Francisco de Castro começou a sua carreira cinematográfica como figurante em vários filmes portugueses da década de 1940: O Pai Tirano (1941, António Lopes Ribeiro), O Pátio das Cantigas (1941, Francisco Ribeiro), Amor de Perdição (1943, António Lopes Ribeiro), A Menina da Rádio (1944, Arthur Duarte) e Ladrão, Precisa-se!… (1946, Jorge Brum do Canto). Trabalhou depois como assistente artístico na FNAT (actual INATEL), onde rodou alguns documentários. Foi empresário teatral, produzindo algumas revistas entre 1958-59. Ainda nos anos 50, trabalharia na Belarte, empresa pioneira na publicidade em salas de cinema.
Excepcionalmente, Francisco de Castro também passaria pela realização, assinado alguns documentários entre 1958-73: Bodas de Prata do Estatuto do Trabalho Nacional (1958), Visita Ministerial a Um Centro Fabril (1958), Saúde e Desporto Para os Trabalhadores I (1959), Primeiros Jogos Desportivos Luso-Brasileiros (1960), Jogos Luso-Brasileiros (1960), O Homem e a Máquina (1961, prod. Junta de Acção Social), Um dia com os Trabalhadores (1962), e Comunicação ao País do Presidente do Conselho de Ministros Professor Marcello Caetano (1973), entre outros.
Nos anos 60 fundaria a Produções Francisco de Castro, com particular actividade na produção de documentários turísticos e industriais. Entre 1968-75, Castro produziu o jornal de actualidades quinzenal Actualidades Portuguesas, terminando no ano em que o produtor se exilou no Brasil. Regressaria em 1978 para integrar a Coopercine, uma cooperativa de cinema que foi criada pelos seus antigos funcionários das Produções Francisco de Castro.

Na longa-metragem, Castro seguiria um padrão comercial e apostaria sobretudo em parcerias de co-produções. As Pupilas do Senhor Reitor (1960, Perdigão Queiroga, co-prod. com Perdigão Queiroga), Nojo aos Cães (1970, António de Macedo, co-prod. com António de Macedo) e A Promessa (1972, António de Macedo, co-prod. com António de Macedo e Tobis) são três exemplos de co-produções feitas com parceiros portugueses.

Mas seria mais frequentes as parcerias com empresas produtoras de Espanha — Canção da Saudade/Los Gatos Negros (1964, Henrique Campos/ José Luis Monter, co-prod. Cooperativa Cinematográfica Alcazaba), Os 5 avisos de Satanás (1969, José Luís Merino, co-prod. Hispamer Films e Ibérica Filmes), Crime de Amor (1972, Rafael Moreno Alba, co-prod. com Talia Films e Americo Coimbra) — e do Brasil, nomeadamente o filme brasileiro de Anselmo Duarte O Pagador de Promessas, que venceria o grande prémio em Cannes em 1962, co-produzido com a Cinedistri.
O caso d’A Canção da Saudade é particular: o filme teve duas versões finais, uma para o mercado português falada em português e realizada por Henrique Campos e outra falada em castelhano destinada ao mercado espanhol. com realização de José Luís Monter. Tanto Campos como Monter pertenciam a uma segunda linha de realizadores nos seus países.
Neste filme, Castro também tentou a estratégia de contratar figuras populares para protagonizar o filme: o músico yé-yé Vítor Gomes e a actriz de revista Florbela Queirós, mas também os cançonetistas Tony de Matos, Simone de Oliveira e Madalena Iglésias, entre outros. O filme inclui ainda excertos de vários filmes portugueses dos anos 30 e 40 — A Canção de Lisboa (1933, Cottinelli Telmo), Bocage (1936, Leitão de Barros), A Aldeia da Roupa Branca (1938, Chianca de Garcia) e O Pátio das Cantigas (1942, Francisco Ribeiro) — como tentativa de recuperar uma certa tradição musical do cinema português dessas décadas. Perante um argumento tão frágil, a presença de várias figuras do “nacional cançonetismo”, muito populares na rádio, revista e televisão da época, junta-se a figuras de outras tendências musicais, como o yé-yé , o twist ou o rock.
A nota dominante destes filmes e da generalidade das suas produções era o tom conformista que apostava sobretudo em fazer entretenimento com um sentido moralizante. Apesar de alusões à rebeldia juvenil ou à liberdade sexual, a mensagem última do filme era sempre normalizadora e conciliadora. A mesma mensagem surge em Pão, Amor e Totobola (1964, Henrique Campos), um filme onde um conflito entre pai e filha, a propósito de comportamentos considerados desviantes para a época (namorar em lugares menos próprios, frequentar discotecas e dançar rock’ and roll) é sanado pelo recém-lançado jogo do totobola.
Produtor marcante nos anos 60 e 70, produzindo dezenas de filmes industriais e publicitários, Castro ficaria também associado a alguns nomes da nova geração, nomeadamente António de Macedo, José Fonseca e Costa, Faria de Almeida e Fernando Matos Silva, mas também ao director de fotografia António Escudeiro e ao montador João Carlos Gorjão.
Com Macedo a relação foi próxima: produzir-lhe-ia várias curtas e duas das suas longas-metragens em condições particulares. A intervenção de Castro em Nojo aos Cães e A Promessa teria passado pelo empréstimo de material e pela influência do cineastas junto do meio cinematográfico, de forma a conseguir melhores condições negociais, e das autoridades públicas, para contornar eventuais problemas com a censura, como aconteceria de facto com o filme Nojo aos Cães.
Francisco de Castro é um dos maiores representantes de um tipo de cinema tematicamente conformista e tecnicamente convencional. O relativo sucesso comercial que alguns dos seus filmes conquistaram deveu-se sobretudo à popularidade dos seus protagonistas, recrutados criteriosamente de entre os mais populares e mediáticos nomes da rádio, da revista e da televisão. 
