A ousadia é de tal ordem que raras foram as vezes em que foi visto na sua duração original de 8 horas e 5 minutos. Essa oportunidade chega agora. Uma oportunidade histórica que tem lugar no próximo sábado, a partir das 15h00, na sala Luís de Pina da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.
Este filme monumental é o epítome da arte radical de Andy Warhol. Obra concebida para o cinema, porque só aí o tempo ganha espessura – a mesma densidade da pedra e aço do monumento dentro do monumento, o Empire State Building. Não é (só) um filme, mas uma experiência. Como advoga Jonas Mekas (co-criador deste filme) em relação a algumas obras de longa duração que projectou – e continua a projectar – no Anthology Film Archives, Empire (1964) não é para ser visto como os outros filmes. O espectador é convidado a entrar e a sair da sala, mas enquanto lá estiver dentro é a ele – o edifício totémico -, é a ele – o tempo sólido que faz ou edifica a duração do longo plano fixo – que pode prestar devoção.
Empire é um monumento sobre um monumento. Apenas projectado por uma vez na Cinemateca Portuguesa, mas não na sua duração original, este é um dos acontecimentos do ano cinematográfico em Portugal. Por isso, o À pala de Walsh quer associar-se a ele, exortando o leitor a fazer parte desta experiência e a fazer desta projecção lugar de resistência contra os tempos acelerados, desatentos, distractivos e ideologicamente contaminados em que vivemos. Uma oportunidade rara e valiosa, ainda mais hoje em dia, para dar tempo ao tempo.
Como estímulo, temos cinco bilhetes duplos para oferecer para esta sessão/para este acontecimento. Para vencer, basta enviar o seu primeiro e último nome para o endereço apaladewalsh@gmail.com, indicando no assunto Empire.
Desafiamos todos os leitores, mas em particular os vencedores do passatempo, a enviarem-nos depois da sessão as suas impressões sobre esta experiência (perplexidades, sensações, modo de visionamento).
Seja ousado e venha.
[Passatempo encerrado.]