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O Tarzan do cinema português

De Paulo Cunha · Em 6 de Maio, 2018

A 22 de Junho de 1920 nascia em Lisboa Manuel Ribeiro Nunes Queiroz, hoje um nome praticamente desconhecido no cinema português mas que marcou a sua época enquanto um dos produtores mais dinâmicos e persistentes. Pela mão de Manuel Queiroz, o cinema português recrutou os mais populares e mediáticos nomes da rádio, da revista e da televisão de então numa tentativa de consolidar um modelo de produção. Leitão Ramos, no seu dicionário, aponta Queiroz como “um dos mais importantes produtores de um cinema rasteiro, fotonovelesco e nacional-cançonetismo, cujo êxito comercial era quase sempre certo nas salas do Odeon ou do Eden.“ A sua estratégia era aproveitar a popularidade de figuras da rádio para protagonizar os seus filmes, garantindo um aparente retorno financeiro como um tipo de “cinema degradado e reaccionário“: Tony de Matos em Rapazes de Táxis (1965), António Calvário e Madalena Iglésias em Uma Hora de Amor (1964), Fernando Farinha em O Miúdo da Bica (1963) e A Última Pega (1964), e Amália Rodrigues e o toureiro Diamantino Viseu em Sangue Toureiro (1958).

A figura de autoridade do cão Farrusco, polícia zelador da paz e da boa educação, assume um propósito didáctico e moralista que configura uma visão de sociedade ordeira, controlada, modesta e pobrezinha.

Queiroz começou a trabalhar em cinema na Lisboa Filme, em 1946, para onde foi trabalhar como chefe de escritório e, mais tarde, como auxiliar da gerência. Pouco depois, começa a produzir documentários, mas só na década seguinte passaria a director de produção de longa-metragem, com O Noivo das Caldas (1956) de Arthur Duarte e Perdeu-se um marido (1957) de Henrique Campos. Sairia da Lisboa Filme em 1957 para se estabelecer como produtor independente. A experiência não seria duradoira, mas produziria três longas-metragens com o realizador Augusto Fraga: Sangue Toureiro, O Tarzan do 5.º Esquerdo (1958) e O Passarinho da Ribeira (1959).

Entre 1960 e 1961 trabalha noutro sector cinematográfico como gerente de distribuição na Filmes Castello Lopes, mas mantém a sua actividade como director de produção em filmes como Raça (1961), de Augusto Fraga e com produção da Imperial Filmes, A Ribeira da Saudade (1961), de João Mendes e produção de Felipe de Solms, e O Milionário (1962), de Perdigão Queiroga com produção de Felipe de Solms (Ibidem).

Em 1962, Manuel Queiroz funda a Cinedex, que produziria 10 longas-metragens em 3 anos: Um Dia de Vida (1962) de Augusto Fraga, Pássaros de Asas Cortadas (1962) de Artur Ramos, O Miúdo da Bica de Constantino Esteves, 9 Rapazes e 1 cão (1963) de Constantino Esteves, Uma Hora de Amor (1964) de Augusto Fraga, A Última Pega (1964) de Constantino Esteves, Um Cão e dois destinos (1964) de Alain Bornet, Rapazes de Táxis de Constantino Esteves, 29 Irmãos (1965) de Augusto Fraga e A Voz do Sangue (1965) de Augusto Fraga.

O filme musical seria uma das principais apostas de Queiroz. O primeiro seria O Miúdo da Bica, inspirado na biografia do próprio Fernando Farinha, o protagonista do filme e vedeta do fado. No ano seguinte seria a vez de António Calvário protagonizar Uma Hora de Amor. Repetindo a fórmula de “sucesso“ (comercial) do filme anterior, Queiroz contratou Calvário no auge do seu mediatismo e sucesso: havia sido coroado Rei da Rádio e vencido recentemente o Festival RTP da Canção, participando consequentemente no Festival da Eurovisão em representação de Portugal. O par amoroso do filme era composto com Madalena Iglésias, que aqui também se estreava no cinema e que também conquistara grande sucesso na rádio e televisão. A narrativa do filme, muito simples e de tom melodramático, centra-se na trajectória de um trabalhador fabril que é descoberto por um empresário que o lança como cançonetista, que se envolverá num triângulo amoroso com uma artista de rádio e TV e uma amiga que adoece gravemente.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=vk5BAAxZjG8&w=560&h=315]

A comédia, ao estilo da revista do Parque Mayer, foi outro género popular entre as produções de Manuel Queiroz. Protagonizado por Raul Solnado, popular actor de revista à época, O Tarzan do 5.º Esquerdo aborda as peripécias de um casal recém-casado que se envolve num esquema pouco ortodoxo para conseguirem sucesso nos negócios.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=PhhikyPIE2E&w=560&h=315]

O western ribatejano, valorizando a “valentia dos homens ribatejanos e a sua religiosidade total e, curiosamente, a submissão à autoridade“ (Ibidem: 200), também foi tema de dois filmes produzidos por Queiroz: A Última Pega junta, numa narrativa simples e linear, e Sangue Toureiro, primeira longa-metragem a cores no cinema português, o que significou um grande investimento do produtor.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=qp7sSVAs23g&w=560&h=315]

Queiroz tentou também, em vão, produzir filmes para um público infanto-juvenil, nomeadamente com 9 Rapazes e 1 cão e Um Cão e dois destinos, filmes protagonizados pelo cão Farrusco, que se tornaria num caso de popularidade na imprensa da época. O filme assume, na figura de autoridade deste polícia zelador da paz e da boa educação, um propósito didáctico e moralista que configura uma visão de sociedade ordeira, controlada, modesta e pobrezinha. Filmado em Campolide, apresenta o bairro como uma pequena aldeia onde todos se conhecem, uma espécie de sociedade modelo – modelo para crianças, bem se vê – mas onde desponta a ameaça da nova geração irreverente. Esta actualidade de referências dá-nos alguns sinais de época: os métodos modernos da professora nova, o facto já elogiado de ela trabalhar e ser útil, mesmo sem ter necessidade e em vez de namorar; o “snack-bar“, bar de balcão corrido, novidade à época, e as más companhias que ameaçam os jovens, cujos pais – comerciantes abastados – não conseguem por fraqueza controlar.

Finalmente, existe um outro núcleo de filmes produzidos por Queiroz que são marcados por um tom assumidamente dramático e que retratam alguns dramas do quotidiano: Raça é um drama familiar com preocupações sociais, em particular as mães solteiras; Pássaros de Asas Cortados, adaptado obra homónima de Luiz Francisco Rebello, conta a história de Elsa, filha de uma família da alta burguesia do final dos anos 50, que se debate com o ambiente dissimulado e corrupto a que pertence; Um dia de Vida aborda um conflito moral entre gerações através de história de um pai de família desempregado que é peça de um triângulo amoroso protagonizado pelo seu filho e pela madrasta/actual esposa; 29 Irmãos, rodado em Angola, fala do regresso de um soldado da guerra e da rejeição da noiva, que entretanto decidira enveredar pela vida religiosa; A Voz do Sangue, também rodado em Angola, reconstitui a saga duma família entre os anos 1940 e 1961, culminando no dilema dum advogado tem de defender em tribunal um homem que desconhecia ser o seu pai.

As dificuldades financeiras deixariam inacabado o filme Férias em Portugal e levariam, em 1965, à extinção da Cinedex. Queiroz partiu para Angola. Regressaria a Portugal dez anos depois, em 1975, para retomar a actividade como director de produção em A Recompensa (1976) de Artur Ramos. Em 1978 seria um dos fundadores da cooperativa Forum, onde produziria vários documentários industriais, a série para televisão Retalhos da Vida de um Médico (1978-79) e A Noite e a Madrugada (1985), ambos de Artur Duarte. Voltaria, excepcionalmente, à produção em 1987 para produzir, escrever e realizar 24 Horas na Vida de um Pedinte (1987), a sua estreia atrás das câmaras, um telefilme para a RTP protagonizado por Manuel Cavaco.

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Paulo Cunha

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