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Don't Worry, He Won't Get Far on Foot (Não Te Preocupes, Não Irá Longe a Pé, 2018) de Gus Van Sant
Críticas, Em Sala 0

Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot (2018) de Gus Van Sant

De Bernardo Vaz de Castro · Em 2 de Julho, 2018

Gus Van Sant há muitos anos que desejava adaptar a biografia do cartoonista John Callahan, que, aos 21 anos, devido a um acidente de viação, ficou tetraplégico. É graças a este incidente que Callahan, alcoólico desde tenra idade (13 anos), decide aderir aos AA e tomar as rédeas da sua vida. Eis que, por fim, o filme chega às salas portuguesas, após uma incursão pelos festivais de Sundance e Berlim. Desde Promise Land (Terra Prometida, 2012) que Gus Van Sant não via os seus filmes serem distribuídos em Portugal. E sem surpresas, pois nada há a acrescentar desde Milk (2008), e agora apenas temos o caldo informe a que os seus filmes estão reduzidos, não deixando ver sombra ou rasto daquele que foi um realizador maior.

Don't Worry, He Won't Get Far on Foot (Não Te Preocupes, Não Irá Longe a Pé, 2018) de Gus Van Sant

Se Promise Land poderá ser desculpado em parte a Gus Van Sant pelo seu papel de tarefeiro – numa parceria que contava inicialmente ter o próprio actor Matt Damon na realização -, em nada poderemos desculpar Restless (Inquietos, 2011) ou Milk (2008). Assinalo Milk como esse ponto derradeiro, onde Van Sant abandona por completo a economia e a linguagem que lhe eram características, em detrimento do contador de histórias. Se Milk ou este Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot (Não Te Preocupes, Não Irá Longe a Pé, 2018) são filmes justos para com os seus personagens? São. Se transcendem essa dimensão? Não. O próprio Last Days (Últimos Dias, 2005), filme absolutamente exasperante, parece hoje, com o devido distanciamento de 13 anos, uma proposta mais válida, mesmo que absolutamente inócua, em relação a estas duas obras. Se Last Days (Últimos Dias, 2005) não atinge a sublimação a que Elephant (Elefante, 2003) ou Gerry (2002) ascendem (redundando num projecto absolutamente circular e monótono), poderíamos pelo menos contar com o reconhecimento de uma tal linguagem e economia a que Van Sant nos tinha habituado.

Entre slow motions, animação, estilo documental e ficcional, tudo lhe serve para contar, e, esta falta de consistência, dá ao filme uma incoerência formal e um resultado de manta de retalhos.

A linguagem a que me refiro é a de um estilo absolutamente depurado, onde a palavra e a narrativa linear dão lugar às relações entre corpos e espaços. Esse trabalho de enquadramento dá ao cinema de Van Sant uma concretude e fisicalidade única do desejo masculino. Desde Mala Noche (1986), a sua primeira longa-metragem, que Van Sant soube determinar a acção dos espaços sobre os corpos e é essa contingência capaz de revelar a subtil e brutal violência que o desejo neles despoleta. A escola em Elephant, o parque em Paranoid Park (2007), a casa em Psycho (1998) e sobretudo o deserto em Gerry, são exemplos máximos de como o espaço determina a acção, sem o necessário engajamento narrativo a que My Own Private Idaho (A Caminho de Idaho, 1991), por exemplo, se socorre.

Mas estamos longe dessa abstracção tão bem conseguida. E quanto mais longe estamos dessa abstracção, mais Van Sant carrega na tónica narrativa e nos seus elementos idiossincráticos para evidenciar aquilo que já não vemos. Resta apenas a este filme fragmentos tanto linguísticos como discursivos. Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot, não consegue estabilizar-se nunca, recorrendo a diversas linguagens para montar um filme que, na sua coesão, a única coisa que lhe resta é a narrativa deste homem. Entre slow motions, animação, estilo documental e ficcional, tudo lhe serve para contar, e, esta falta de consistência, dá ao filme uma incoerência formal e um resultado de manta de retalhos.

Primeiro, a reunião nos AA filmada em estilo documental; em seguida a animação que pretende ilustrar as relações entre os seus desenhos e a vida do autor; a seguir os slow motions no acidente e nos tratamentos; depois o lado ficcional da obra e a narrativa em peso, um momento ainda para um flashback inserido a martelo, aludindo à infância que até então tinha sido um dos motivos principais da sua dependência, nunca exibida; voltando por fim à animação, sem que tenhamos compreendido as mais-valias desta inconstância linguística. Os próprios elementos idiossincráticos, de tão demonstrativos que são, transformam o filme em inventário van santiano. A alusão ao rock (quer nos actores convidados, quer pela constante banda sonora), o seu fascínio pelos espíritos (algo que em Restless (2012) era já o centro do filme) ou a homossexualidade (quer no personagem negro, poeta e alcoólico, quer no próprio conselheiro, vítima do HIV), são os elementos que pretendem a todo custo tornar reconhecível o filme enquanto um filme de Gus Van Sant.

Talvez a ausência de The Sea of Trees (2015) das salas portuguesas, seja o sintoma do desinteresse generalizado que a actual obra de Van Sant detém junto do público e dos críticos. No início deste Don’t Worry, um dos membros do grupo dos AA a que Callahan pertence, uma mulher burguesa e alcoólica, parece querer avisar o espectador ao afirmar que a sua história não parte de nenhum drama profundo e que, por isso, talvez seja entediante para quem a ouve. De facto esta subtileza de Van Sant deveria ser escutada por todos aqueles que tal como eu o admiram, optando por abandonar a sala ao preterirem ficar para estas duas longas e intermináveis horas de uma banalidade, didactismo e moralismo confrangedor.

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2010'sGus Van SantJohn CallahanMatt Damon

Bernardo Vaz de Castro

"Il n'y a pas de plus profonde solitude que celle du samourai si ce n'est celle d'un tigre dans la jungle... peut-être..." (Le Bushido)

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