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Críticas, Em Sala 1

Cinema Novo (2016) de Eryk Rocha

De Sabrina D. Marques · Em 6 de Abril, 2018

O Cinema Novo não é uma questão de idade, é uma questão de verdade.
Paulo Cesar Saraceni

Cinema Novo (2016) situa-nos no lugar de um levantamento de hipóteses: o que significa que surja, em 2016, um documentário homónimo ao movimento que descreve?

 

Na sua quinta longa-metragem, Eryk Rocha relaciona-se com a própria ascendência e constrói um mosaico afectivo que dá voz aos intervenientes do Cinema Novo Brasileiro. Estamos perante um documentário e, simultaneamente, perante um muito livre filme-ensaio que, solto de intenções explicativas, cruza testemunhos em voice-over com excertos de 130 títulos indispensáveis do movimento. A velocidade deste encadeamento rítmico dá-nos a sentir hoje a energia do próprio Cinema Novo. Sucessivamente, jovens figuras rasgam o ecrã a correr, emblemas da precursora vontade dos protagonistas do Cinema Novo de agitar as consciências de um país que, nas décadas de 50 e 60, construía, na profusão das várias expressões artísticas, um espelho para a realidade do seu contexto social e económico. A cisão inaugurada pelo Cinema Novo tem o experimentalismo de um laboratório progressivo, que tanto absorve rapidamente as influências culturais exteriores, como funda uma liberdade multiforme: algures entre o documentário e a ficção, entre o sagrado e o profano, entre o imaginário e o real. É o cinema brasileiro de hoje que aqui se examina: onde está esta energia interventiva face à urgência da realidade presente?

Apesar do referente historicamente definido, Eryk Rocha revitaliza o passado com um exercício aberto que reflecte transversalmente sobre a própria natureza da cinefilia contemporânea. Apropriando-se de imagens que não legenda, vinca a pessoalidade do seu gesto ao organizar visualmente blocos que, para si, definem pilares essenciais da identidade do Cinema Novo. O resultado é um retrato de conjunto de um grupo de cinéfilos que, tão distintos entre si, se uniram para viabilizar esforços e meios, encarando as possibilidades do cinema enquanto veículo de um compromisso ideológico com fundações convergentes.

Descentrando-se do habitual foco sobre os realizadores, Eryk Rocha desmonta o dinamismo de uma estrutura colectiva, particularmente organizada da produção à distribuição. Se o arquivo faz ressurgir a voz do seu pai, Glauber Rocha, ícone maior do movimento, mapeamo-nos entre outros nomes indispensáveis: Nelson Pereira dos Santos, Carlos ‘Cacá’ Diegues, Joaquim Pedro, Gustavo Dahl, Walter Lima, Maurício Copovilla, Paulo César Saraceni, Leon Hirszman, Roberto Farias, etc. E destes ‘‘fordianos e rosselinianos’’, destes acérrimos ‘‘de Eisenstein e da Nouvelle Vague’’ ouvimos acerca da agilidade de um cinema que, feito por amigos, despertou o panorama internacional para o cinema brasileiro. Perseguindo um princípio de verdade são, apesar do vanguardismo formal, filmes que interpelam no imediato e que, em conformidade com os mínimos meios envolvidos, se relacionam com as faltas que denunciam a um país sobre o qual desejam agir. Não podemos, em 2016, prosseguir na enérgica simplicidade do lema ‘‘uma câmara na mão e uma ideia na cabeça’’?

Com um claro sentido de risco, nesta reflexão acerca do legado do Cinema Novo na história do cinema brasileiro, Erik Rocha enfrenta o mesmo dilema político dos cineastas que retrata e coloca-se nessa fenda, problematizada pelo filme, onde as formas revolucionárias competem com a eficácia da comunicação. Contra o mero débito informativo, demonstra como, após tantos limites cruzados pela inventividade do passado, a recepção do cinema experimental é, ainda hoje, condicionada pelas linguagens dominantes. Ouve-se em Cinema Novo: ‘‘Nunca ganhámos a guerra. Não podemos deitar em cima da vitória. É uma guerra aberta.’’ E Eryk Rocha está nas trincheiras.

[este texto é parte de um artigo mais extenso intitulado Tony Scott, Matías Piñeiro e Eryk Rocha no Festival do Rio, publicado em 10 de Novembro de 2016 e disponível nesta ligação]

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Sabrina D. Marques

''Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.'' Fernando Pessoa (Tabacaria)

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1 Comentário

  • Palatorium walshiano: de 8 de Março a 8 de Abril | À pala de Walsh diz: 9 de Abril, 2018 em 11:38

    […] a desilusão generalizada em torno de Colo (2017) de Teresa Villaverde e o entusiasmo em redor de Cinema Novo (2016) de Eryk Rocha, a surpresa vinda de Jusqu’à la garde (Custódia Partilhada, 2017) de […]

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