapéus há… quantos baste nesta sopa de planos que reúne uma boa colecção dessas peças de indumentária caídas em desuso. O chapéu protege, mas fundamentalmente adorna. É capacete, é boina. De tecido, palha, metal. É guerra, recreio, fantasia… Aqui vale o lema: o Homem é o seu chapéu. (Nesta sopa tiramos o chapéu sobretudo ao nosso mais recente colaborador, Miguel Patrício, que aqui se estreia À pala de Walsh.)

Kozure Ôkami: Sanzu no kawa no ubaruguma (Lone Wolf and Cub: Baby Cart at the River Styx, 1972) de Kenji Misumi

São três contra um. De quem são os chapéus? Três irmãos pomposamente conhecidos pelo cognome “Os Mestres da Morte”. Quem é o cabelo ao vento no fundo do plano? Ogami Ittô, samurai sem mestre, portador de uma vendetta impossível contra todo o sistema feudal da era Tokugawa. No derradeiro confronto de Kozure Ôkami: Sanzu no kawa no ubaruguma (Lone Wolf and Cub: Baby Cart at the River Styx, 1972) de Kenji Misumi, duas espécies de assassinos encontram-se no deserto: uns teimam no engenho, na indumentária negra e nos ronin gasa (um tipo de chapéu de palha usado pelos guerreiros sem dono) cobrindo os rostos ao ponto da indistinção total das identidades; outro corta o horizonte e oferece despojadamente o seu corpo para o duelo, como se não passasse de um cadáver adiado. O vento inclina os chapéus e faz adivinhar os rostos em surdina. Frente é costas e costas é frente. O vento suspende violentamente os tecidos negros no azul imaculado do céu e nenhuma lâmina foi ainda desembainhada. A quietude que antecede a morte é sempre triangular, porque nessa forma geométrica há sempre um trânsito para o distúrbio. O triângulo era originalmente uma recta cujo vértice teve a ousadia de se desdobrar em dois lados irregulares, tornando-se, enfim, pontiagudo, tal e qual a morte que espreita por detrás do silêncio. O meu chapéu tem três bicos, tem três mortes o meu chapéu.

Miguel Patrício

The Shallows (Águas Perigosas, 2016) de Jaume Collet-Serra

Jaume Collet-Serra é capaz de ser um dos mais inteligentes realizadores tarefeiros a trabalhar hoje em dia na máquina hollywoodiana e à medida regular de um filme por ano vem-nos oferecendo pequenas pérolas de modernidade e delicadeza sob o pano diáfano da série B.  The Shallows (Águas Perigosas, 2016) é o seu mais recente tomo e, mais uma vez, explora de forma truculenta a nossa relação com a tecnologia, em especial com aquela que para todo o lado trazemos no bolso. Já aqui fiz o meu elogio a Run All Night (2015) e não tendo feito o mesmo sobre Non-Stop (2014), deixo aqui a menção, e o que une estes três últimos filmes do realizador é essa ferramenta extraordinária que passou de telemóvel a smartphone. A forma como Collet-Serra transforma o ecrã do aparelho em tela de cinema e envolve diegeticamente esses ecrãs no tecido da narrativa e na mise en scène é inaudita (neste último filme Blake Lively literalmente passeia por entre ecrãs flutuantes à beira mar). Mas talvez o mais extraordinário seja como as novas tecnologias ganham ímpeto simbólico nos seus filmes. Em The Shallows é literalmente uma selfie que livra a protagonista do tubarão assassino, tirada com uma GoPro agarrada a um capacete rachado pelas presas do peixão. Creio que com isto está tudo dito: a salvação passa por um post nas redes sociais e só vive quem conquista likes suficientes. Salve-se quem… tiver bateria.

Ricardo Vieira Lisboa

Ninotchka (1939) de Ernst Lubitsch

“Ce cinéma-là, c’est le contraire du vague, de l’imprécis, de l’informulé, de l’incommunicable, il ne comporte aucun plan décoratif, rien qui soit là «pour faire bien»: non, du début à la fin, on est dans l’essentiel jusqu’au cou.” Eis uma boa definição do cinema de Ernst Lubitsch, da autoria de François Truffaut, que, qual carapuça, serve às mil maravilhas na cabeça deste plano. O famoso chapéu de Greta Garbo em Ninotchka (1939), no enquadramento rápido que o dá a ver em exposição na montra, é tudo menos ornamental. A bela e sisuda espia da Rússia comunista, enviada a Paris num serviço oficial, lança os sinais de fraqueza neste momento que corresponde à sua impulsiva chegada à cidade francesa. Justamente, estamos perante a ocasião em que se depara com o estranho artefacto atrás da vitrina: “What’s that? How can such a civilization survive which permits their women to put things like that on their heads?” Diz a sabedoria popular que quem desdenha quer comprar. Ninotchka sucumbe à tentação do capitalismo através deste objeto de estética duvidosa. O chapéu converte-se, assim, numa metáfora precisa, num adereço dramático que assinala a mutação da personagem, na mesma medida em que a gargalhada de Garbo neste filme transforma o seu rosto num novo território expressivo, que se oferece à leitura das emoções. Afinal, ela ri; afinal, ela apaixona-se e permite-se a usar um chapéu francês, em vez da boina comunista. Eis o Lubitsch touch.

Inês Lourenço

Jacquot de Nantes (1991) de Agnès Varda

Morro de amores por Jacquot de Nantes, um dos mais belos filmes de Agnès Varda, um dos mais belos filmes da história do cinema. A última vez que o revi tinha Varda por perto – quer dizer, a umas dezenas de cadeiras ao meu lado –, o que reforçou ainda mais a sensação, que tive desde a primeira vez que o vi, de o filme ser um bocadinho também “meu”, por nele me rever enquanto miúdo. Os meus pais, o meu prédio, as brincadeiras com os meus vizinhos, mas, sobretudo, por esse pormenor sem o qual o meu pai não me deixava sair à rua: a boina. Uma boina orgulhosamente basca que o meu pai me punha onde quer que fossemos, sobretudo nos passeios de bicicleta (nos quais eu dormia abundantemente na cadeirinha de trás) pelos bosques de terriolas perto de Vila do Conde até chegarmos à praia (momento em que o sono desaparecia num ápice). Por isso, o registo biográfico de Demy no filme encontra-se com a minha própria “biografia”, sendo este um dos casos em que o “metermo-nos dentro do filme” (como um dia disse Jean-Marie Straub) não me traz angústias nem ansiedades; alguma nostalgia, sim, mas, acima de tudo, a ideia de que, por vezes, a vida é tão feliz no ecrã como fora dele.

Francisco Noronha

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