No âmbito da parceria entre o À pala de Walsh e a Filmin Portugal, os redactores do site escolheram os seus melhores filmes de 2018 disponíveis na plataforma de streaming portuguesa. Juntámos a esse TOP 10 um passatempo: até ao dia 19 de Janeiro está aberto um sorteio que oferecerá a possibilidade a dez leitores de escolherem um dos filmes desta lista e verem-no no conforto do seu lar. Para se habilitar basta enviar um e-mail para apaladewalsh@gmail.com com o seu nome e com a resposta à seguinte questão:
Qual o filme desta lista que não teve distribuição comercial nas salas portuguesas e que encimou a lista do ano de revista francesa Cahiers du cinéma?
Boa sorte!
[Passatempo encerrado: todos os participantes foram informados e os prémios distribuídos pelo 10 vencedores]
1.º First Reformed (No Coração da Escuridão, 2017) de Paul Schrader
“Não é suficiente para os protagonistas de Schrader obter a morte, é necessário morrer por uma causa que justifique a alienação que os encarcera, tornarem-se mártires e com isso, talvez, encontrar a redenção. É esta a beleza e a singularidade de First Reformed: a capacidade de misturar a agonia e a paranóia características da Nova Hollywood com a espiritualidade e austeridade do estilo transcendente.”
2.º L’amant d’un jour (O Amante de Um Dia, 2017) de Philippe Garrel
“Rapazes e raparigas dançam “à antiga”: de corpos encostados, trocam pequenas carícias, segredam palavras que não ouvimos, pelo menos as que são ditas com a boca, porque há outras, bem audíveis, ditas com os olhos. A coreografia é de uma candura rara, sob o tema musical de Jean-Louis Aubert (com letra de Michel Houellebecq), que rouba à cena o seu som natural. Em Garrel, neste Garrel, a volúpia no amor não está no sexo, mas na dança. “
3.º Zimna wojna (Cold War – Guerra Fria, 2018) de Pawel Pawlikowski
“Este casal não bailará mais, as cortinas cairão ante a conquista da eternidade – não tanto a morte do amor, mas o amor na morte, finalmente redimido! Zimna wojna redimensiona-se nos minutos finais, iluminando qualquer coisa mais poderosa e, deste modo, obliterando a pose pouco genuína, e fatalmente plástica, que o sustentara até então – a Cortina de Ferro que me afasta do filme é, de facto, essa boniteza mansa, sem grão e de reclame sofisticado, que parece tomar conta de tudo.”
4.º Columbus (2017) de Kogonada
“Normalmente, dizer que um filme é belo parece ser algo simpático quando não há muito mais para elogiar. Aqui, o filme é belo não só pela qualidade da encenação e da serenidade da fotografia, pela forma como os enquadramentos contam a história, mas também pela relação entre as duas personagens principais, num momento peculiar para cada um.”
5.º Lazzaro felice (Feliz Como Lázaro, 2018) de Alice Rohrwacher
“As maravilhas de Lazzaro começam aqui, na forma como o caso verídico devém fábula, e a fábula, acto verídico. A transição destes dois espaços nunca é puramente lógica, os raccords de planos e espaços saltam idades impossíveis de comprovar pela razão. Depois temos o jovem Adriano Tardiolo, escolhido entre mais de 1000 candidatos, que faz de Lazzaro. Escolha impressionante a mostrar como o casting pode ser o ponto de partida para uma certa transcendência do rosto e da expressão. A bondade pura que, contra a exploração, se ergue como Lázaro e sempre regressa.”
6.º Jusqu’à la garde (Custódia Partilhada, 2017) de Xavier Legrand
“Neste filme não há zonas cinzentas, aquele homem é uma besta e por isso deve ser retratado como tal. A tolerância que o sistema tem para com os agressores (e que permite a que no início do filme possamos nós mesmos sentir que algumas alegações possam ser falsas), é a mesma intolerância que esta câmara formalmente tem para com a situação.”
7.º Les garçons sauvages (2017) de Bertrand Mandico
“Reduzir Les garçons sauvages a modelos passados, a uma marginalidade que eterniza uma visão monolítica do cinema de autor, é uma forma de negar a contemporaneidade do olhar de Bertrand Mandico na intersecção compulsiva de territórios porventura anacrónicos, olhando para o passado de modo a escortinar uma ideia de futuro.”
8.º The Death of Stalin (A Morte de Estaline, 2017) de Armando Iannucci
“O filme de Armando Iannucci faz-se, no fundo, nas incongruências desse intervalo, entre a construção magnânima do líder e da nação, e a qualidade humana (para não dizer simplesmente mesquinha) dos protagonistas dessa “grande” narrativa.”
9.º As Boas Maneiras (2017) de Marco Dutra e Juliana Rojas
“As Boas Maneiras é um lento, absorvente, sensual e atmosférico filme de horror que, pelo mistério que vai desenrolando, parece ser uma versão Val Lewton de filmes recentes que nos têm chegado do Brasil e que transportam para as casas das classes média e alta as tensões vividas macroscopicamente em toda a sociedade, começando por aquelas que subterraneamente se estabelecem entre a mulher-a-dias e a sua patroa.”
10.º Estiu 1993 (Verão 1993, 2017) de Carla Simón
“Aquilo que deslumbra neste Estiu 1993 é precisamente a forma como reinventando o ponto de vista da criança, vamos tendo acesso a fogachos de mundo, de baixo para cima, a brincadeiras, a birras, a cenas incompletas. Ou fugas, asneiras, injustiças e, nos seus interstícios, lá vem o “grande drama”, aquele que se vai instalando aos poucos, aquele para os quais os adultos vão e vêm como que sendo chamados, pontualmente, a uma boca de cena. “