Pessoalmente, ‘Escape From New York’ sempre me pareceu um remake do ‘Terceiro Homem’ de Welles-Reed. Como a Viena das cítaras e das valsas, é um espaço igualmente contaminado, propício a todas as traições, onde tudo surge minado pelas ruínas e Kurt Russell evoca Cotten face ao Welles-Stanton (…). Quando, perto do final, Adrienne Barbeau (…) se recusa a seguir “Snake” («my name is Plissken») na ponte de que só “Brain” conhecia o código, é a imagem de Alida Valli que me vem (refiro-me, novamente, ao ‘Terceiro Homem’) afastando-se do “herói impuro” para escolher a sorte dos danados.
João Bénard da Costa, “Escape From New York / Nova Iorque 1997 (1981)”, Escritos Sobre Cinema de João Bénard da Costa, Tomo I, 1.º Vol., Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, 2018: 886.