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Bamui haebyun-eoseo honja (2017) de Hong Sang-soo

De Helena Ferreira · Em 26 de Julho, 2018

Dos vários auteurs do cinema coreano, Hong Sang-soo será certamente dos mais queridos na Europa, a sua prolífica obra é presença constante no circuito de festivais de cinema. Bamui haebyun-eoseo honja (Na Praia à Noite Sozinha) é um dos seus filmes de 2017 e passa no sábado na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema numa double bill com Remorques (1939-41) de Jean Grémillon. Encontramos aqui mais um exemplo paradigmático da obra de Hong, por vezes acusado de estar sempre a fazer versões do mesmo filme. Com uma particularidade: a questão, subjacente a todo o filme, do affair da actriz com um realizador casado é uma referência óbvia à relação da protagonista, Kim Min-hee, com Hong Sang-soo – o caso de ambos foi admitido em público numa conferência de imprensa sobre o filme.

Dividido em duas partes (embora facilmente as pudéssemos trocar de ordem), Bamui haebyun-eoseo honja começa na Alemanha e segue para uma cidade costeira da Coreia do Sul, Gangneung. Abre com duas mulheres a fumar e a falar num mercado de rua europeu, prosseguindo com actos corriqueiros idênticos até ao final: conversar, comer, beber, fumar, andar. Pessoas com diferentes graus de familiaridade que se cruzam ou reencontram. Não no-las apresentam mas, passado um bocado, é como se, estranhamente, as conhecêssemos de há muito. Porque os tudo-nada de que falam – comida, aparência, amor, onde viver, de quem sentir falta, de envelhecer – soam como conversas que gente de classe média “com inclinação artística”, aí entre os 20 e os 50 anos, devem ter em todo o lado deste mundo globalizado. Há tiradas sobre solidão a rir, discussões sobre experiência e beleza, e muita frase inconsequente. Está-se na vida sem saber bem como se chegou àquele ponto, as angústias são temperadas com o típico humor autorreflexivo do cinema de Hong Sang-soo, e não há bem fim nem início – está-se ali, agora.

Está-se na vida sem saber bem como se chegou àquele ponto, as angústias são temperadas com o típico humor autorreflexivo do cinema de Hong Sang-soo, e não há bem fim nem início – está-se ali, agora.

Desta vez sem voz-off (presente em alguns, mas não todos, os filmes de Hong), Bamui haebyun-eoseo honja mantém as opções técnicas de outros filmes seus, incluindo os seus icónicos zooms. Tematicamente, move-se também em terreno habitual, das quotidianas dúvidas existenciais e intrincados laços emocionais entre figuras de artistas (aqui, como noutros casos, da área do cinema). Alguns diálogos são ecos de trabalhos anteriores. No entanto, o clímax perto do final oferece algo diferente, sobretudo tendo em conta o contexto pessoal deste filme.

Naquela que será talvez a cena mais comentada, a personagem central, a actriz Young-hee (Kim Min-hee), confronta o homem casado com quem teve um caso e que é obliquamente referido numa série de cenas anteriores. Trata-se do realizador Sang-won (Moon Sung-keun) e a interpelação é feita num jantar na presença de membros da sua equipa de rodagem. Segue-se um confronto com palavras mais ou menos explícitas que oferecem simultaneamente um comentário sobre o cinema de Hong (não uma novidade) e sobre a relação extraconjugal entre Kim e Hong, que gerou um enorme escândalo na Coreia do Sul. O jogo da vida e a arte atinge um pico de tensão. Há referências aos seus filmes, a leitura de excertos de um livro e golpes verbais sobre a fraqueza dele por “mulheres bonitas”, o seu remorso e a sua “anormalidade”. Tudo particularmente demolidor tendo em contra o quão indistinguíveis aquelas tiradas são (são mesmo?) dos “reais” Hong e Kim. Há também ali um desconcertante misto de autocrítica e “peninha de si próprio” da parte do realizador, passível de gerar diferentes interpretações. Interessante ainda especular quanto do que vemos neste filme será também uma criação de Kim Min-hee, da sua experiência, e do seu processo criativo. O papel, magnífico no seu desequilíbrio, valeu-lhe o Urso de Prata para Melhor Actriz no Festival de Berlim.

O misterioso final – ou deveremos dizer os misteriosos finais (de cada parte do filme) – na praia deixa em dúvida o que se passou com Young-hee e se tudo não foi apenas um sonho. Tão subitamente quanto começou, assim acaba Bamui haebyun-eoseo honja. Mas a serenidade do plano final é traída pelo momento da verdade (ou da eterna mentira) que vimos antes à mesa, o descarnar dramático e patético do amor e da dor, do cinema e da vida.

Bamui haebyun-eoseo honja passa na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema dia 28, às 15h30, numa sessão dupla com o filme francês Remorques.

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Helena Ferreira

“Maybe, too, the screen was really a screen. It screened us... from the world” (The Dreamers)

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1 Comentário

  • “O Filme de Oki”: sem pompa, com muita circunstância | À pala de Walsh diz: 9 de Fevereiro, 2021 em 11:35

    […] Moon Sung-keun deu corpo a figuras idênticas noutros trabalhos de Hong, nomeadamente no posterior Bamui haebyun-eoseo honja (Na Praia à Noite Sozinha, […]

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