• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Stefan Zweig: Farewell to Europe (2016) de Maria Schrader
Críticas, Em Sala 0

Stefan Zweig: Farewell to Europe (2016) de Maria Schrader

De Ricardo Vieira Lisboa · Em 22 de Fevereiro, 2017

Stefan Zweig: Farewell to Europe (Stefan Zweig: Adeus, Europa, 2016) é composto por seis partes (um prólogo, um epílogo e quatro capítulos intermédios) que retratam episódios da vida do escritor do título entre 1936 e 1942 (a data do seu suicídio), com especial enfoque no seu exílio sul americano (Rio de Janeiro, Buenos Aires, Baía, Petrópolis — e um capítulo nevoso em Nova Iorque). Esta colecção de momentos pretende ilustrar o ponto de vista do escritor do que era o rebuliço em que ia o mundo durante a implantação do regime Nazi e subsequente Segunda Guerra Mundial. Um olhar de exilado a fazer constantes ajustes com a consciência (como pessoa influente pesava-lhe a incapacidade de ajudar todos aqueles que queriam igualmente escapar-se da Europa para as Américas). Maria Schrader revela uma precisão tocante nos dois planos sequências que compõem o prólogo e o epílogo, precisão essa que contrasta com o anonimato de todo o miolo. Do choque entre esses tours de force e o filme de época mediano fica um objecto bem intencionado mas algo perdido entre uma certa ideia de cinema de autor europeu moderno e uma vontade de chegar ao grande público — não tivesse o filme estreado na Piazza Grande na última edição do festival de Locarno.

Stefan Zweig: Farewell to Europe (2016) de Maria Schrader

Posto isto gostaria então de chamar a atenção para esses dois momentos de fino domínio da mise en scène (descurando naturalmente as reflexões sobre a natureza humana, a estado da civilização nesses finais de 1930 e os paralelismos entre as movimentações extremistas dessas alturas e os de hoje).

Prólogo. Jockey-Club, Rio de Janeiro, 1936. Um plano fixo que ao fim de uns bons minutos desliza num ligeiríssimo travelling à frente sobre as costas de dois personagens. Esses personagens são o próprio Stefan Zweig e José Carlos de Macedo Soares (interpretado por Virgílio Castelo) ministro brasileiro dos negócios estrangeiros e membro da academia brasileira de literatura que organiza um almoço de homenagem ao escritor a propósito da sua ‘visita’ e da edição dos seus livros em língua portuguesa. Esse plano anuncia de modo simbólico e metafórico o peso que se depositará sobre as costas de Zweig (se não o peso do mundo, pelo menos o peso do mundo que cabe no filme, e do próprio filme que recai todo sobre o actor, Josef Hader). Neste plano sequência conhecemos tanto as criadas cantantes como o ministro, e tudo nesse intervalo. Essa é aliás uma das premissas do filme (e do olhar de Schrader), dar a mesma importância fílmica a todas as classes e a mesma imponência a cada um dos seus representantes (os criados, os trabalhadores das roças da cana do açúcar, o presidente da junta, o editor literário, o escritor, o embaixador, etc.). Esta cena anuncia também outro dos valores da dramaturgia da realizadora, o gosto por cenas em que dezenas de actores enchem o plano e Schrader trabalha esta visão coral (da história e da História) através de um virtuoso trabalho de som que resulta na direcção precisa do olhar do espectador.

Epílogo. Petrópolis, 1942. De novo o plano sequência fixo seguido de ligeiro travelling à frente, de novo a acção sincopada pelo trabalho de som e de novo o número elevado de actores em cena (do jardineiro à futura nobel da literatura Gabriela Mistral). Só que desta vez a planura do enquadramento do prólogo verte-se numa disposição dos actores que desmultiplica o espaço numa série de patamares de acção que revela uma apuradíssima coreografia que baralha as nossas noções de geografia e de orientação na cena. A juntar a este trabalho de profundidade de campo está a introdução de um espelho que, pelo re-enquadramento proposto pelo travelling, cria um splitscreen inesperado. Esta solução faz recordar outro plano final, desta feita de The Immigrant (A Imigrante, 2013) de James Gray. Tanto esse como este plano parecem literalizar a frase de Andrew Sarris de que “Todo o cinema é um espelho e uma janela”. Aqui, por ser a sequência em que se descobre Zweig morto, com a mulher, a divisão do ecrã e a composição do espelho e da janela (ao fundo) remetem imediatamente para oposições entre vida e morte ou entre o que fica para trás e o que ainda está para a frente.

Soluções de câmara como estas (fundeadas tão fortemente na narrativa e ainda assim dotadas de um apuramento técnico tão cativante) confirmam o olhar de Maria Schrader como um de enorme valor. Pena a dessincronia com o resto do filme.

P.S.: Ressalve-se a produção associada portuguesa (da Cinemate de Ana Costa) no filme. É por ela que se justifica a presença de tantos actores portugueses no elenco (a fazer de brasileiros — João Lagarto, Virgílio Castelo, Carla Vasconcelos, Maria Vieira e Nicolau Breyner num dos seus últimos papeis), assim como a rodagem na casa do presidente da Câmara de Lisboa (a fazer de Buenos Aires) ou em São Tomé e Príncipe (a fazer de floresta amazónica).

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sAna CostaAndrew SarrisCarla VasconcelosJacques TatiJames GrayJoão LagartoJosef HaderMaria SchraderMaria VieiraNicolau BreynerStefan ZweigVirgílio Castelo

Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

Artigos relacionados

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

  • Críticas

    “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

  • Críticas

    “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023
  • O sol a sombra a cal

    23 de Janeiro, 2023
  • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

    18 de Janeiro, 2023
  • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

    17 de Janeiro, 2023
  • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

    16 de Janeiro, 2023
  • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

    13 de Janeiro, 2023
  • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

    11 de Janeiro, 2023
  • “Broker”: ‘babylifters’

    10 de Janeiro, 2023
  • Vamos ouvir mais uma vez: está tudo bem (só que não)

    9 de Janeiro, 2023
  • “Vendredi soir”: febre de sexta-feira à noite

    5 de Janeiro, 2023
  • “The Fabelmans”: ‘in the end… you got the girl’ 

    3 de Janeiro, 2023
  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023

Etiquetas

1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.