• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Críticas, Noutras Salas 0

Yokihi (1955) de Kenji Mizoguchi

De Helena Ferreira · Em 14 de Maio, 2017

O imperdível ciclo dedicado a Kenji Mizoguchi no Espaço Nimas e no Teatro Municipal Campo Alegre entra na sua segunda parte com Yokihi (A Imperatiz Yang Kwei-fei). É uma obra que marcou várias primeiras vezes para o autor japonês: foi o seu primeiro filme a cores, a primeira co-produção com um estúdio estrangeiro (a produtora Shaw Brothers) e a primeira vez que a narrativa tem lugar num país que não o Japão.

O cinema de Mizoguchi não precisava de cor para irradiar o seu esplendor pictórico, mas esse efeito de novidade cromática é parte da explicação porque Yokihi é tão extraordinário. Supostamente, foi a possibilidade de filmar a cores uma das coisas que, no projecto, interessou o cineasta. A outra foi o potencial decorativo que a história oferecia.

Yokihi é um jidaigeki, um drama histórico, mas, ao contrário de outros filmes do género de Mizoguchi, passa-se na China e não no Japão, mais precisamente no século VIII, durante a dinastia Tang. A história que inspira Yokihi é relativamente popular na região: um amor trágico entre o imperador Xuanzong (no filme interpretado por Masayuki Mori) e a sua concubina (não imperatriz!), Yang Guifei [Yang Kwei-fei] – ou Yokihi em japonês – uma antiga criada, Yang Yu-huan, que ascende a concubina de alto estatuto (a actiz Machiko Kyo dá-lhe vida no filme). Como um bom drama de corte, Yokihi tem a sua quota parte de intriga. Ela é levada para o palácio por familiares corruptos que querem ser favorecidos. Quando tal não sucede da forma planeada, é a fiel Guifei que é acusada de quebrar as regras por se ter imiscuído em assuntos políticos. Uma revolta ameaça a posição do imperador e os insurrectos pedem a morte dela para restaurar a ordem interna. E ela entrega-se com serenidade submissa, para salvar o homem e a nação – mas em vão.

O sacrifício de uma mulher de princípios pela vida de um homem não é tópico novo em Mizoguchi. Apesar da localização geográfica atípica, Yokihi partilha várias características com outros filmes seus, tanto temáticas como estilísticas. Os protagonistas de Yokihi já haviam trabalhado com Mizoguchi antes, nomeadamente em Ugetsu (Contos da Lua Vaga, 1953), também ele um filme com uma dimensão fantasmagórica. Espíritos e fantasmas são, aliás, figuras comuns na produção cultural chinesa e japonesa, desde há muito, e continuam a ter estranhos ecos em práticas que ainda persistem (google-se “ghost marriages”).

Apesar da localização geográfica atípica, Yokihi partilha várias características com outros filmes de Mizoguchi, tanto temáticas como estilísticas

Se é verdade que Yokihi resultou de uma co-produção Daiei-Shaw, que tinha em vista o mercado de exportação regional, onde se destacavam centros de audiências chinesas como Hong Kong, Taiwan ou Singapura, também é verdade que a história e o universo de Yokihi não eram estranhos no Japão, onde eram relativamente conhecidos (há uma variante da lenda que diz que Guifei escapou para o país). Esta colaboração na produção deu-se no contexto da formação, em 1953, da Federation of Motion Picture Producers of Southeast Asia, que estabeleceu o Asian Film Festival, precursor dos actual Asia-Pacific Film Festival. Todavia, Yokihi fracassou nas bilheteiras e não teve o sucesso internacional esperado. Em 1962 o estúdio Shaw Brothers produziria um remake chinês do filme, Yang Guifei (The Magnificent Concubine, 1962) realizado por Li Han-shiang e que foi premiado em Cannes.

Vários críticos consideraram Yokihi mais oco e com menos intensidade dramática do que os filmes de Mizoguchi passados no Japão. No entanto, a trama de amores fantasmagóricos e conspirações está repleta de emoções, buscas quiméricas por amor ou poder, constantemente a querer irromper da sua contenção nos sumptuosos cenários quase sempre interiores. De facto, é quando o imperador e a concubina, disfarçados de “plebeus,” saem para o mundo lá fora para assistir às celebrações do festival das lanternas, que o que os une realmente se confirma nessa ilusão de liberdade. Mas esse mundo da rua é ele próprio de pompa e fantasia. A incursão exterior é, igualmente, elucidativa da celebração de diferentes artes que é feita ao longo do filme: música, dança, escultura, etc.

O aparato de teatralidade de Yokihi é parte da força do filme, e não será descabido notar que poderá ter inspirado autores contemporâneos, como Hou Hsiao-hsien – pense-se em Nie Yinniang (A Assassina, 2015), onde elementos como cortinas são usados de forma muito similar. Mizoguchi preparou o filme minuciosamente. Na pesquisa e escolha de objectos houve um enorme trabalho, feito tanto no Japão como com especialistas de Hong Kong. Os créditos iniciais, aliás, surgem sobre imagens de obras de arte. Mas embora a dinastia Tang tenha marcado um apogeu de confluência cultural entre a China e o Japão, Mizoguchi é criativo na sua reconstituição da época. O realizador, que na juventude chegou a ser aprendiz de um desenhador de quimonos, tem aqui uma das mais extraordinárias mise-en-scène da sua carreira. Cenários e figurinos são fulcrais para o filme, talvez tanto quanto as personagens que os habitam.

Em todo o caso, para um filme que revolve em torno do espectáculo visual, duas das melhores cenas são marcadas precisamente pelo que não se vê. Primeiro, a cena da execução de Yang Guifei, onde a câmara nunca se levanta o chão onde ela abandona parte das vestes, os sapatos e, finalmente, as jóias caídas, ela deixando de estar – na imagem filmada e no mundo. A outra cena é o final encantatório com os risos do reencontro celestial dos amantes, que não vemos, apenas ouvimos.

Yokihi pode dividir opiniões, mas é também frequentemente lembrado por ser o filme japonês favorito de Manoel de Oliveira. Só essa “recomendação” já justifica a ida ao Espaço Nimas ou ao Teatro Campo Alegre para aproveitar a oportunidade rara de ver Yokihi no grande-ecrã.

Yokihi será exibido no Espaço Nimas, em Lisboa, nos dias 16, 17, 21, 22, 26 e 27 de Maio e no Teatro Municipal Campo Alegre, no Porto, nos dias 19, 20 e 25 de Maio, e 11 e 19 de Junho.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
1950'sHou Hsiao-HsienKenji MizoguchiMachiko KyoManoel de OliveiraMasayuki MoriShaw Brothers

Helena Ferreira

“Maybe, too, the screen was really a screen. It screened us... from the world” (The Dreamers)

Artigos relacionados

  • Críticas

    “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

  • Críticas

    “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

  • Críticas

    “Ar Condicionado”: a potência do incerto

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023
  • O sol a sombra a cal

    23 de Janeiro, 2023
  • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

    18 de Janeiro, 2023
  • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

    17 de Janeiro, 2023
  • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

    16 de Janeiro, 2023
  • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

    13 de Janeiro, 2023
  • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

    11 de Janeiro, 2023
  • “Broker”: ‘babylifters’

    10 de Janeiro, 2023
  • Vamos ouvir mais uma vez: está tudo bem (só que não)

    9 de Janeiro, 2023
  • “Vendredi soir”: febre de sexta-feira à noite

    5 de Janeiro, 2023
  • “The Fabelmans”: ‘in the end… you got the girl’ 

    3 de Janeiro, 2023
  • 10 anos, 10 filmes #10: João Salaviza

    2 de Janeiro, 2023
  • “Beau travail”: princípio, meio e fim

    30 de Dezembro, 2022
  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023
  • O sol a sombra a cal

    23 de Janeiro, 2023
  • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

    18 de Janeiro, 2023

Etiquetas

1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.