• Homepage
    • Quem Somos
    • Colaboradores
  • Dossier
    • Raoul Walsh, Herói Esquecido
    • Os Filhos de Bénard
    • Na Presença dos Palhaços
    • E elas criaram cinema
    • Hollywood Clássica: Outros Heróis
    • Godard, Livro Aberto
    • 5 Sentidos (+ 1)
    • Amizade (com Estado da Arte)
    • Fotograma, Meu Amor
    • Diálogos (com Estado da Arte)
    • 10 anos, 10 filmes
  • Críticas
    • Cinema em Casa
    • Em Sala
    • Noutras Salas
    • Raridades
    • Recuperados
    • Sem Sala
  • Em Foco
    • Comprimidos Cinéfilos
    • Divulgação
    • In Memoriam
    • Melhores do Ano
    • Palatorium Walshiano
    • Passatempos
    • Recortes do Cinema
  • Crónicas
    • Entre o granito e o arco-íris
    • Filmes nas aulas, filmes nas mãos
    • Nos Confins do Cinema
    • Recordações da casa de Alpendre
    • Week-End
    • Arquivo
      • Civic TV
      • Constelações Fílmicas
      • Contos do Arquivo
      • Do álbum que me coube em sorte
      • Ecstasy of Gold
      • Em Série
      • «Entre Parêntesis»
      • Ficheiros Secretos do Cinema Português
      • Filmado Tangente
      • I WISH I HAD SOMEONE ELSE’S FACE
      • O Movimento Perpétuo
      • Raccords do Algoritmo
      • Ramalhetes
      • Retratos de Projecção
      • Se Confinado Um Espectador
      • Simulacros
      • Sometimes I Wish We Were an Eagle
  • Contra-campo
    • Body Double
    • Caderneta de Cromos
    • Conversas à Pala
    • Crítica Epistolar
    • Estados Gerais
    • Filme Falado
    • Filmes Fetiche
    • Sopa de Planos
    • Steal a Still
    • Vai~e~Vem
    • Arquivo
      • Actualidades
      • Estado da Arte
      • Cadáver Esquisito
  • Entrevistas
  • Festivais
    • Córtex
    • Curtas Vila do Conde
    • DocLisboa
    • Doc’s Kingdom
    • FEST
    • Festa do Cinema Chinês
    • FESTin
    • Festival de Cinema Argentino
    • Frames Portuguese Film Festival
    • Harvard na Gulbenkian
    • IndieLisboa
    • LEFFEST
    • MONSTRA
    • MOTELx
    • New Horizons
    • Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino
    • Panorama
    • Porto/Post/Doc
    • QueerLisboa
  • Acção!
À pala de Walsh
Flores (2017) de Jorge Jácome.
Close-up, Críticas, Festivais, Noutras Salas 0

Flores (2017) de Jorge Jácome

De Ricardo Gross · Em 15 de Outubro, 2018

Flores (2017) é um filme maior do que o conjunto das suas partes. É um filme que se expande, que também ele se propaga como as hortênsias japonesas que nos Açores de Flores estão por todo o lado. O seu efeito de contágio é amoroso. O estado de torpor que induz é parte do processo de inoculação.

Flores (2017) de Jorge Jácome.

Atravessamos o filme de Jorge Jácome num estado febril sem dor. Uma espécie de delírio que traz paz e que só condiciona sentidos periféricos. Flores não entra dentro de nós; nós é que entramos dentro dele. Desejamos aquela cor. Desejamos aquele amor. Desejamos que o filme nos chame pelo nome. O efeito de sedução é a sua maior verdade. E é todo construído, tal como uma ficção.

Onde o filme existe no sentido mais puro, os corpos deixaram de ser corpos. Serão também flores. 

As ilhas estão desertas de gente, tirando alguns militares. Os espaços encerram a memória do que foram antes. As presenças dos soldados Rosa e Andrade corporizam uma história passada. Flores é como que a reconstituição e o eco verdadeiro de algo que aconteceu. O filme mostra frequentemente as costuras do cinema mas por outro lado parece que aquilo existiu de verdade. Que estamos a assistir a vestígios que nos chegam de outro tempo. Alguém guardara aquelas imagens para que chegassem a um momento futuro qualquer. Mas o realizador participa do processo mostrando que as imagens estão também a acontecer por sua intervenção. E assim ficamos, suspensos de querer separar o que é dali do que ali foi parar.

O elemento amoroso de Flores tem por metáfora dominante o leito. Toda a superfície que é terra é uma cama de flores. Os dois rapazes poderiam deitar-se a qualquer altura, vemo-los uma vez entrar numa pequena tenda que têm a cor entre o azul e o roxo de todas as flores, do céu e do mar. O espaço físico do filme é intencionalmente vago. Flores convida a que nos orientemos por ele tacteando as suas imagens, palavras e música (a cama musical utilizada é a peça minimalista In C, do norte-americano Terry Riley).

O acto de avançar tacteando tem a conotação de sensorialidade mais que de sensualidade. Onde o filme existe no sentido mais puro, os corpos deixaram de ser corpos. Serão também flores. É como se o filme de Jorge Jácome procedesse a uma deslocação até a tempo primordial, rarefeito de pulsões, a um todo harmonioso. E então depois o filme enceta as suas despedidas, nomeando uma a uma as pessoas que são também parte daquele fio de memórias ficcionadas, de uma memória que não coincide com o tempo da recordação central do filme, para que o todo difuso se renove para futuras descobertas.

Os ecos de Flores serão sempre novos e fruto dessa imponderabilidade em que o filme se constrói em expansão.

***

De 13 a 20 de Outubro decorre na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão o terceiro episódio do Close-up – Observatório de Cinema, com cerca de 40 sessões de cinema contemporâneo cruzadas com histórias do cinema, sob o mote do lugar, incluindo filmes-concerto. Flores de Jorge Jácome será exibido no dia 17, pelas 18h30 no Pequeno Auditório, juntamente com Isle of Dogs (Ilha dos Cães, 2018) de Wes Anderson.

Partilhar isto:

  • Twitter
  • Facebook
2010'sJorge JácomeTerry Riley

Ricardo Gross

"Ken is a tormented man. It is Eiko, of course, but it is also Japan. Ken is a relic, a leftover of another age, of another country." The Yakuza (1974) de Sydney Pollack

Artigos relacionados

  • Críticas

    “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

  • Contra-campo

    “Aftersun”: a tensão suave da memória

  • Cinema em Casa

    “Time to Love”: amor, um caminho interior

Sem Comentários

Deixe uma resposta

Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.

Últimas

  • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

    3 de Fevereiro, 2023
  • “Aftersun”: a tensão suave da memória

    1 de Fevereiro, 2023
  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023
  • “Saute ma ville”, “La Chambre” e “Portrait d’une paresseuse”: a casa-retrato de Chantal Akerman

    25 de Janeiro, 2023
  • “Terrifier 2”: ‘gore, gore, gore’

    24 de Janeiro, 2023
  • O sol a sombra a cal

    23 de Janeiro, 2023
  • “Ar Condicionado”: a potência do incerto

    18 de Janeiro, 2023
  • “The Bad and the Beautiful”: sob o feitiço de Hollywood, sobre o feitiço de Hollywood 

    17 de Janeiro, 2023
  • Três curtas portuguesas à porta dos Oscars

    16 de Janeiro, 2023
  • “Barbarian”: quando o terror é, afinal, uma sátira contemporânea

    13 de Janeiro, 2023
  • “Frágil”: apontamentos sobre o cinema da amizade

    11 de Janeiro, 2023
  • “Broker”: ‘babylifters’

    10 de Janeiro, 2023
  • Vamos ouvir mais uma vez: está tudo bem (só que não)

    9 de Janeiro, 2023
  • Quem Somos
  • Colaboradores
  • Newsletter

À Pala de Walsh

No À pala de Walsh, cometemos a imprudência dos que esculpem sobre teatro e pintam sobre literatura. Escrevemos sobre cinema.

Críticas a filmes, crónicas, entrevistas e (outras) brincadeiras cinéfilas.

apaladewalsh@gmail.com

Últimas

  • “No Bears”: só há ursos quando os homens assim os legitimam

    3 de Fevereiro, 2023
  • “Aftersun”: a tensão suave da memória

    1 de Fevereiro, 2023
  • “Time to Love”: amor, um caminho interior

    31 de Janeiro, 2023
  • Apocalypse Now: as portas da percepção

    30 de Janeiro, 2023
  • A medida das coisas

    26 de Janeiro, 2023

Etiquetas

1970's 2010's 2020's Alfred Hitchcock François Truffaut Fritz Lang Jean-Luc Godard John Ford João Bénard da Costa Manoel de Oliveira Martin Scorsese Orson Welles Pedro Costa Robert Bresson

Categorias

Arquivo

Pesquisar

© 2021 À pala de Walsh. Todos os direitos reservados.