De 20 a 28 de Setembro, o QueerLisboa regressa às salas da capital: Cinema São Jorge e Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema. Entre as secções do costume, retrospectivas, festas e uma exposição, aqui ficam algumas sugestões do que se vai projectar pelas telas do eixo da Avenida da Liberdade.
Este road movie porno lésbico tem dado que falar desde que estreou, o ano passado, no Festival de Buenos Aires (onde venceu o prémio para melhor filme argentino). Realizado, produzido, filmado, construído e interpretado por mulheres, este é um filme onde se explora a sexualidade através do erotismo como forma de comunicação, na máxima magnitude que constitui a diversidade e inclusão de todos corpos.
Estreado este ano na secção Panorama do festival de Berlim (praça habitual do realizador Santiago Loza), aqui conta-se a história de três renegados da sociedade (Tania, uma mulher trans que trabalha em discotecas, Pedro, um dançarino de voguing e Daniela, uma empregada de mesa com o coração partido) encarregues de devolver um alienígena ao seu planeta.
Mr. Mare é um fofinho carrapato, um minúsculo homem piolho que vive sobre a pele do seu hospedeiro, pelo qual estabelece uma relação amorosa não correspondida. Esta deliciosa e delicada animação sem quaisquer diálogos estreou na competição de curtas-metragens deste ano do festival de Berlim. Feito de texturas envolventes e húmidas aqui conta-se uma triste história de desamparo, tocada pela graça da afectividade.
O trabalho de Su Hui-Yu é pouco conhecido em Portugal, mas o festival de Roterdão – onde esta sua mais recente curta-mteragem estreou no início do ano, em competição pelo Tigre – dedicou-lhe uma retrospectiva há algumas edições atrás. Um trabalho hiper-estilizado onde a câmara lenta, o sexo e as cores berrantes se misturam nos corpos e na natureza. Aqui, homens e mulheres nus brincam na floresta, numa espécie de orgia decadentemente alegre e fetichista.
Os desenhos animados de Hanna-Barbera são hoje (e foram à época) marcantes na iconografia de uma geração, a dos anos 1960 e 1970. As histórias dos Flintstones e Scooby-Doo, sempre iguais e sempre realizadas com a pior animação possível, viviam, acima de tudo, das vozes dos actores. Este é um lúdico documentário semi-animado sobre um desses actores, Paul Lynde. Conhecido pelo seu riso maléfico, Lynde era o vilão extravagante de todos os episódios. Um documentário sobre a representação queer de uma voz que estreou na última edição do festival de Londres.
O catalão Armand Rovira já tinha feito a curta Hoissuru (2007), com uma estética anos 1970, sobre um fenómeno sonoro improvável. Este novo filme, a sua primeira longa estreada no último festival de Sevilha, agarra uma estrutura episódica (onde as línguas são várias, assim como as técnicas, as durações, etc.) para pintar uma ode ao realizador Paul Morrissey. Quatro cartas filmadas remetidas do passado para o presente pela mão dos espectadores.
Depois de, há uns anos ter visto Batguano (2014), e de ter odiado (escrevi na altura umas linhas incrédulas que talvez agora me arrependa, quem sabe, não as reli), vi o ano passado, no festival de Roterdão, onde estreou, Sol Alegria (2018), o filme seguinte de Tavinho Teixeira. E o espanto foi máximo: todo o excesso me pareceu agora doce, toda a política me pareceu agora fundamental e todo o trash me divertiu desta vez. Fica-me o culto do prazer anal de uma colectividade de freiras e outras ousadias de que John Waters muito se orgulhará (quando vir).
Em 2013 a trupe do À pala de Walsh juntou-se para ver, na edição de Abril do Filme Falado, uma das suas longas-metragens de Harmony Korine que nenhum de nós havia ainda visto: Mister Lonely (2007). É um evento que guardo com saudade, de uma amizade que se formava, de uma casa que já desandou, de um tempo que caminhava lento. O filme, esse, é uma reflexão sobre a diferença e a necessidade de viver através do outro. O cenário: uma comunidade de duplos na Escócia (de Michael Jackson, Madonna, Chaplin, passando pelo Papa ou Abraham Lincoln). No fundo, uma série de cinéfilos que preferem outros formas de expressar o seu amor pelas imagens alternativas à escrita.
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O À pala de Walsh junta-se ao festival para oferecer 3 bilhetes duplo para cada uma das duas seguintes sessões:
- Las hijas del fuego(2018) de Albertina Carri – 27 Set. às 19h30, no Cinema São Jorge, Sala Manoel de Oliveira.
- Doozy (2018) de Richard Squires – 22 Set. às 17h00, no Cinema São Jorge, Sala 3.
Para se habilitar a ganhar estes bilhetes, basta enviar uma mensagem para o nosso endereço electrónico, apaladewalsh@gmail.com, indicando, em título, a sessão que quer assistir e, no conteúdo da mensagem, identificando-se com primeiro e último nomes.
Cada um dos bilhetes duplos será sorteados entre as respectivas participações recebidas até às 23h59 do dia anterior à respectiva sessão, através da plataforma Random.org.
Todas as informações sobre estas e as restantes sessões do QueerLisboa 2019 podem ser consultadas no seu site oficial, aqui.
Boa sorte!
[PASSATEMPO ENCERRADO, todos os vencedores foram informados]