A época é alta em matéria de “estreias quentes”, mas há um sabor estranho na boca relativamente à mais esperada de todas: Ad Astra (2019) não arranca nenhuma nota acima das três palas e consegue mesmo levar com uma estrela de um dos nossos walshianos. A recepção ao novo filme de Moretti é também mais fria do que porventura esperaríamos.
Por outro lado, o filme vencedor da última Palma de Ouro, Gisaengchung (Parasitas, 2018) do sul-coreano Bong Joon-Ho, atinge o consenso entre os avaliadores, obtendo mesmo a glória das cinco palas. Destaca-se ainda a boa recepção a A Herdade (2019), obra realizada por Tiago Guedes e produzida por Paulo Branco que tem deixado a sua marca em quem a viu. O cinema português estará em estado de graça? Campo (2019) de Tiago Hespanha também desperta curiosidade e interesse neste Palatorium. Destaca-se ainda Midsommar (Midsommar – O Ritual, 2019) de Ari Aster, filme de terror cheio de luz que reúne uma boa quantidade de palas.
Nota final, ainda tímida mas talvez sintomática: o hiper-publicitado Joker (2019), vencedor do Leão de Ouro em Veneza, divide opiniões. Estaremos na presença de um embuste do marketing cinematográfico? Ou, pelo contrário, será esta a obra-prima mais imprevisível do ano cinematográfico? Sobre grandes divisões, importa ainda sublinhar a recepção dos nossos críticos ao “filme dos últimos dias”, o discurso fulminante (irritante ou inspirador, consoante as opiniões) da activista Greta Thunberg contra as “palavras vazias” dos políticos relativamente à iminente destruição do nosso ecossistema. Não ouviu? Pior: não tem opinião sobre? Então ouça e veja.