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À pala de Walsh
Crónicas, Filmado Tangente 0

A narrativa da mortificação

De Ricardo Vieira Lisboa · Em 1 de Novembro, 2013

Tem-se falado muito do Senhor Narrativa e das coloridas palavras que lhe saíram da boca. Aliás, essas palavras têm sido como pão para a boca dos comentadores semanais – uma espécie de respiração assistida (boca-a-boca) de comentarismo político, ou melhor, como se Sócrates fosse a mãe-pássaro que, para alimentar as crias, regurgita a refeição directamente para a boquinha dos petizes. Digo isto apenas para poder repescar a narrativa da boca do mestre torturador, sem o estigma de usar uma palavra coçada, e explaná-la sobre a mesa. A narrativa que nos vem sendo oferecida desde o início da crise – e mais sistematicamente a partir do momento em que este governo entrou em acção – é a de que há qualquer coisa de apuramento na recessão, esta ideia de que com a destruição de empresas e postos de trabalho se abre espaço para uma nova e florescente manta de ideias e empresários que, qual fénix, nascerão das cinzas puros e preparados para o que der e vier. Este mantra liberal, que encara a economia como coisa de fé e a finança como instrumento de dor purificadora, tem sido a luz iluminadora dos cortes, impostos, taxas e demais meios de mortificação.

Talvez o que incomode mais seja o facto de que – e custa-me tanto dizer isto… – se calhar eles têm razão. Em teoria, das duas uma: ou se segue a opção da espiral recessiva, que era arma de arremesso em qualquer debate político há uns meses – e que, como frisou a ministra das Finanças recentemente, desapareceu do léxico debateiro da Assembleia e demais espaços de confronto de ideias -, ou se segue (por oposição) a opção de o massacre ser tal que, como nos incêndios, permite que as plantinhas mais frágeis possam crescer sem a sombra dos enormes eucaliptos.

Tudo isto são intróitos que servem para introduzir um caso estranho no mercado da distribuição de cinema em Portugal. Quando os espectadores abandonam as salas à taxa de um milhão por ano e quando as grandes distribuidoras têm dificuldades em manter a sua posição (perdendo quota de mercado – o caso da Pris ou da CTW – ou mantendo-a à custa de uma avalanche de estreias – Zon), é de facto inesperado que no ano transacto tenham surgido no meio português vários novos intervenientes. A saber: Vendetta, que distribuiu Frances Ha de Noah Baumbach; Lanterna de Pedra, que distribuiu Enter The Void (Enter the Void – Viagem Alucinante, 2009) de Gaspar Noé e The Innkeepers (Hóspedes Indesejados, 2011) de Ti West; Outsider Films, que distribuiu o filme Animal Kingdom (Reino Animal, 2010) de David Michôd; Nitrato, que está previsto distribuir o filme O Som ao Redor (2012) de Kleber Mendonça Filho; e Projectos Paralelos, que distribui para a semana a sessão Bela Vista x 3 com Cama de Gato (2012) e Bela Vista (2012) de Filipa Reis e João Miller Guerra, a par de Um Fim do Mundo (2013) de Pedro Pinho – e não refiro as produtoras que também distribuem, como acontece com a Be Active, a Som e a Fúria ou a Ukbar.

Ou seja, em total contracorrente àquilo que seria expectável pelos apoiantes da espiral recessiva (onde me incluía – note-se a conjugação no imperfeito, imperfeito duas vezes), o mercado estilhaça-se em quase uma dezena de pequenas e médias distribuidoras (a acrescentar às novatas temos a Midas, Alambique, Leopardo, Big Picture e a Pris e CTW em contenção de despesas), com um elemento desproporcional a reger o mercado – a Zon, à qual pertencem cerca de 50% das estreias. Esta desmultiplicação dos pequenos concorrentes dá origem a um panorama cada vez mais esquizofrénico para o espectador nacional que, ao longo deste último mês, teve 43 novas longas e 6 curtas nas salas à sua disposição. Se somos por um mercado plural, onde desejamos que todos os públicos encontrem os seus filmes (e portanto a variedade e a concorrência dão espaço à estreia de filmes que doutro modo ficariam esquecidos ou sairiam directamente para o mercado de home cinema – DVD ou VOD – caso dos filmes referidos no parágrafo anterior), aquilo de que estamos cientes é de que tal estado de coisas impossibilita que os filmes cheguem aos seus devidos espectadores.

Num típico pesadelo neoliberal, a concorrência não beneficia os consumidores, pelo contrário, prejudica o seu acesso ao produto e consequente consumo – sim, porque o período de exibição reduz-se cada vez mais para se poder alocar às salas disponíveis o crescente número de estreias. Tal situação é evidentemente insustentável (ainda que certamente seja lucrativa a curto prazo, caso contrário não surgiam tantas novas distribuidoras) e está a levar para o esquecimento uma série de filmes que surgem no mercado para logo dele desaparecerem, sem que nesse intervalo surjam os espectadores devidos. Mesmo desconsiderando as questões económicas, há um dever moral da parte do distribuidor em fazer o melhor possível para que os filmes que coloca nas salas alcancem um mínimo de espectadores e isso está a acontecer menos vezes do que seria desejável.

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Ricardo Vieira Lisboa

O cinema é um milagre e como diz João César Monteiro às longas pernas de Alexandra Lencastre em Conserva Acabada (1999), "Levanta-te e caminha!"

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Sem Comentários

  • Vítor Barreira diz: 2 de Novembro, 2013 em 15:58

    Leio com alguma assiduidade, e atenção, os comentários que os colaboradores do blog «À Pala de Walsh» escrevem sobre filmes, sobre festivais de cinema ou sobre outros eventos, directa ou indirectamente, relacionados com o cinema; sem querer fazer distinções de valor e de qualidade entre os colaboradores do mencionado blog, considero, por exemplo, que o comentário que Ricardo Vieira Lisboa (RVL) dedicou, no dia 09Out2013, ao filme Don Jon (2013), de Joseph Gordon-Levitt, revela já um grande apuramente formal e uma grande capacidade de ver e de entender, e de dar a ver e entender um filme, ainda que neste caso seja um filme sem importância na ordem geral das coisas do cinema. Dito isto, pretendo agora referir-me ao texto supra, que RVL dedicou ao mercado da distribuição de cinema em Portugal. Infelizmente, tenho de dizer que o texto de RVL está errado, quer do ponto de vista da lógica (a), quer do ponto de vista dos factos (b); mais, RVL menospreza, incompreensivelmente, o denominado «Home-Cinema» (c), que é, do meu ponto de vista, «o lugar» adequado para ver e entender o cinema. Passo, muito resumidamente, a fazer a demonstração: (a) RVL estabelece no seu texto uma conexão lógica muito simples mas errada, e que é a seguinte: mais distribuidoras de filmes, mais oferta de filmes, menos tempo de exibição dos filmes nas salas de cinema, sendo que RVL não define qual deve ser o tempo adequado de permanência dos filmes nas salas de cinema; temos aqui um caso típico de «Non Sequitur», ou seja, uma falácia que se traduz na falta de conexão entre as premissas e a conclusão; (b) depois, e mais importante, as asserções que RVL exprime no seu texto colidem com os factos; apenas dois exemplos para ilustrar: os filmes de Yasujiro Ozu, Viagem a Tóquio e O Gosto do Saké, distribuídos pela Leopardo Filmes, estrearam no dia 05 de setembro, e o filme A Gaiola Dourada, distribuído pela ZON, estreado no dia 01 de Agosto, continuam em exibição nas salas de cinema, e porquê? Porque enquanto continuarem a ter espectadores e a gerar receitas de bilheteira não são retirados das salas de cinema; portanto, o que gera a diminuição do tempo de exibição dos filmes nas salas de cinema não é o «encharcamento» do mercado de filmes por um número cada vez maior de distribuidoras de filmes, como pretende RVL, mas, pelo contrário, é a diminuição do número de espectadores por filme que gera o aumento do número de filmes em exibição no mercado, que são distribuídos por um número cada vez maior de empresas distribuidoras, muito embora o aumento do número de empresas distribuidoras não seja um efeito necessário do «mecanismo» que acabo de descrever, sendo explicável por outros factores que aqui não pretendo considerar. Dito de outra forma, na actual conjuntura de crise ou de recessão ou de depressão económica, o «mecanismo» que está em acção no mercado cinematográfico português é o seguinte: um menor número de espectadores e menos receita, ou nenhuma receita, por filme tem por efeito necessário gerar uma maior oferta de filmes, pois desse modo, e só desse modo, é compensado o investimento global, e se tornam economicamente viáveis as empresas de distribuição de filmes. (c) este ponto da discussão, o do «Home-Cinema», e sobretudo a função insubstituível do DVD para a apreciação e a compreensão dos filmes, dada a sua complexidade e o espaço que necessitaria para o expor, terá que ficar adiado para uma outra oportunidade. Os meus melhores cumprimentos à equipa de colaboradores do blog À Pala de Walsh, e em especial ao visado no meu comentário, Ricardo Vieira Lisboa.

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  • Miguel Domingues diz: 9 de Novembro, 2013 em 13:39

    E o mantra liberal que e’, paradoxalmente, tao parecido com o mantra dos comunistas enquanto o muro caia?

    Inicie a sessão para responder
  • Sem rosto e sem nome | À pala de Walsh diz: 22 de Dezembro, 2013 em 15:02

    […] sendo feito à distribuição, permitindo a proliferação de vários concorrentes independentes (como abordei aqui). No entanto, no que respeita à exibição, essa diversidade ainda não foi conseguida – por […]

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