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À pala de Walsh
10 anos, 10 filmes, Dossier 0

10 anos, 10 filmes #8: José Oliveira

De À pala de Walsh · Em 20 de Dezembro, 2022

A 15 de Julho de 2012, o À pala de Walsh iniciava a actividade com um primeiro texto, escrito a oito mãos, pelos quatro fundadores do site. Entretanto passou uma década. Ao longo desses anos muitos foram os que escreveram connosco e publicámos mais de 2700 artigos, críticas, ensaios, textos coletivos, entrevistas, vídeos, conversas, ensaios visuais, crónicas e outras brincadeiras cinéfilas.

Depois de em Julho de 2022 termos apresentado o ciclo “10 anos à Pala” na Cinemateca Portuguesa, com 5 sessões seguidas de uma conversa sobre os filmes, apresentamos agora perto do final do ano uma outra iniciativa: o dossier “10 anos, 10 filmes”. Este dossier parte de um convite a um conjunto de realizadores portugueses cuja obra prezamos para nos ajudar a reflectir sobre o que foi esse cinema que por nós passou nos últimos 10 anos, através da escolha de um filme – que os tivesse surpreendido de alguma forma – e estreado durante esse período, acompanhado de uma pequena reflexão sobre essa escolha.

Hoje apresentamos a escolha de José Oliveira, realizador de Longe (2016), Os Conselhos da Noite (2020), Guerra (2020, co-realizado com Marta Ramos) e Paz (2021, co-realizado com Marta Ramos), entre outros.

Mnemosyne (2022) de Mário Fernandes

Tivesse estreado no festival de Cannes, no Lucky Star – Cineclube de Braga, em Curitiba no Coletivo Atalante, ou numa sala clandestina no Fundão, onde primeiramente eu o vi, Mnemosyne de Mário Fernandes continuaria a ser aquilo que efectivamente é, o filme mais importante do cinema português actual. Porque a mão do destino dos deuses e dos monstros do cinema já deu a volta e os filmes que estreiam nos grandíssimos e prestigiantes festivais são na sua maioria blockbusters de autor, marca registada que pretende o alcance de alguns lucros: o egotismo, o autorismo, o arrivismo, o espezinhamento da concorrência “pobre”. Interessa-me as demandas artesanais e amadoras de Rob Tregenzage ou de Mário Fernandes, ou os filmes honestos da grande indústria, e o Werner Herzog que já há muito dispensa festivais-mamutes preferindo pesquisar novos cosmos como se possuísse o telescópio Webb – p. ex.: Creed (Creed: O Legado de Rocky, 2015) de Ryan Coogler é tão belo porque profundo nas suas galáxias terrenas como Cave of Forgotten Dreams (A Gruta dos Sonhos Perdidos, 2010) nas profundezas primordiais.

Lost West (estreado em 2010) foi um estertor lírico e uma carta de amor ao cinema clássico e seus ecos, de Ford a Leone, e um documento importantíssimo da ampla região da Cova da Beira e do holocausto capitalista e ecológico subterrâneo que até hoje, por exemplo na questão da extração do lítio na serra da Argemela, continua podremente a corroer sem vacina. Tudo, bom e mau, natural e tóxico, a desfilar inapelavelmente em espelhos imperdoáveis, vingativos, sem comentários demagogos ou panfletos. Das Beiras à luz mítica, cristalina e coada pelos mitos Helénicos, antiga como perdida nas crises dos espartilhos afectivos, o passo foi mais do que lógico – The Last Day of Leonard Cohen in Hydra (2018) é uma busca detectivesca pela luz de Homero (Mnemosyne perscruta, segundo o seu autor, o romano Propércio) e pelo analógico – no amor ou cinema – que as leis festivaleiras e os bons costumes culturais já não permitem nem ao humano nem ao artista. Mnemosyne não tem “tema”, nem agenda, nem “actualidade” pertinente; sem tempo ou assunto precisos, tem por dentro todos os tempos e matérias.

Um etnólogo da sua própria realidade, como escreveu Daney sobre Eustache; da sua vida. Um artífice da mesma sensibilidade e poética do grande cinema mudo, em síntese omnívora e selvagem que tudo conjuga, livre – e somente anárquico para os que não conseguem ver além do sucesso e dos chavões – à maneira do Robert Kramer de Milestones (1975), de Ozualdo Candeias, de Joaquim Pinto / Nuno Leonel, de Jean-Daniel Pollet. Uma equipa técnica de uma pessoa e os amigos de fronte da câmara. Em cada uma destas três obras a linguagem (a carpintaria) é levada ao limite autodestrutivo e o afloramento sentimental vai no mesmo arrasto (em Lost West o gesto total, em The Last Day… a mudez, em Mnemosyne o vento inaudito?). Seguidamente, se tiver de acontecer outro parto fílmico, é começar tudo de novo… Mnemosyne consegue ser o mais pedregoso, fulguroso, rarefeito, concentrado, onde tudo o que há para ser dito está nas imagens e nos sons, convivendo a contradição e a harmonia, o futuro com os destroços, forma e fundo unos, numa respiração e num ritmo inexoráveis, sem vestígio de fazer “artístico”. Cada plano, cada posição e altura de câmara, cada ruído, o infinitesimal no quadro, o incomensurável horizonte, é questão de apropriação ao momento e não doença do estilo. A passagem e os olhos de um corpo humano pelo corpo terrestre, os fogos interiores e as manifestações exteriores, comportam sempre um rasto de plenitude devassa. Muito antes de estarmos aqui já existia este grito do silêncio.

José Oliveira

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