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War for the Planet of the Apes (2017) de Matt Reeves

De Luís Mendonça · Em 16 de Julho, 2017

War. What is it good for?

Absolutely nothing. Say it again.

Edwin Sarr, War

Ao terceiro tomo algo acontece. Nada que não se anunciasse nas entrelinhas do segundo filme deste franchise renovado do Planeta dos Macacos. Num movimento ascensional, War for the Planet of the Apes (Planeta dos Macacos: A Guerra, 2017) representa a entrada definitiva desta série de filmes na linguagem do grandioso filme de acção, com o sentido trágico e político das grandes epopeias – não estranhe o leitor se o comparo aos Lord of the Rings ou aos Star Wars desta vida. A mitologia está criada – demorou dois filmes inteiros a ser erigida. O edifício mitológico acolhe uma reflexão metafísica sobre a guerra, a intolerância e a misericórdia. Essa reflexão ganha corpo na sociedade de macacos que procura evitar a guerra com os humanos, mas acaba por se enredar cada vez mais num conflito de guerrilha com os seus oponentes bípedes. Ao mesmo tempo, os demónios interiores agigantam-se, tanto num como no outro lados. A guerra está, de facto, por todo o lado: à volta e por dentro de todos os que a combatem. Darwin sobressalta-se como nunca antes.

O herói quadrúmano, César (majestosa interpretação de Andy Serkis), é a arena principal desta tragédia shakespereana. A morte do seu rival, Koba, não eliminou a ameaça que este constituía para os da sua espécie. Os humanos morrem do vírus dos macacos, ao passo que César é devorado por dentro pelo fantasma do seu arqui-rival Koba. Dentro de humanos e de macacos o mal opera. Estamos em guerra. War for the Planet of the Apes é mais que isso: a sinopse de uma guerra total, de uma guerra que é todas as guerras. As de Homero, as de Shakespeare, mas também um “Ape-apocalypse, now” – como se lê escrito numa parede a certa altura -, uma parábola sobre a perseguição às minorias e uma alusão à crise dos refugiados. Chegamos ao terceiro capítulo e o Planeta dos Macacos amadureceu, originando um filme político de grande escala, com fome de aventura e acção, a mesma que Hollywood nos habituou a servir sob a forma de um imparável rollercoaster cinético.

É Ela, a História, na sua movimentação própria – insistente, repetitiva, irredimível -, o grande assunto de War, a obra mais adulta a sair da fábrica Hollywood em algum tempo.

Somos conduzidos por um fluxo de imagens desde os primeiros instantes deste terceiro filme, realizado de novo, pela segunda vez consecutiva, por Matt Reeves [Cloverfield (Nome de Código: Cloverfield, 2008)]. Estamos com os humanos na selva a combater o inimigo… Mas será mesmo assim? Será que estamos, de facto, com eles, isto é, “connosco”? Pouco depois, e quase sem darmos por isso, estamos no outro lado, no coração do quartel-general dos macacos. Estamos nesse lado mas estamos com eles, os macacos? A dúvida é a mesma e ela baila, pelo menos no início. O nosso lugar entre os macacos vai sedimentando-se com o passar do tempo a partir do momento em que a revolta contra os humanos invasores se transforma numa intriga metafísica de vingança. Ao contrário do Deus-Macaco (chama-se César aqui), o Deus-Homem (que não tem nome, apenas o conhecemos como “O Coronel” e dá-lhe corpo um pungente Woody Harrelson) é imisericordioso, perceberemos. Até lá, contudo, o filme de Reeves é suficientemente inteligente para nos baralhar a cabeça – mais do que acontece nos filmes anteriores da saga – quanto ao nosso “ponto de partida moral”, quanto ao nosso – apetece escrever – “lugar no mundo e no cosmos”.

Esta capacidade para “dar a volta” ao texto moral estende-se à forma do filme, que alterna agilmente de registos. Como um macaco, War salta rapidamente do “galho do filme de acção” (batalhas, grandes evasões, peregrinações “bíblicas” e um fenómeno natural de efeito devastador reservado para o fim) para o “galho da comédia” (é fundamental neste ponto a entrada em cena da personagem interpretada por Steve Zahn, um macaco de zoo chamado “Bad Ape”) e, depois, tão rápido quanto fora na primeira vez, para o “galho do filme político” (falei em Shakespeare, mas este também é o mais orwelliano dos filmes da trilogia, ensaiando-se aqui uma espécie de “Triunfo dos Macacos”). Esta é a receita do grande entretenimento norte-americano. E aqui entram as comparações com os monstruosos entretenimentos de massas chamados Lord of the Rings e Star Wars, filmes que misturam referências clássicas, da tragédia grega e shakespereana, com a alegoria política de alcance contemporâneo. Pergunto-me se será possível ver  – da maneira como aqui vemos – a bandeira dos Estados Unidos da América a arder sem pensarmos em quem dirige nesta altura o “free world” deste nosso “Planeta de Humanos”.

Em War estamos sempre na fronteira entre o conflito moral e físico – o bem e o mal, o corpo e o vírus – e o comentário audaz à perversa lógica do poder. O herói, César, ameaça tornar-se no vilão do segundo filme, Koba. O vilão, “O Coronel”, pode vir a sucumbir como um “macaco indefeso”, mediante a acção de um vírus novo. Em suma, o equilíbrio é instável quando uns querem tanto não estar no lado dos outros. O ódio aproxima-os. A outridade como uma mesmidade. A fusão, isto é, a confusão é gerada para que alguém, do alto – apetece dizer, do alto do cosmos -, decida quem está no lado certo e quem está no lado errado da História. É Ela, de facto, na sua movimentação própria – insistente, repetitiva, irredimível -, o grande assunto de War, a obra mais adulta a sair da fábrica Hollywood em algum tempo.

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Luís Mendonça

"The great creators, the thinkers, the artists, the scientists, the inventors, stood alone against the men of their time. Every new thought was opposed. Every new invention was denounced. But the men of unborrowed vision went ahead. They fought, they suffered, and they paid - but they won." Howard Roark (Gary Cooper) in The Fountainhead (1949)

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