Homens e mulheres solitários. Os neons de Hong Kong. A invasão capitalista norte-americana através das suas marcas pontas-de-lança. Uma boneca insuflável a ser violentamente agredida. Homens que desabafam os seus desgostos amorosos para sabonetes e peluches. Súbitas mudanças de velocidade. Ananases. Filtros. Mulheres a masturbarem-se em grande angular. Pagers. Um porco a ser massajado. Perucas. Cranberries em versão cantonesa. Distorção de imagem. Jogging às cinco da manhã. Saladas do chefe. Era este, por entre mais coisas, o Wong Kar-Wai da temporada 1994/1995. É este o Wong Kar-Wai de que gostamos mais.
O presente texto foi publicado no livro de compilação O Cinema Não Morreu – Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Pode adquiri-lo junto da editora Linha de Sombra, na respectiva livraria (na Cinemateca Portuguesa), e em livrarias seleccionadas.
