Na última edição do Close Up – Observatório de Cinema, em Outubro passado, na Casa das Artes de Famalicão, teve lugar uma mesa redonda acerca das mutações da cinefilia e das práticas do espectador. Longe estávamos ainda de perceber como a epidemia de Covid-19, viria a exponenciar algumas das questões que ali se apontaram. Falou-se de muita coisa, com por exemplo, a “domesticização” do cinema, a modificação de práticas curatoriais, o papel crescente da Netflix, a importância do restauro e digitalização das Cinematecas, a importância das séries de TV, a batalha das durações e dos esquemas de atenção, a cinefilia digital nas redes sociais e sites de torrent, e mesmo a possibilidade de a cinefilia clássica ser, como defende Girish Shambu num artigo de 2019, uma “multiplicação de homens no poder”.
A mesa, co-organizada por Carlos Natálio e pelo anfitrião do Close Up e walshiano Vítor Ribeiro, contou com ilustríssimos convidados. Cá da casa: Ricardo Vieira Lisboa, também Programador da Casa do Cinema Manoel de Oliveira na Fundação de Serralves; e Tiago Baptista, Director do ANIM – Arquivo Nacional de Imagens em Movimento da Cinemateca Portuguesa. A mesa contou também com a presença de José Marmeleira, jornalista especializado na transição entre o cinema e a arte contemporânea; e Paulo Soares, cinéfilo e divulgador de notícias em plataformas digitais.